sexta-feira, 4 de julho de 2014







AQUELA QUALQUER COISA...

E as lágrimas corriam-lhe pela cara abaixo. Ficou vermelha, porque é branquinha, a voz tremia-lhe, embalada pelo desabafo. Escolheu-me a mim para esse momento, talvez tivesse visto em mim aquela qualquer coisa que não me sabem explicar O QUE É, mas de que muitos me falam. Talvez tenha que ficar grata por isso, sei lá, por chegar assim às pessoas sem que nada faça, só porque vêm aquela qualquer coisa, a tal, a tal, que nem eu própria sei muito bem o que é...
Ouvi-a com atenção e, convicta e sem pestanejar, respondi-lhe que nenhuma relação a dois pode trazer tanto sofrimento, alheamento, falta de atenção, deslealdade. Nenhuma relação a dois é egoísta para sempre, interesseira e manipuladora. Nenhuma relação a dois pode sobreviver à custa de um que se anula daquilo que lhe é absolutamente essencial, em detrimento de qualquer coisa que se quer chamar comodidade, hábito, rotina, estabilidade. Nenhuma relação a dois sobrevive, pelo menos nenhuma que seja VERDADEIRA, sem haver cumplicidade de projetos, ideais... pode-se ter um bom amigo, ou amiga, o outro, ou outra, até pode ser uma ótima pessoa, mas COMPANHEIRO/COMPANHEIRA/ O TAL/ A TAL... únicos e especiais no meio da maior multidão? É preciso querer-se isso e isso é exigente!

Fazia-me que sim com a cabeça, acho que racionalmente concordava com tudo o que ia ouvindo, mas intuí que o racional e o emocional estivessem de costas voltadas, amuados um com o outro e sem nenhum deles querer ceder.
Esse caminho de harmonização terá que ser ela própria a percorrer, fazendo as pazes consigo própria e com as suas guerras internas, vendo que prioridade dar a quê, decifrando que amor quer para si e para a sua vida, assumindo que este é, ou não é o companheiro que escolhe para si!

Não sei se sou boa a dar conselhos. Ela terá achado que sim. Eu, pelo menos, falhei-lhe com uma convicção absoluta que vem de dentro, de uma série de verdades em que acredito e hoje, ao passar os olhos por alguns dos blogues que sigo, vi isto (http://homemsemblogue.blogspot.pt/2014/07/amor-ou-interesse.html?spref=fb)  e fiquei contente por ver que não sou a única a pensar assim... 
Afinal, falar de amor talvez seja uma linguagem quase universal, ou não? E  a escolha pode ser sempre nossa, já dizia o Shakespeare...



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