domingo, 23 de agosto de 2015




 DUNA DE AREIA NUMA PRAIA QUALQUER...

Enquanto tomava o pequeno-almoço, detive-me a observá-los. Dois rapazes, muito pequeninos, com pouca diferença de idade entre si, brincavam na duna de areia à minha frente. Tinham um baldinho de areia, uma pá e um pequeno camião de plástico. O pai brincava com eles e iam falando os três. Deliciei-me a ouvir aquelas vozinhas pequenas, aquela conversa que mantinham, suportada num faz-de-conta que ia à boleia de uma camiãozinho de areia e de uma pá. - É preciso tão pouco - pensei. A mãe olhou para mim, de dentro da sua casa e sorrimos as duas, uma para a outra.  - É mágico, um pedaço de areia, já viu? - disse-me ela.  - Pois é -respondi, pois é... que nos vão restando sempre muitos pedaços de areia, já não seria mau...

Hoje, o artigo de opinião do José Cabrita Saraiva, na revista TABU, do Jornal SOL, P. 51, edição nº 469, de 21 de Agosto, com o título O QUE HEI-DE OFERECER AO MEUS FILHO NOS ANOS?, fez-me lembrar um post antigo, de 2014
Pois...
Não sou uma mãe exemplar, nem tenho essa pretensão. Erro tantas e tantas vezes e fujo a tantas e tantas regras, às vezes com o doce sabor da transgressão e de ser dona do mundo que construí para mim e para os meus. Afinal, acho que isso é que nos faz normais, não será? Tenho três filhos por opção, com diferenças de idade curtas, também por opção, vivo a maternidade de forma plena, mas muito descontraída (tento) e, atrevo-me a dizer, até de forma muito própria, já que acho que alio essa descontração a uma certa inflexibilidade relativamente a alguns princípios dos quais não abdico, sem contemplações e quem me segue aqui, vai percebendo isso. Os meus filhos também sabem disso, que sou mocinha faladora cá das minhas coisas. Gosto de gadgets, redes sociais e afins e uso tudo isso, adaptado à minha pessoa, com doses de q.b, vontade própria e apetites e adição variados. Os meus filhos têm gadgets e, como qualquer adolescente/jovem de hoje, aqueles são, muitas vezes, extensões amovíveis das suas mãos, é verdade, mas, sou sincera, continuo a identificar-me com o que este artigo diz, continuo a achar que os limites deste mundo tecnológico têm que ser os adultos a impôr, continuo a defender que este caminho das tecnologias pode ser irreversível, mas pedagógico, continuo a preferir vê-los brincar, tão pequeninos, em dunas de areia, ao sol de uma praia qualquer.
Acabo, como acabei o post de 2014... Old fashioned? Talvez, mas hoje, como estou impertinente por causa deste vento chato que me tirou da praia, não quero saber!
E já agora, mesmo correndo o risco da foto não ter nada a ver com o post, é assim, como nesta foto da piscina, no mar, no campo, ou numa duna de areia de uma praia qualquer, que sempre gostei de te (vos) ver brincar...
Isto passa de moda?












quinta-feira, 20 de agosto de 2015




FOGUETES E APITOS

Bolas, sou mesmo uma seca! Não vou ao sítios da moda deste Algarve, porque me sinto sem paciência para enfrentá-los, continuo a não gostar de sushi, contra todas a previsões da família que me leva aos sítios mais top do género, na esperança (vã) de que comece a gostar, gosto de ler livros sem fim, gosto de estar pedaços de tempo sozinha, numa esplanada como esta onde estou agora, com um ventinho fresco a dar-me na cara e uma musiquinha boa a passar, na praia tomo banho só quando me apetece, percebo de Net, redes sociais e gadgets, só o quanto  me apetece perceber, sem investir grande tempo de mim e das minhas energias, trabalho melhor sob pressão do que com todas as calmas do mundo, enfim, acho que sou mesmo uma seca, sem graça nenhuma que possa ter e no entanto, sinto-me uma pessoa tão normal, tão preenchida quando tenho tudo isto que retrato aqui, sem festas, euforia, foguetes ou apitos...
É que, cá para mim, a felicidade pode ser só isto... Uma brisa suave...  E chega tanto!!

























quarta-feira, 12 de agosto de 2015




MUITO E MUITÍSSIMO

(dá força ao verbo, isto...)

O tempo está abafado e meio nublado, com o sol escondido por detrás de umas nuvens teimosas que transformam em ar de estufa, tudo o que respiramos. A água da praia tem estado quentinha e a pele sempre colada com uma transpiração irritante e pegadiça, própria de climas tropicais e de uns Agostos que nos habituam sempre a uns dias assim.
Há gente por todo o lado. Dizem que isso é bom para o turismo e tal, mas confesso que prefiro o nosso Algarve calminho com os nativos de sempre que, por serem de sempre, têm às vezes estes laivos de pretensiosismo egoísta. 
Vou começar a desligar interruptores e vou mantê-los forçadamente desligados até aos últimos diazinhos de Agosto, altura em que o meu biorritmo se preparará para um novo ano que se inicia em Setembro e não em Janeiro, como nos impõe o calendário.
Mas como as datas e os calendários têm a forma da nossa vida e andam, por isso, às vezes, desencontrados da convenção, o meu/nosso é assim.
Dormir, descansar, comer, correr, ler, namorar, nadar, preguiçar, estar com..., passear, mimar, observar, e, sobretudo, desfrutar, desfrutar muitíssimo de tanta coisa bonita que vou ter à disposição, será este o lema e com ele, acredito, carregarei baterias para um Setembro que daqui a pouco está já aí com o seu peso brutal, carregadinho de logísticas para resolver.
Ah, já agora... posso a cada um dos verbos acima, acrescentar o advérbio de intensidade MUITO, ou MUITÍSSIMO, já que a vontade de os praticar é tanta também.
Boas férias!




domingo, 9 de agosto de 2015








DOCE PASMACEIRA



Foi mais ou menos isto e foi tão bom! Ter-te um dia só para mim, termo-nos um dia só para nós, sem horários, sem logísticas, sem pressas. Apetecia-me prolongar aquelas horas e aquele silêncio. Apetecia-me fazer parar o tempo e cristalizá-lo ali, naquela pasmaceira tão boa. Gostei de te ver outra vez entre falas e sorrisos e de ver que sim, és como eu escolhi, mesmo que às vezes sejas o sapo da história e estejamos os dois por detrás das pressas. Sim, porque há pressas e há sapos e pedras nas vidas das princesas e dos príncipes que, acredito, todos queiramos ser.

E mesmo num Algarve insuportável em Agosto, há ainda recantos escondidos para onde, às vezes, vale a pena fugir. E é aí, nesses sítios só nossos, que se carregam baterias, se partilham segredos, se namora sem fim, se abraçam projetos, se imagina um futuro, se descobrem príncipes e princesas de carne e osso e vidas reais! 
E quando penso em tanta e tanta gente que vive o (s) seu (s) amor (es) sem estes buraquinhos de calma, sossego e doce e apaixonada pasmaceira, onde se toca, fala, ouve e beija em outra dimensão, tenho pena, pois sei que isto é vital, como vital é o sol, a água, ou a luz...
Foi isto, um dia cheio de horas só nossas e foi tão bom! 





segunda-feira, 3 de agosto de 2015


GALINHA GORDA

Quando penso em vocês, queria um mundo perfeito, onde coubessem todos os vossos desejos e anseios. Quando penso em vocês, gostava de vos ver sempre felizes e sorridentes, de bem com a vida e gratos por tudo o que têm. Quando penso em vocês, gostava de ser uma daquelas mães de filme, que nunca gritam, estão sempre bem-dispostas e giras e serenas. Quando penso em vocês, vejo que sinto as vossas dores todas, como se fossem minhas e que, nessas alturas, só  queria mesmo era ser assim uma galinha bem gorda, que vos pusesse a todos debaixo da asa grande, de onde só sairiam depois do mundo ter sido arranjado outra vez.  
É, de facto é nisso e em muito mais que penso, quando penso em vocês... Em arranjar-vos um mundo à medida, para nele caber tudo o que eu quero e penso para cada um, agora no presente e naquele futuro que cabe na minha cabeça de mãe parvinha e muito, muito galinha! 

Pois é... Mas o mundo não é assim e o futuro que está na minha cabeça é só meu, não pertence ao futuro verdadeiro, porque esse tem a grandessissima sobranceria de não se dar a conhecer a ninguém, nem mesmo aos mais letrados... Depois, as vossas dores, pequeninas ou grandes, infantis, ou cheias de maturidade, serão sempre vossas, mesmo que as queira para mim e a minha asa grande de galinha gorda pode estar sempre lá para que nela se aninhem, mas não vos pode ofuscar o caminho, nem nublar o horizonte de descobertas e estratégias, daquelas só vossas que vos farão crescer e descobrir sozinhos os trilhos e este é o mundo real, realzinho, realzinho e é nele que todos vivemos.
E neste mundo real, desejo eu, haverá sempre espaço para momentos assim, debaixo da minha asa gorda, aos bocadinhos, mesmo antes de vos deixar seguir caminho, para as vossas coisas e dores. E esta é a melhor parte... saber que essa asa não tem idade...!