GALINHA GORDA
Quando penso em vocês, queria um mundo perfeito, onde coubessem todos os vossos desejos e anseios. Quando penso em vocês, gostava de vos ver sempre felizes e sorridentes, de bem com a vida e gratos por tudo o que têm. Quando penso em vocês, gostava de ser uma daquelas mães de filme, que nunca gritam, estão sempre bem-dispostas e giras e serenas. Quando penso em vocês, vejo que sinto as vossas dores todas, como se fossem minhas e que, nessas alturas, só queria mesmo era ser assim uma galinha bem gorda, que vos pusesse a todos debaixo da asa grande, de onde só sairiam depois do mundo ter sido arranjado outra vez.
É, de facto é nisso e em muito mais que penso, quando penso em vocês... Em arranjar-vos um mundo à medida, para nele caber tudo o que eu quero e penso para cada um, agora no presente e naquele futuro que cabe na minha cabeça de mãe parvinha e muito, muito galinha!
Pois é... Mas o mundo não é assim e o futuro que está na minha cabeça é só meu, não pertence ao futuro verdadeiro, porque esse tem a grandessissima sobranceria de não se dar a conhecer a ninguém, nem mesmo aos mais letrados... Depois, as vossas dores, pequeninas ou grandes, infantis, ou cheias de maturidade, serão sempre vossas, mesmo que as queira para mim e a minha asa grande de galinha gorda pode estar sempre lá para que nela se aninhem, mas não vos pode ofuscar o caminho, nem nublar o horizonte de descobertas e estratégias, daquelas só vossas que vos farão crescer e descobrir sozinhos os trilhos e este é o mundo real, realzinho, realzinho e é nele que todos vivemos.
E neste mundo real, desejo eu, haverá sempre espaço para momentos assim, debaixo da minha asa gorda, aos bocadinhos, mesmo antes de vos deixar seguir caminho, para as vossas coisas e dores. E esta é a melhor parte... saber que essa asa não tem idade...!
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