quarta-feira, 31 de dezembro de 2014



MEU QUERIDO BLOG:

Amo este blog de coração e fará sempre parte da minha vida, como um pedaço de carne que está pegada à pele e da qual não nos desfazemos, porque é nossa e porque não faz sentido deixarmos de ter um pedaço físico de nós...
Mesmo quando não me apetece escrever ( o que é raro...), ele faz parte, está aqui, vigoroso e espaçoso, dando-me largueza para eu poder estender-me por ele todo... e por isso hoje, nas últimas horinhas de 2014, um ano que foi cheio de tudo e tão bom, tenho que servir-me de novo do seu fiel espaço, transformá-lo assim em tela para escrever e/ou grito para o universo e REGISTAR nele que tudo o que preciso é só e srmpre tudo isto que ponho aqui.... OS MEUS, COMIGO E EU COM ELES!!! 
Só com isso serei feliz... Achei que hoje, mais uma vez, o meu blog não se importaria de ser o meu fiel testemunho disso e eu agradeço-lhe, que sou miúda educada!!!!
UM BOM ANO PARA TODOS!!!!



sexta-feira, 26 de dezembro de 2014







PEDAÇOS






Tive e tenho tudo isto por estes dias. Sei que sou a pessoa mais feliz do mundo, mas falta-me sempre um pedaço, ou melhor... dois!
Num impulso egoísta, queria-os aos dois aqui ao pé de mim, de nós, para tornar este pack ainda mais feliz e completo.
Assim, juntinho a mim, os dois, como sempre, na vida lá DE TRÁS, aquela que me construiu e edificou como pessoa, mulher, irmã e mãe.
E é inevitável, por estes dias, sentir-me assim... feliz, mas tão, tão cheia de saudades... 
SÓ POR ISSO, SEI QUE PERMANECEM EM MIM!!


segunda-feira, 22 de dezembro de 2014





CINDERELA...


Tudo o que me apetecia era um duche quente, umas meias de lã, uma caneca de chá de menta e um compacto de episódios das minhas séries da Fox. A lareira acesa também podia ser, hum, tão bom... Sentia o cérebro vazio, ôco e o corpo moído de cansaço. Gelei quando me lembrei do compromisso à noite! 
-Céus, a sério? Não acredito... Ainda tive a tentação de lhe dizer que fosse sozinho, mas não fui capaz. Arrastei-me para o duche e acho que transpus para aqueles momentos em que me arranjava, toda a minha rabugice de menina pequena que tem que fazer uma coisa contrariada. 
Mas lá me arranjei, não podia faltar, pois então! Há coisas e coisas...
Fico sempre insegura nestas coisas. A coqueterie nunca será o meu elemento. Dêem-me uns ténis, um estilo casual, acessórios giros, mas práticos e essa sim, essa serei euzinha... Uma Cinderela cá ao meu jeito, agora o resto, pode ser quase um suplício, a sério, mesmo com esta idade... 
Despachei-me rápido e fiquei pronta. A noite passou depressa e foi agradável, sinto-me sempre bem ao seu lado, dá-me alegria e segurança, mas o cansaço persistia e alguma (ligeira) falta de paciência para tanto eventos (forçadamente) natalícios, faziam-me querer ir para casa. De vez em quando lembrava-me da frase do meu filho, -estás bonita, mamã e pensava que, de facto, seremos sempre bonitos aos olhos dos que nos amam e isso é tão bom!
Só isso valeu a noite, a sério...
E de lá, mandei-lhe isto... 
(Opá, tinha que ser...)








terça-feira, 16 de dezembro de 2014




ESTA COISA ...



A intimidade nasce, em primeiro lugar, daquilo que estamos dispostos a partilhar com os outros e depois da escolha desses outros.
Helena Sacadura Cabral, http://hsacaduracabral.blogspot.pt/search?q=fio+de+prumo 


Sempre disse que gostava dela. Acho-a uma mulher prática, segura, guerreira e muito interessante, sobretudo porque é intelectualmente elevada e densa. Quem me segue por aqui, já vai sabendo estes meus gostos e opiniões e hoje, não fugindo à regra, adorei o post sobre a intimidade.

Depois de o ler, fiquei com ele no pensamento...
Também acredito que a INTIMIDADE nasça de uma escolha que se faz. Acredito que se vá construindo pela vida fora. Acredito que é do mais fundo de nós. Acredito que tem um sabor que se vai descobrindo e adorando. Acredito que liga alguém a outro alguém no meio da vida apressada, louca e fugidia de todos os dias. Acredito que rompa, às vezes, em momentos únicos que se tornam sagrados. Acredito que deve ser cuidada como um tesouro. Acredito que tem muitas formas e que passa por muitos gestos, momentos, olhares, ternuras e palavras. Acredito que percorre todo o corpo e também toda a alma. Acredito que ajude a reconhecer, no meio da multidão disforme, aqueles olhos que são meus. Acredito que me faça ver, também no meio dessa multidão, aqueles olhos que têm os meus. Acredito que não cresce se não lhe ligarmos nenhuma. Acredito que às vezes se mostre com dor, lágrima, sofrimento, mas sempre com verdade. Acredito que outras vezes, se mostre com alegria, riso, ternura e silêncio. Acredito que despe corpos e pessoas por dentro.  Acredito que é um dom que quero manter.

E pronto, embora esta coisa não seja exclusiva dos casais que se amam e que, por isso, se conhecem assim, do avesso mais profundo, ao pensar nesta coisa da intimidade, foi em ti que pensei e agora? É que, se calhar, escolhi-te e parece que gosto de ti!



P.S Às vezes ou um bocadinho lamechas... também já se sabe!




sábado, 13 de dezembro de 2014








AMOR MAIOR...







E hoje foi só isto e é só isto que sinto... ESTE AMOR SERÁ SEMPRE MAIOR QUE EU... 
Parabéns filhota!!! 










quarta-feira, 10 de dezembro de 2014





GOSTO DE TI, PAULA...

T. 7 anos


Encontrei-a de fugida numa das lojas do Fórum. Falámos por breves minutos, mas adorei todos os pedacinhos de tempo em que ali estive, porque sempre que estou com ela sinto-me identificada e sinto que o que digo é compreendido, como se houvesse um código secreto de intenções e inferências percebidas por ambas. Nem tenho que me esforçar muito por explicar as razões profissionais disto e daquilo, foi sobre assuntos profissionais que prevaleceu a conversa, há sintonia e pronto e isso é tão bom e (já) tão raro nos dias de hoje.
Admiro-a muito profissionalmente e gosto do seu estilo pessoal também, sei que o que sente sobre a sua profissão é visceral, como aquilo que eu sinto... afinal, as vísceras, estão no mais fundo de nós, misturadas com a derme e epiderme e tecidos e músculos e tudo e às vezes inflamam-nos assim os sentidos...
Não tenho dias de desânimo, acho que não vou tendo tempo para isso, mas sinto sempre buscas eternas de sentido, como se tudo tivesse que ser fundamentado e gritado no fundo de mim. Há dias em que isso salta para fora de mim, aparece por todos os lados, dando-me norte, sul, este e oeste. Há outros dias em que a procura de sentido é maior e a sensação de estar perdida perdura mais tempo. É verdade, acho que pessoas assim como eu sofrerão mais, talvez... quem me manda ser assim tão necessitada de sentido? Podia ser mais fútil, não ligar tanto às coisas... Mas sou assim e pronto, não haverá nada a fazer... ADN's e afins, explicarão isto...

E hoje esse sentido apareceu, no meio de alguma turbulência, agitação e teimosia. Foi fugaz, mas não me escapou e tratei de lhe dar logo todo o sentido do mundo. Uma mãozinha sorrateira passou-me rápida pelo braço e, no meio de uma voz embargada e fugidia, que talvez não se quisesse fazer ouvir, saiu um GOSTO DE TI, PAULA, que me encheu a alma.
Não há outro sentido a procurar, digo-vos eu. Só este é mais que bom e obrigada, amiga, por me fazeres lembrar isso sempre que falamos disto!!





P.S. O título do post, também serve para ti...




domingo, 7 de dezembro de 2014




SUNNY SUNDAY...


Preguicei de manhã. Não há nada a fazer, gosto de ficar na ronha e pronto. Ontem, o filme tardio num dos canais por cabo, levou-me tarde para a cama. Era giríssimo. O sol algarvio, invernoso (quase), mas algarvio, porque maravilhoso e cheio de brilho, acordou hoje connosco e, bem não me comoveu! Lá foram o pai e o filho para uma saída longa de bicicleta. -Marcamos encontro mais o fim da manhã, ok, CÉUS, ISTO É DE MADRUGADA AINDA... HOJE NÃO É DOMINGO??? 
Esta ronha que, coitada, já só vai existindo ao domingo, assumiu-se hoje como SENHORA DONA, como se à custa de anos seguidos de filhos seguidos e rotinas madrugadoras impostas pela vida, estivesse agora a gozar de alguns louros que acha que tem direito. E eu acedo-lhe, que sou mocinha generosa!
Lá fui depois. O brilho do sol ainda durava, para amaciar a alma. Esta doce letargia de domingo invadia-nos e era tão bom. Depois, a rotina de todos os dias, que sim, já sei que não desgruda: almoço, cozinha, blá, blá, blá, num NECESSÁRIO irritante e impiedoso. Depois, bem, depois outra vez tempo para mim, ainda que um bocadinho só. E vão sendo assim os dias, com esta miscelânea de tempos e de espaços em que cabemos todos, à vez, ou ao mesmo tempo.
Agora estou cá fora, ao sol. Só se porá daqui a uma hora, mais ou menos. Oiço lá dentro o sermão do Padre António Vieira, explicado a uma assembleia imaginária e aqui mesmo ao lado, as leis de Newton. -Bolas,  estas miúdas são mesmo como eu, que gostava de estudar assim, falando para o vazio, a diferença é que era só eu, a sinfonia era mais soft, então... Daqui a pouco chegam os meus dois homens, sei que vai haver um chá de final de tarde, um café, um crepe, ou qualquer outra coisa que nos aconchegue também a alma... para já, tenho batatas doces no forno e já o cheiro está por todo o lado...
E pronto, assim se vão enchendo almas com tão pouco. Não é difícil, a sério...




P.S. E amanhã é feriado... haverá melhor?

segunda-feira, 1 de dezembro de 2014




AI, SE CUSTA!!


O meu NÃO foi veemente. -Não, não e mil vezes NÃO. Não te estou a ajudar se fizer isso, se não consegues, assume que não consegues, ou então reequilibra as tuas tarefas, as tuas prioridades, provavelmente há algum desequilíbrio na forma como te estás a organizar.

Custa tanto dizer NÃO! Mas depois, há assim uma intuição interior, que é quase um dado clínico, de laboratório, que nos impulsiona para a frente, nesse caminho dessa certeza...

Ia fazer-lhe aquilo em dez minutos, eu sei, mas não abdico do princípio. Acho mesmo que tem que haver tempo para tudo e que o segredo (ou grande parte dele) do sucesso será sempre a gestão do tempo, sobretudo, se for uma gestão equilibrada e se nos der bem-estar verdadeiro. Essa gestão é imperiosa, especialmente quando estamos pressionados por todos os lados. Só gerindo isso nos equilibraremos e não perderemos o norte. Aplicar tudo isto no terreno do dia-a-dia, com as solicitações dos miúdos, misturadas com o trabalho e tantas, tantas outras coisas que tenho, não é fácil e custa muito. O meu instinto será sempre o de ir a correr valer-lhe, fazer por ela (neste exemplo), mostrar-lhe o produto final e vê-la feliz com a ilusão de que cumpriu a tarefa, até com algum mérito eventual, mas o problema é que isto seria uma ilusão e, sobretudo, uma impreparação para o futuro que lhe espreita já ali ao lado e que vai ser implacável em solicitações e pressões que vai ter que gerir sozinha.

E tornares-te uma mulher linda e completa, inteligente e com substrato, passa também por aqui, princesa, por estares preparada para a vida e, sobretudo, por ires aprendendo a geri-la com critério, segurança e escolhas que te dêem equilíbrio. Não é fácil, eu sei, mas acredita que é o único caminho... Cá por mim, estarei sempre aqui para te apoiar, mesmo que tenhas, em absoluto, que ser tu a andar sozinha.




P.S. Se fiquei com o coração apertado com a minha veemência do Não? Claro que sim, mas isso já são coisas minhas, de mãe coruja... É que não é só o CRESCER que custa, o FAZER CRESCER também!

quinta-feira, 27 de novembro de 2014





CADÊNCIA MORNA


E hoje gostava mesmo era que me embalassem com aquela cadência morna e arrastada, quase pastosa, que o canto alentejano tem. Imagino-me nesse ritmo ondulante e pachorrento e, a sério, era só o que me apetecia. Mais nada. Deixava arrastar o tempo ali ao meu lado, ficava-lhe imune, indiferente,  NÃO QUERIA MESMO SABER DELE, saboreava só aquele lento torpor e pronto, podia até fechar os olhos e isto duraria assim, alguns longos minutos. Uhum!!! Maravilha....
Depois, sim, pois teria que abrir os olhos e voltar à vida frenética e louca que tenho, assim, sem grandes contemplações.

Não gostava de canto alentejano. Acho que sempre fui uma miúda normal, pouco preocupada com paragens mornas, arrastadas e pachorrentas que a vida, às vezes tem que ter e que, nesta idade,  JÁ nos sabem tão bem!
Não sei se agora sou uma mulher normal, às vezes acho que a normalidade que se diz vigente está tão distante de mim que já nem sei, mas pronto, já aprecio estas coisas com outra lente, talvez e sim, aquela pastelice na voz e na cadência dos corpos, pode ser terapêutica sim senhora, anestesiante, analgésica...
De entre outras (muitas) coisas, acho que foi isto que os senhores lá da UNESCO viram e perceberam... Já passaram todos dos 40, aposto e ainda bem, afinal, a lente vai-se apurando!

Parabéns, Alentejo, por nos aqueceres a todos a alma assim...



quarta-feira, 26 de novembro de 2014




E HOJE FOI SÓ ISTO...






Apesar das nuvens negras do céu, há sempre um porto seguro... é o que vale!!

P.S-  Parabéns por hoje...Estás um quarentão giro!

quinta-feira, 20 de novembro de 2014





E O QUE DIZER DISTO?


Pediram-me que falasse sobre o Pré-Escolar, de como se poderiam adaptar a ele uma série de coisas, da sua especificidade, de como se conjugam, nesse ciclo, adultos e crianças num mesmo espaço, para um mesmo objetivo, do teor técnico, mas também lúdico de tantas coisas e de como é possível juntar tudo isso com sucesso... e lá comecei a falar... O pedido foi repentino, não tinha nada pensado. Lá parei o carro, não fosse o diabo tecê-las, já que estava sem alta-voz. Ao ritmo do som do pisca à direita, lá fui falando.
A ALMA ABRIU-SE-ME. Falei absolutamente de cor de um amor que domino. Falei com ênfase, percebi, e o silêncio do outro lado, reforçava-me o ânimo e dava-me a convicção de que o que dizia ecoava no lado de lá da linha. Sei que quando se fala de algum amor profundo, desarmamos quem nos ouve, causamos impacto, porque aquilo que dizemos se torna eloquente e vindo do fundo da alma, ficando GIGANTE.

Tive uma professora assim. Sempre que falava, tudo lhe vinha de dentro, parecia-me e, por isso, acho que destoava tanto (para melhor) de algumas outras. Foi sempre uma referência para mim, quer nos anos de formação académica, quer depois, ao longo da minha prática profissional e um dos motivos que encontro para isso é imperativamente este: falava do Pré-Escolar assim, com este amor enorme e absolutamente lúcido e cheio de coisas importantes de dizer e de fazer, tornando-o num ciclo de vida e de ensino absolutamente essencial e às vezes, tão mal tratado e reconhecido.
Hoje lembrei-me dela. Não porque me possa comparar-lhe, mas porque intuí que estava, por breves minutos, a causar no outro, uma sensação parecida com aquela que ela me causava, quando a ouvia falar.
E é assim, quando se fala de um amor antigo. E mesmo quando vamos descobrindo novos mundos e novos amores, o que dizer daquele AMOR que nos abre a alma assim?




sexta-feira, 14 de novembro de 2014




CRUSH ON HIM


(do inglês, que quer dizer "queda por ele"...)

Meio da tarde. Todos no carro, ao rubro, entre atividades. A do meio tomou a dianteira e dizia à irmã: -Sim, Bea, ela tem um crush por ele, dos fortes... Risos, dela e do mais novo, que ia a reboque da conversa!- Sabes o que é um crush, mãe? 
- Sim, Sofia, sei... mas diz-me, onde é que ela o conheceu? 
- No Twitter. E pronto, essa verdade assumiu-se como suprema de entre todas as outras. Não perdi a oportunidade. - No Twitter? Oh Sofia, como é que se fica com um crush por alguém pelo Twitter? E disparei:- Então e não se viram? E ela não lhe viu as mãos, não viu como fala, se a boca sorri enquanto fala, se os olhos brilham? Eu, cá por mim, tenho que ver, sentir o que os olhos me oferecem, perceber a expressão, o olhar, olhar para as mãos... como é que ela vê as mãos dele no Twitter, ou no Twitter dá para ver as mãos, não dá, pois não?... 
- Oh mãe... - e risos, muitos risos pelos meus gestos e ênfase oferecido às frases!  A condução seguia descontraída e olhou-me espantada. Sim, sei que entre graça e alguma sobranceria adolescente, às vezes me olha assim e eu também sei que não me anulo, e esta oportunidade era quase de ouro
- Qual oh mãe!... Eu tenho que ver a pessoa, Sofia, percebê-la, há sempre um brilhozinho nos olhos, um risinho ao canto da boca que a parede virtual não mostra, o que pensas? Há coisas que não passam de moda querida, é o que é, e isto não é virtual!  Qual Twitter...
 - Vês, a mamã sabe o que é um crush, Sofia... - dizia-lhe o irmão que ia pescando as graças da conversa de hoje.
E eu, altaneira das minhas certezas, lá seguia por esta cidade, ligeira e apressada com eles a reboque. Lembrei-me de alguém que me dizia no outro dia que as viagens de carro são ótimas para organizar a vida, ter conversas e decidir e algumas logísticas com os três filhos e, de facto, assim o é. Às vezes surgem assim conversas destas, a despropósito, que afinal acabam por ter o MAIOR dos propósitos. O riso da do meio, ecoava ainda por aqui, mostrando-me a maravilha que é ter-se 14 anos, mas sobretudo o que recordo é o ar assim-meio-nostálgico-e-sonhador-da-mais-velha, que, quando eu falava na importância de olhar para as mãos de alguém, dizia: - Ya Sofia, ya...

Acho que haverá sempre coisas que não passam de moda, é o que é...




quarta-feira, 12 de novembro de 2014




NOVO MUNDO


Entrar neste mundo é dar um salto profundo para vidas de sofrimento, limitações, problemas e verdadeiras odisseias de luta pessoal, escolar, familiar, social... É também conhecer mães e pais heróicos, às vezes só pelo facto de amarem estes filhos e quererem, para eles, o melhor. É conhecer gente rara de trabalho e dedicação, pronta a articular e partilhar saberes, a oferecer tanto para receber, às vezes tão pouco. É obrigar-se a ser grata pelo que se tem, pelos filhos que se tem, é ser solidária, mas realista, tentando equilibrar dois mundos, às vezes de costas voltadas... E eu, estou agora neste mundo. O meu salto está ainda a começar, mas vislumbro já a nitidez dos problemas e o ardor das dificuldades. Não haverá muitas receitas formais para este trabalho: intuição, dedicação, informação, partilha, preparação e afetos, muitos afetos, lúcidos, pedagógicos, conscientes e oportunos. Houve já quem me alertasse para esse vetor maior que são os afetos e eu, que já o intuíra, também o vou aprendendo agora.

E, para todos os alunos vou pensando assim. E, de todos vou retirando lições que me façam aprender. E, com todos, aplico tudo o que a vida profissional e também a outra me deram e a coisa vai fluindo e, acho, resultando e então ele, que corre para mim, espontâneo, que me lambuza com beijos repenicados e que sorri com os dois olhos quando me vê e tenta dizer o meu nome, faz-me perceber que sim, que mesmo que a vida dos conhecimentos não lhe dê mais nada, pelo menos a mim, por agora, ele já me deu TANTO! 




Haverá dias difíceis, eu sei, mas cá por hoje, estou de alma cheia!!

segunda-feira, 10 de novembro de 2014




ACHO QUE TENHO UM...


A correria do dia-a-dia é potencial causadora de silêncios e pressas, de coisas que não se dizem logo, que ficam para mais tarde, para outra melhor oportunidade. Pois, é verdade! A logística diária é imperiosa e os horários têm que se cumprir, os afazeres têm que ser validados, os prazos atendidos. Socorro-me da intuição para lhes ir percebendo os sinais, o que dizem, como dizem, o que fazem, o que comentam. Sei-lhes de cor tanta coisa, mesmo aquelas que acham que não sei e não sei tantas outras coisas e ainda bem, porque são donos e senhores de uma privacidade que, nas suas idades, não chega logo à mãe. Ok, tudo normal... Vou registando interiormente o assunto de um e de outro e dele e dela, ou dela... E depois, às vezes, é certa e necessária a conversa, mesmo que se atropele a logística e imponhamos um momento prioritário, às vezes no carro, às vezes em casa, às vezes a ocupar uma espera qualquer...
Pois... o tal radar super, ultra sónico de algumas mães... acho que tenho um... E na diversidade maravilhosa dos três filhos que tenho, surge então a conversa, a achega, o reparo, o comentário, num equilíbrio maravilhoso e difícil entre o que a mãe acha e o que a mãe sabe que se acha do outro lado.
Nunca será fácil, encaixar a forma de dizer, fazer, ou comentar, na diversidade tão marcada de cada um, mas será sempre imperioso que EU o faça, como mãe, sob pena de me anular e nisto, não tenho contemplações!

E lembro-me da D. Isaura, que não lia uma letra, mas que me dizia com ar decidido quando falava neles, enquanto varria, ou engomava: - Oh menina, já olhou para a sua mão? Tem algum dedo igual ao outro? E não são todos seus? 
Pois é, são todos meus, é verdade, mas antes disso, serão sempre de si próprios, mesmo que aí vá um pedacinho reminiscente do que lhes demos... E é por isso, que lhes digo sempre o que penso...

E este hoje filhota, é para ti!



sexta-feira, 7 de novembro de 2014



ECOS


Às vezes paro na imensidão do trânsito e respiro fundo; às vezes obrigo-me a sentar-me, com uma revista, jornal, ou livro, num sítio de eleição; às vezes vou espreitar o mar e inspirar uma maresia que me envolve inteira; às vezes escrevo para libertar ecos que vêm cá de dentro; às vezes ando a pé tempos sem fim, só eu, uma música qualquer e o ritmo de uma respiração que é a minha; às vezes disponho-me a organizar sozinha, sem ritmos de outros a ditar-me as horas, as pontinhas de uma vida preenchida; às vezes repito sem fim músicas minhas, na esperança de que façam ligação direta com o setor das sensações e sem traumas de gostos old fashioned e então é aí, nesses momentos em que paro, que me sinto preenchida.
São absolutamente vitais para mim essas paragens ocasionais, que às vezes duram só minutos. Para mim são inteiríssimas e restituem-me a outra parte de mim que às vezes anda tão fugida. E lá, nas profundezas de mim, estás sempre TU e ainda bem, porque me fazes falta e porque te escolhi...
Hoje apeteceu-me dizer (te) isto...




terça-feira, 4 de novembro de 2014




FIGOS COM MEL




Estava parada no semáforo vermelho e a fila era interminável. Ainda tinha tempo, por isso não stressei, como de costume. Miúdos distribuídos, algum tempo pela frente, café à espera antes de iniciar o dia de trabalho. Entretive-me a ir arrancando o verniz de uma das unhas que lascara. Mudei a estação da rádio. Não tenho paciência para quando só conversam sem fim. Prefiro ouvir música. No pára-arranca olhei para o passeio e vi-a a subir a rua, ligeiramente inclinada para a frente, como quando se sobe em esforço. Vestia de preto integral, só mudando esta negrura, um apontamento de cinzento, com pequenas bolas pastel, num lenço dobrado ao pescoço. Apostaria que lhe vi duas lágrimas a cair pela cara abaixo. Sim, tenho a certeza que chorava, sem pudor, sem tempo para parar de subir, para as enxugar, como se a pressa da rotina lhe anestesiasse a dor, sem se importar com quem a visse, afirmando pública e assim, despudorada uma mágoa que é sua. Sei que perdeu um um dos filhos há pouco tempo, num grave acidente. Não conhecia o rapaz e com ela também nunca falei, mas vejo-a regularmente em locais que também frequento. Conheço-lhe, embora à distância, alguma simpatia que a caracteriza e um sorriso fácil que, às vezes, comparo com o meu. Enquanto continuou a subir imaginei a dor de perder assim um filho, num dia normal, igual a tantos outros, depois talvez de um até logo banal, num dia também banal.
O meu carro seguiu. Não pensei mais nela durante o dia...

Há poucos minutos, espreguicei-me no sofá, numa dormência tentadora e logo os três vieram para cima de mim, como gatos, atraídos pelo cheiro da mãe. Falaram disto e daquilo e mais disto e mais daquilo e assim e assado e sabes mãe e vê lá e ouve lá, queres ver... numa algaraviada sem fim que me atordoou, mas que também me soube a figos com mel... adoro figos com mel! O meu olhar voou para cada um deles e para o peso e importância que têm na minha vida, para o sentido que lhe dão, para o norte que lhe trazem e assim, num relance de ternura, enquanto me sentia grata e ingrata ao mesmo tempo por não ter tempo para agradecer, foi das suas lágrimas e dela que me lembrei, lesta e ligeira a subir a rua inclinada.
Provavelmente nunca lerá este post, mas não faz mal, é para ela na mesma, por eu não imaginar tamanha dor... 






sábado, 1 de novembro de 2014




PUZZLE




Há mesmo dias assim, não vale a pena debater-me contra isso, imperfeitos, caóticos, onde fazemos tudo mal, desde o princípio, até ao fim. Dias impiedosos, sobranceiros e imunes a um relógio que gira, ali ao nosso lado, indiferente ao nosso estado de espírito, egoísta e com ares superiores. Dias em que nos magoamos e em que magoamos aqueles que nos são mais queridos. Dias em que o corpo e a cara, assumem a cor de uma alma menos sorridente.

Pois... às vezes, nesses dias, conseguimos ver o que de pior temos e apetece fugir e desaparecer. Mas depois há uma coisa boa e outra e ainda mais outra e então percebemos que afinal a vida é isto, este puzzle de coisas más e boas que se juntam às vezes e que, se calhar, se virmos com atenção, as boas até são mais e melhores que as más, muito mais e muito melhores. 
Pois é, afinal, é mesmo isto, o melhor é não levar muito a sério mesmo, aceitar as falhas sem grandes culpas, saber que amanhã estará sol outra vez e pronto, a alma sorrirá de novo! 
Sim, é isso, há várias peças de um mesmo puzzle e estes, para ficarem completos, não têm só peças fáceis!
Pois...

domingo, 26 de outubro de 2014




MEA CULPA


Às vezes sinto que sou insuportável, grito, barafusto, implico... pois! Há contrariedades que vão aparecendo assim, comezinhas e menores perante grandes coisas, eu sei, mas que me fazem passar da rosca muitas vezes. Disparo depois em todas as direções e provoco outras tantas vezes, alguns danos colaterais, também sei... Mas acredito que o amor de se viver junto todos os dias, de se conhecer o outro e de se resistir ao que é menos bom, nos vai valendo, equilibrando este saldo para outros dias em que esta história se repete do outro lado que não o nosso. 
Cá por mim, sei que faço lembrar, às vezes e de certeza, aquelas velhas panelas de pressão (tinha uma assim...) que apitavam, apitavam, prestes a largarem o ar, que saía depois, a eito, num longo e prolongado apito que espirrava tudo à volta. Era chatinha de usar, a dita panela, mas cozia tudo lindamente e de forma ultra rápida!  O que vai valendo é que ISTO me passa também logo a seguir, com um efeito tipo borracha que não deixa marcas e esvazio toda a pressão em minutos rápidos. A malta cá de casa já sabe como sou e eu, secretamente, alivio-me um bocadinho com essa certeza!
Pois!! Há dias assim, mas depois caem-nos no colo exemplos destes e vemos, de imediato, que temos tanto a aprender!!
Eu, por mim falo, mas ainda repito a mea culpa que vou sentindo, depois de ler hoje, esta história de vida... 
Repito: tanto ainda a aprender...




terça-feira, 21 de outubro de 2014





ALMAS E SORRISOS...


Estive lá hoje para uma consulta. Tenho uma coisa mal resolvida com hospitais e toda eu me altero quando lá tenho que ir. É irracional, mas pronto, entrei, subi, segui as placas e lá fui gerindo o que tinha que fazer e onde tinha que esperar. Sentei-me e lamentei logo não ter levado o meu livro para gerir a espera. Cheguei mesmo a ficar irritada, mas de facto, ele é tão grosso que teria sido uma peso exagerado no saco. - Bom, espero ao menos não ter que esperar muito tempo e ainda por cima com tanto calor! Tirei o leque da mala. Sim, eu ando com um leque, céus, mas ainda bem, porque já me tinha esquecido que ali é sempre um calor grande... Olhava à volta. Muita gente, mas o meu olhar parou em alguns velhinhos, com ar mais desprotegido, sem instrução, frágeis e vulneráveis à (pouca) simpatia de algumas funcionárias. Há gente muito pouco simpática, de facto, impaciente, azeda, sisuda... Temos um país de velhos, mesmo! Encostei-me para trás e fechei os olhos. Demoraria muito para que me chamassem? Ela estava ao meu lado, era velhinha, magrinha e baixinha. Deve ter simpatizado comigo porque acedeu logo ao meu sorriso e começou a falar, o que me fez abrir os olhos. - Sabe, menina, o meu filho não mora aqui... Lá na terra dele, há um hospital lindo, muito bem equipado, as meninas estão todas fardadas, vêm logo ter connosco... mas sabe, do que mais gosto é das paredes coloridas. Cada sala é de uma cor e as cadeiras são da cor das paredes. Acredita que é disso que me lembro quando de lá saio? Não é como este corredor... A menina é tão bonita e tão nova, o que faz aqui?  Disse isto num fôlego e eu lá lhe ia respondendo como podia e entretanto chamaram por mim. Agarrei-lhe as mãos nas minhas, para que parasse de falar, já que não se apercebera que me chamaram e continuava sem fim... - Tenho que ir, já chamaram por mim... um beijinho, corra tudo bem... e fiz-lhe ainda uma festinha na cara antes de entrar.
Fui muito bem atendida lá dentro, acho que o serviço funciona muito bem, está muito bem equipado, a tecnologia é de ponta, o pessoal é profissional, simpático e acolhedor. Senti as minhas dúvidas acolhidas e percebi tudo o que tinha que fazer a seguir, onde tinha de ir, o que tinha de perguntar. Saí de lá contente, comigo e com quem me atendeu. Temos serviços públicos muito bons sim senhora, às vezes, temos é a mania de desdenhar, sem conhecer!
Claro que a velhinha da conversa já lá não estava quando eu saí. Fiquei a pensar nela e na possibilidade de se colorirem aquelas paredes, corredor a corredor. Ao menos ficaria mais alegre, não há dúvida e a alegria podia entrar em quem espera, por uns segundos, colorindo-lhes a alma antes das consultas. Se calhar, quem pensou nos hospitais, tinha mais em que pensar e esqueceu-se que as almas se podem colorir, nem que seja por uns segundos... a minha, hoje, ficou às cores quando ela, a sorrir, me chamou menina...


quinta-feira, 16 de outubro de 2014






NOVA IORQUE É MESMO ALI...


Não há hipótese! Serei sempre uma romântica incorrigível, daquelas que precisam de muito pouco para se derreterem como um caramelo, perto de uma fonte de calor! Assumo isto... PRONTO!!!
Adorei hoje este post que me chegou por mail e enquanto o lia, lá se me ia derretendo o coração. Transpus para a minha vidinha... Às vezes, precisamos mesmo de momentos assim, a dois, sozinhos, um com o outro...

Já estive no Estados Unidos, mas não fui, na altura a Nova Iorque, por contingências várias. Não me importei. Absorvi na mesma essa viagem em família, com a força daquelas experiências que ficam para a vida toda. Secretamente, prometi a mim mesma que iria lá um dia, antes de morrer. É certamente uma cidade maravilhosa e para quem é urbana da silva, como eu, deve ser outra experiência única que vou querer partilhar, claro!
Mas isso agora não importa. O que importa é que percebi, com este post de João Miguel Tavares que partilharam comigo, que sim, que às vezes precisamos de ir ali ao lado, a dois, sem pressas, sem burburinhos, sem stress a cirandar, para (re)descobrir cheiros, olhares, sorrisos, expressões. Para estar, ouvir, tocar, cheirar, namorar sem fim, com olhos mágicos, que tornam as pessoas únicas no mundo em momentos assim. Às vezes é preciso ver com os dois olhos que as "lavas petrificaram" e que o rio que corre lá em baixo é mesmo de amor.


Bolas, ainda bem que às vezes há "Nova Iorques" assim e estas, estão ao virar da esquina!

quarta-feira, 15 de outubro de 2014




UPLOAD DE MEMÓRIAS...


Fui ao velório acompanhada por uma amiga. Estava pouca gente àquela hora e sentámo-nos as duas perto de alguém que também conhecíamos e que era também comum ao falecido. Recordámos as três as histórias que nos contava, as graças que nos dizia e também a afeição que, sabíamos, nos tinha. Recordámos tantos e tantos episódios acerca dele e rimos com ternura, reinou ali entre nós, por momentos, um clima respeitoso, mas leve e prazenteiro, diferente de alguns semblantes que nos rodeavam. Não me apressei a analisar o que me rodeava, saí de lá a correr, como a correr ando sempre àquela hora do dia, com logísticas para resolver e filhos para apanhar aqui e ali e fui pensando nele e na vida cheia que sei que teve. A pressa foi-me levando para o presente e para tudo o que me rodeava no HOJE e acho que acabei o meu pensamento acerca dele com um sorriso, lembrando-me do que me dizia sempre acerca da minha alegria de viver.
Sigo um blog muito giro, de uma Sofia que me parece simpática e hoje, nesse blog, vi um post interessante sobre a dor da perda de alguém...

Não há receitas para essa dor. Não há uma prescrição médica, de algum analgésico poderoso, psicotrópico, ou estupefaciente que no-la tire, que a faça desaparecer e que nos devolva essa pessoa. Todos esses químicos serão, quando muito, de duração momentânea e não vitalícia. Essa dor ficará incrustada em nós como uma tatuagem e, mesmo quando suavizar, deixar de arder, ou de picar com o sol, estará sempre lá, dentro das profundezas de nós, acompanhando-nos e moldando-se à nossa vida de todos os dias, porque essa dor, será para sempre, crónica como uma doença. 
O que sei é que para este falecido, ou para quaisquer outros, qualquer que seja a ligação que lhes temos, ajudará sempre a lembrança das alegrias, dos risos, das graças e daquilo que tinha de bom. É isso que fará o upload da memória que dele (a) guardamos.
E assim, de upload de memórias feito, podemos sorrir nos velórios e acho que esse será sempre o melhor dos tributos a quem morreu. E esse tributo, eu já lhe fiz.


sexta-feira, 10 de outubro de 2014





AQUELE SÍTIO...


Ela é uma dessas pessoas.
Conheci-a há muitos anos, porque fui Educadora da filha mais nova. Simpatizei sempre com ela, mas o nosso contacto desvaneceu-se com o tempo, levado pela vida de uma e de outra, embora as memórias desse tempo fossem ternurentas, como a filha dela, então pequenina. Víamo-nos de vez em quando, mas não tínhamos um contacto regular e um dia, há poucos anos atrás, acedeu simpaticamente a um convite meu para que falasse a um grupo de Pais sobre um tema relacionado com o seu trabalho. Lembro-me que foi um sucesso, porque falou com emoção, com experiência, com ênfase e lembro-me que poderia (poderíamos) ter ficado horas a ouvi-la. Depois disto, a vida profissional tem feito com que nos vejamos ocasionalmente e sempre que estou com ela, tenho esta sensação... a de poder ficar horas a ouvi-la...
Hoje, encontrámo-nos mais uma vez. Em poucos minutos falámos de muitas coisas e a sintonia que sinto é sempre imediata. Dizia, entre outras coisas que a família sempre foi o seu porto seguro, o seu chão, aquele palco onde todas as vertentes do seu ser se assumem e transformam ao sabor dos dias e da vida. Como concordei com ela!
Lembrei-me logo das várias opções profissionais que fui tomando, em favor da família, do estarmos juntos, do vermo-nos todos os dias, verdade intransponível para mim, quase oxigénio, ou vitamina diária, se quiserem... Lembrei-me das opções pessoais que fui tomando ao longo do tempo, moldadas a esse projeto de vida que assumi com o mais-que-tudo e de como isso me afastou de algumas etapas profissionais, que poderiam ter sido conquistadas mais cedo. Lembrei-me de como ganhei tantas outras coisas pessoais, trazidas por essa menor sorte profissional. Lembrei-me da necessidade que tenho do toque de todos, da voz de todos, do caos que às vezes impera cá em casa, da pressa, da agitação, mas também dos afetos divididos, dos segredos partilhados, dos projetos sonhados e das memórias guardadas e construídas. Lembrei-me que sim, que também tenho este chão chamado família e este chão, será sempre seguro e valioso para mim, será sempre AQUELE sítio, o TAL para onde vou querer sempre fugir depois de tudo.
Obrigada minha querida por me teres feito sentir tudo isto hoje, enquanto te ouvia falar...




quinta-feira, 9 de outubro de 2014



POTE DE OURO




A deusa Íris tinha a função de arauto divino e, como mensageira, deixava um rasto colorido no céu, de cada vez que passava. (Isto, na mitologia grega, onde se dava aos deuses e deusas, tão facilmente, coisas e tarefas dos homens e das mulheres verdadeiros.)
Esta deusa devia ser gira e divertida como as cores que carregava e que ia espalhando por aí... talvez até fosse cheirosa, porque estas cores parece que têm um cheiro doce e bom como uma guloseima de que gostamos. Afinal, são cores giras que ficam bem juntas, agarradinhas num arco grande, quase todo enrolado à volta do céu. Esta deusa devia rir enquanto fizesse tudo isso, talvez travessa e malandra por clarear e alegrar um céu triste e cinzento de chuva. Sim, essa Íris devia ser estouvada, engraçada e teimosa. De repente e depressa, desapareceria do olhar, e consigo, levaria outra vez as sete cores que pintara no céu. Talvez as levasse para outro céu, outros olhos, de outros meninos e outras meninas que a quisessem ver, a si e às suas 7 felizes cores agarradinhas. E seria sempre assim, todos ficariam felizes sempre que a vissem... 

Hoje, ao final da tarde, depois de um dia cheio e cansativo, com tanta coisa menos feliz que vi e que apalpei de perto, tive este deslumbre de visão, numa esplanada da minha cidade. Sorri também por momentos para aquele arco no céu, fotografei-o e lembrei-me que esta história que inventei em cima, agora assim de repente, poderia ser aquela que contaria a meninos pequenos sobre o arco-íris... Ficam sempre tão contentes quando o vêm!
Sim, acho que lhes contaria uma história assim... não lhes falaria no tal pote de ouro, escondido numa das pontas do arco. Isso, são outros quinhentos e esse pote, acredito que está em cada um de nós... enquanto não o descobrimos, podemos sorrir só com esta Íris!!

terça-feira, 7 de outubro de 2014




 MÃE CATAVENTO



E não parei um segundo ontem. Senti-me um catavento, daqueles de ferro, que não vergam, mas que rodam, rodam sem parar, em dias de muito vento, em cima dos telhados empinados. Vi-te feliz, mas sempre apressado, tais foram os tantos afazeres que encheram o dia. Vi-me no meio de todos eles, a geri-los, a assegurar-lhes uma retaguarda sempre necessária. E o dia passou, alegre, cheio, cheio, cheio e tão rápido que quase não tive tempo de parar e de o saborear. É verdade... 
E hoje parei e recordei o dia de ontem e lembrei o teu riso, a tua expressão, a tua alegria, a tua pressa. E hoje lembrei a mãe catavento no telhado empinado e ri, não dela, que lhe tenho muito respeitinho, mas da alegria de te ter comigo, lindo, saudável e já mais crescido um pedacinho.


E isto bastou-me para o dia de hoje... ficou CHEIO, sabes?

quarta-feira, 1 de outubro de 2014




DE PEITO ABERTO



-Vais ver que não terás dificuldade nenhuma- disse-me uma amiga querida, um dia, neste verão. -Afinal, és afetuosa e é só nisso que tens que te centrar, o resto virá por acréscimo e depois, só depois!
Tenho pensado nisso todos os dias, nestas frases ditas por uma amiga querida e colega mais experiente. E sim, não me tem custado, este fluir. Afinal, os meninos são iguais em todas as constelações e os afetos pegam-se pelo ar, eu sei, sentem-se, respiram-se, apalpam-se, são espontâneos, quando sinceros e saem assim, sem querer, tornando-se tão naturais como a frase da minha amiga mais velha. O resto, virá sempre depois da conquista e completará o quadro desta nova fase. 
E é assim, de peito aberto como na foto, que tento abraçar esta esta minha nova aventura profissional, ainda meio assustadiça, sim, mas sorridente e confiante, como neste dia, nesta maravilhosa praia que descobri este verão.
As pedrinhas estão lá, por todo o lado, a toda a volta, mas quem sabe poderão servir para desenhar corações? Há amores que nascem assim...!

terça-feira, 30 de setembro de 2014




MÃE CHATA


Hora de ponta cá em casa...
-Quem foi a última pessoa a tomar banho? Já viste como ficou a casa-de-banho? E as toalhas, não se penduram? Opá, é sempre a mesma coisa, bolas! 
E lá vai, mesmo pendurar as toalhas, já que não deixo escapar o deslize e deixa o espaço como o encontrou, pois claro, era o que faltava!
Às vezes acho que sou uma mãe muito mais chata que todas as outras que conheço, sou a que grita mais quando se zanga, a que gesticula sem fim, a que não lhes admite abébias malcriadas e aquela que não se compadece com preguiças laivosas que lhes dão o pior dos ingredientes: a inércia. Têm tarefas a cumprir sim senhora e controlo isso com olho de lince, não me compadecendo com o JÁ VOU, constante. Afinal, vivemos 5 cá em casa e não é justo que sejam só a mãe e o pai a arcar com as (horríveis) lides domésticas!
E quem fala em tarefas domésticas, fala na forma como respondem, como falam. Não lhes admito, JAMAIS, faltas de respeito, gestos, ou atitudes pouco corteses, faltas de atenção para com os mais velhos, sejam eles pais, avós, ou professores. Arrepio-me quando vejo aqueles aborrescentes (leia-se, ADOLESCENTES) armados em carapaus, a responderem à mãe, ou pai, ou avós, com aquela insolência insuportável que, ainda por cima, algumas mãezinhas desculpabilizam, com a conversa de que ai este miúdo (a), tem cá uma personalidade!!
Pois... não é fácil isto... é cansativo, irritante, faz-me vestir uma personagem que nem sempre gosto de ser e, confesso que às vezes, me apetece desistir, deixá-los fazer como querem, deixá-los ter tudo a acumular na desordem e desarrumação, fingir que não vejo e a seguir ir eu fazer... É tentadora, esta parte! Mas não, mil vezes não! Há coisas que são mais fortes que eu e pronto!
E se no futuro, já donos das suas próprias vidas (como se deseja), forem autónomos para as gerir, forem corteses e educados com os outros e souberem encarar as tarefas de uma casa como uma coisa natural e decorrente do dia-a-dia, organizando-as sem dramas e sem dependências excessivas de terceiros, então será sinal de que não foi em vão o meu/nosso esforço.
Sou uma mãe chata às vezes, eu sei, mas pronto, desculpem lá, pode ser que no futuro, ainda me agradeçam... seria bom!!


( A ti desculpo Mafaldinha, mas só porque és tu, ouviste?)

quinta-feira, 25 de setembro de 2014




IRRITAÇÃO CHATA-CHATINHA



E pronto, lá andei num virote toda a tarde e tudo me correu mal: horários de coisas programadas que não se cumpriram, itinerários furados, pressings de coisas que têm que ser feitas com aquela urgência que só nós sabemos e uma sensaçãozinha de irritação constante e persistente que me transforma, às vezes, naquela criaturinha chata-chatinha que sei lá... É que persisto na irritação, o que fazer?
Não me libertei desse nervoso miudinho chato. Persisti nele pela tarde adentro, ainda remoendo no que tinha programado fazer e não conseguira, onde tinha que ter ido e não fui, o que devia ter dito e não disse. -Que coisa, ter que adiar isto e mais isto e ainda isto para amanhã!! Bolas, 'tou mesmo irritada!
Ainda cheia de ar-insuflado-de-irritação-chata-chatinha, via-a entrar na esteticista do bairro. Entrou e sentou-se na primeira cadeira ao pé da porta. Super bem disposta, chamou-me menina e falou despropositadamente sobre várias coisas. Percebi que o pequeno salão serve de poisio ocasional nas voltinhas diárias pelo bairro, que é familiar, pequenino e acolhedor. Falou dos 79 anos que já tem, do marido que está quase inválido e de quem trata ainda com vigor e de quem recebeu maus tratos toda a vida. Contou das tareias que apanhava, do que isso a magoava, das filhas que criou sozinha, afastada de cumplicidades e afetos e do tanto e tanto que trabalhou até doer. Nunca deixou de sorrir enquanto contava isto. Como é possível?
Dali voei para o supermercado, à pinha, em hora de ponta. Coisinha ótima para dia de mau humor! E então reparei que alguém se dirigia a mim! Reconheci-a logo. Contou-me da doença súbita e inesperada, dos tratamentos violentos e da desestruturação do puzzle familiar. E da esperança que tem. E da certeza da cura. E reparei que sorria. E estava gira. Bem arranjada, moderna. E sorria muito!
Finalmente lá percebi! Sou muito parvinha às vezes e tão pequenina!
Todos os dias há pérolas por aí... muitas vezes, nós é que não as vemos! Vá lá, hoje ainda fui a tempo, acordei... E estas duas que encontrei hoje, assim por acaso sem esperar, no meio de uma densa irritação chata-chatinha, são do mais lindo que há!


Obrigada...



sexta-feira, 19 de setembro de 2014





ENDLESS LOVE...



E como fica o coração de uma mãe quando ouve, que algum dos seus filhos é maravilhoso, com um não-sei-o quê que deixa marcas?
Acho que logo, em silêncio e rapidamente como num trago, se agradece e se sente uma pequenez perante tantas coisas e a seguir deseja-se só que tudo isso siga de mãos dadas com montões de felicidade e de coisas boas e essas, todas para eles, que um amor de mãe é assim, abnegado e determinado... e isto, sente-se com aquelas certezas que temos, mesmo de olhos fechados!!