quarta-feira, 25 de fevereiro de 2015




 HÁ CASAMENTOS E CASAMENTOS



Há casamentos de paixão mesmo, daquelas arrebatadoras, em que depois, a convivência entre os dois é dinâmica, intensa e pautada pelos altos e baixos da vida que não tiram ao sentimento, a força e o sabor (ou pelo menos, não deviam tirar...). Aqui, a ligação é emocional, afetiva, física, cúmplice e eterna, assumindo a eternidade o tamanho da vontade de cada um, ou dois, neste caso...
Depois, há também aqueles casamentos por conveniência, que sabemos que existem nos filmes e na vida real, em que há uma série de vantagens que ditam a união e em que, todos os dias, se busca o positivo, se formos almas generosas; em que se procura o envolvimento, porque somos assim, teimosos com esta coisa dos afetos e em que se vê, às vezes (porque se está atento), focos de luz que nos dizem que nem tudo é mau. E nestes casamentos assim, se vai vivendo, numa temperatura morna, em que às vezes também há gelo e outras vezes, calor... Sobrevive-se, até com alguma serenidade e, MUITAS VEZES, por muitos anos...

Este casamento profissional que fiz, nesta fase da minha vida de trabalho, é de conveniência, não tenho dúvidas disso. Todos os dias lhe procuro coisas boas e todos os dias não me arrependo de procurar, pois intuo que, no dia que deixar de o fazer, posso desistir. Acho que vai ser um casamento duradouro, pelo menos não penso em separar-me para já e se calhar, daqui a algum tempo, até me rirei deste post, quem sabe. Estou pacificada e não faço dramas deste assunto, esta convivência é-me vantajosa para já e eu "encho-a" de coisas boas e importantes na minha relação com os meninos e meninas que povoam os meus dias, mas de vez em quando, lá no fundinho de mim, tenho saudades de uma paixão antiga que sempre me moveu... Afinal, quem não gosta de uma história de amor? E este, não é só por pessoas digo-vos eu...








terça-feira, 24 de fevereiro de 2015




ÀS 9 DA MANHÃ...


Correu para mim e afundou a cabeça na minha barriga. O sorriso ia de orelha a orelha. Gesticulou, perguntando-e para onde ia. Expliquei-lhe e percebeu. Foi ter com os outros, a dizer-lhes da minha chegada. 
segui para o dia que tinha pela frente e lá seguiu ele também.

Estarei sempre na sombra e não haverá nunca receitas para isto que faço. Haverá sempre dias maus e outros dias bons e haverá sempre MUITO POUCO retorno, aquela coisa às vezes tão boa e tão insufladora de ego. Sei disso tudo, ou vou sabendo aos poucos, que há esquemas de uma vida inteira que levam tempo a desmontar. Mas este sorriso rasgado e este abraço que se afundou na minha barriga, esta reação ao ver-me e este brilho nos olhos, eh pá, estes já ninguém me tira e vi-os, com clareza, ao princípio da manhã.
Há mesmo coisas que não vêm em livro nenhum e com esta, para além de ter ficado derretida, ganhei logo o dia... às 9 da manhã!




P.S. Derreto-me com pouco, é verdade, mas o pouco, às vezes, pode ser TANTO...



domingo, 22 de fevereiro de 2015



HÁ COISAS ASSIM...


E hoje apetecia-me prolongar assim esta tarde de sol, dar-lhe uma infinidade de horas que a tornassem (quase) eterna, juntar a mim todos os meus e ficar parada, sem fazer nada, só a apanhar nos poros esta luz, desta tarde de domingo, solarenga e preguiçosa. Cada vez acredito mais que esta luz, deste sol algarvio, tem super poderes...
É tão bom isto!
E sabe a pouco...


sexta-feira, 20 de fevereiro de 2015




ÀS VEZES SOU IMPLACÁVEL


A roupa acumula-se como água numa poça funda. Confesso que detesto passar a ferro, é das tarefas domésticas que mais me custa fazer e, para dizer a verdade, que estou menos habituada a fazer, já que tive sempre (graças a Deus...) ajuda para isso. Agora, circunstancialmente e durante algum tempo, a ajuda está em modo pausa, por motivos de saúde, o que me/nos obriga aqui a uma super logística na gestão da roupa para passar.
Cresci a ver o meu pai super cooperante em casa. Tinha tarefas de eleição, coisas que gostava mais de fazer e isso notava-se na separação, natural, que se fazia das coisas, mas habituei-me a vê-lo fazer de tudo, sem se atrapalhar, com uma visão prática e nada dependente da minha mãe, pelo que me lembro. Hoje, o pai dos meus filhos também faz de tudo em casa, sem grandes dramas, cozinhando, passando, arrumando, aspirando, se for preciso. Há tarefas específicas que ele faz infinitamente melhor que eu, embora eu lhe vá sempre bater aos pontos, na rapidez e fluência da coisa. Afinal, o tal cromossoma X que me dota dos tais (alguns) super poderes, é o que é e mais nada!
Hoje, deu-me assim uma travadinha! Os dois mais novos em casa à tarde, comigo, a mais velha em aulas e lancei a pergunta: -"Quem quer passar a ferro? É que eu vou fazer isto, e isto e isto e a roupa quase chega ao teto..."
- Eu! - a resposta do mais novo soou rápida, levada pela novidade e eu, mãe experiente-e-veterana-na-gestão-de-timings-de-filhos-voluntariosos-mesmo-que-não-saibam-muito-bem-o-que-isso-é-e-mesmo-que-estejam-enganados-por-uma-novidade-traiçoeira, prontamente lhe separei um punhado generoso de roupa mais fácil e  fiquei a vê-lo fluir, enquanto mergulhava em tantas outras coisas que estava a fazer.

Nunca serei escrava da minha casa. Terei sempre mil e um outros interesses que me preencherão o tempo e a disposição e ainda bem, mas insisto em transmitir aos miúdos esta visão de que TODOS têm que ajudar. Nisto, sou implacável. Já tenho dito isto aqui e quem me lê, sabe que é assim. Não há cá a conversa de que é rapaz é rapariga, ai isto, ai aquilo. Ajudam todos e ponto!
Haverá coisa melhor que adultos desempoeirados, autónomos, capazes e desenrascados? Cá por mim, acho que não, mesmo que se passe a ferro ao som do futebol e com um Ipad no fundo da tábua! Cada um...




terça-feira, 17 de fevereiro de 2015



50 SOMBRAS?
QUAIS?


Confesso que não li os livros, mas foi por acaso. Tento não ter preconceitos em relação à leitura. Acho que o que importa é ler, se isso nos der aquele prazer indizível que a leitura dá, nos fizer fazer aquela viagem solitária para outros mundos e terras e contextos e sonhos. Estava a ler outras coisas e não foi calhando... Muitas amigas minhas leram o livro e contavam a história, de modo que não era uma completa novidade para mim. Confesso que a minha curiosidade nunca foi tão grande, a ponto de pôr outros livros em lista de espera, mas pronto...
Lá fui ontem, sozinha, ver o filme...
Ela, muito gira, ele, muito giro também; boa fotografia, boa música, mas, confesso, pouco passou disso, para mim. Mesmo não tendo lido o livro, acho que se podia ter explorado um pouco mais o perfil de Christian Grey, a "viagem interior" feita até se assumir aquela personalidade dominadora, ter-se explorado mais o homem que, aos poucos, percebe que sexo com amor é muito melhor e que já não consegue fugir disso, mesmo querendo. Dela, talvez brincar-se mais com uma ingenuidade que aos poucos, mostra ao público que é q.b, não sei, talvez um pouquinho mais de densidade que, misturada com o erotismo daria uma mistura explosiva e, aí sim, marcante.
Não posso dizer que tenha desgostado do filme. Lá o vi, lá comi as minhas pipocas salgadas, e pronto, lá saí da sala assim sem vontade de falar no filme, achei-o um pouco insonso, normalzinho de mais....
Quanto às supostas, eventuais cenas eróticas... bem, acho que há filmes, muitos outros, que sem terem essa "fama", são bem mais eróticos que este... prendem-nos ao ecrã, às personagens, à densidade amorosa que se sente e se explora com o corpo... não senti isto aqui. Não sei, pelo menos foi um suposto erotismo que não colou, cá para estes lados....
Valeu o  Jamie Dornan e a Dakota Jonhson, esses sim, giríssimos!!
Achei o Mr. Grey, muito previsível, sem sombras nenhumas... 
As opiniões valem o que valem e esta é a minha... Fogo, devo ser mesmo ET...

OU SÓ AS PIPOCAS...

domingo, 15 de fevereiro de 2015




DIAS ESPECIAIS?



Foi um dia interminável, em que tive de dar atenção a muita gente e a muitos pormenores. Cheguei a casa de rastos, pensando só em algum sossego. Revi o meu dia mentalmente. Gente, solicitações, horários, pressas. Tu lá no meio, mais os miúdos. Cruzei-me contigo algures pelo dia de hoje. Olhámo-nos, conformados com alguns destes sábados loucos que ambos temos. Cheguei outra vez, 12 horas depois de ter saído, mais morta que viva, indiferente à casa que clama por mim, de desarrumada que está. Ignoro-a. Ignoro tudo o que possa agora exigir de mim mais que um ai. As miúdas estão por aí, nos seus programas de miúdas da idade que têm. O Pedro absorve-nos a atenção e consegue-nos, inteiros, mais umas horas, só para ele, que também merece. Sinto-te cansado e eu também estou, que me conheço e sei ver os sinais. Revejo o meu dia mentalmente. Gente, horários, logísticas, confusão. Vejo a miúda/mulher do café onde fui de manhã com a Bea, a receber umas flores, com um abraço que a rodeou por trás e um sorriso que fez sorrir toda a gente do balcão. Vejo-lhe o marido/namorado a sorrir também com o presente que lhe deu, com aquela cara apaixonada, que só o amor apaixonado sabe fazer. Vejo a nossa mais velha a sorrir quando lhe digo que para aquilo não há idades, são coisas que não se medem, vivem-se e pronto e fazem sempre sorrir. Vejo a nossa do meio, apressada e risonha, a rir-se com o que lhe conto deste episódio de São Valentim. Vejo o riso de uma outra amiga delas, quando me pergunta querida, se também recebi flores. Revejo mentalmente a resposta que lhe dei. Penso em ti neste dia louco e em mim e em nós. Lembro-me da vida que vamos construindo e gosto do que vejo. Lembro-me do que penso às vezes, sobre ti e sobre mim, nas profundezas do meu ser. Lembro-me que hoje, quase não me lembrei do dia que é. Lembro-me que talvez isso queira dizer que AS DATAS SÃO FEITAS POR NÓS e que podemos vivê-las como quisermos. Lembro-me que aquilo a que chamam MATURIDADE talvez me faça pensar assim. Lembro-me que esta liberdade é o melhor de tudo e com esta ideia vou ficando certa e segura...

Já estás deitado, agora. Eu ainda por aqui vou cirandando, girando por estas terapias que invento para mim, com o meu tempo, as minhas coisas, os meus timmings e os meus silêncios. Mais um pouco e cederei ao cansaço e acabarei por me deitar também. Estarás lá ao meu lado, com a cama já quente e isso é o melhor de tudo. E nesse calor silencioso, sei que vou adormecer, ou chegar-me primeiro a ti, rendida a um espaço que é só nosso e onde me sinto muito bem. E sei que no fim, antes de adormecer, vou pensar que não há dias especiais para me sentir assim...
É só isto...



quarta-feira, 11 de fevereiro de 2015





BARREIRA DE SOM




E pronto, se calhar era isto... punha assim um capacete na cabeça e ficava como se estivesse dentro de uma cabine pressurizada de um avião, imune ao calor, ao frio, ao som... É tentadora, esta ideia, ou então aquela outra de fazer uma cura de sono, manterem-me os sinais vitais em funcionamento, mas estar desligada e dormir, dormir, dormir... Depois acordava e tinha uma série de coisas chatas que tenho para fazer, resolvidíssimas e feitas. Estaria fresquíssima, como uma alface de mercado e pronta para encarar a vida real, a pele resplandecente, o corpo vigoroso, o ânimo a mil.  É gira, esta ideia... pois é, mas irreal e fantasiosa, com um filme de ficção científica.
E como até nunca gostei muito desses filmes, o melhor mesmo é encarar a vida de frente, fazer as coisas em tempo e modos reais, criar os meus espaços, todos os dias um pedacinho, caber inteira nesta cabine que é a vida, sem pressurização, ou barreiras ao som...
Pois, é melhor... e se calhar até vou tendo os meus espacinhos na mesma, não? Sem curas de sono, ou capacetes super-sónicos...

domingo, 8 de fevereiro de 2015





SOBREVIVER


Falávamos sobre tudo e sobre nada e houve uma frase que retive: "quando há dinheiro, Paula, é tão fácil o amor".
Fiquei a pensar naquilo. Sim, havendo dinheiro, entre tantas outras coisas, também se alimenta o ego (nosso e do OUTRO), suprimem-se faltas, cuida-se do EU, trata-se do prazer, do deleite. Pode-se ir arranjar o cabelo quando nos apetece, espairecer no cinema, comprar isto, ou aquilo sem equacionar a verdadeira falta que temos ou não, almoçar e jantar fora, oferecer coisas sem fim, mimarmos e mimarmo-nos só porque sim, fazer uma viagem, investir no que nos apetece. Havendo dinheiro, é tão fácil o amor e a relação com o outro.  Acredito, no mais fundo de mim, que o dinheiro não traz a felicidade, acho que isso, todos nós, de bom senso sabemos, haverá sempre coisas que o dinheiro não compra, mas sei que pode iludir, facilitar, proporcionar e, facilmente, contribuir para uma ideia de felicidade que o bem-estar pode dar.

Enquanto falava com ela, ia-lhe ouvindo os relatos de uma vida feliz, de um percurso cheio de coisas boas, mas também de dificuldades inerentes à falta de dinheiro, trazida por instabilidades profissionais. Ouvi-a falar do esforço hercúleo de manter alguma sanidade quando tudo falta, do equilíbrio difícil de manter na relação a dois, dos problemas que se elevam a mil e a trezentos mil, aquando da falta de dinheiro constante. Conheço-a bem. Sei que é muito do seu otimismo e maneira de estar que leva o barco para a frente e admiro a capacidade que tem de estar (quase) sempre feliz, resolvida e equilibrada, num jogo constante de não hipoteca da esperança em melhores dias. E por inerência, admiro-o a ele também, aos dois, por conseguirem manter um casamento feliz, apesar de todas as dificuldades exteriores, que podiam, se eles deixassem, causar tanta mossa, tanto estrago.
Outros há que cairiam à primeira dificuldade, eu sei, porque gerir uma relação não é fácil, é complicado, é exigente, pressupõe esforço diário, gestão de frustrações, cedências e despojamento e isto, bolas, dá uma trabalheira muito grande e às vezes, não se está para isso.
Mas no fim, pode-se sempre resistir ao desgaste, sobreviver, porque se quer estar JUNTO, reinventar, recriar novas formas de ver o mundo, as coisas e nós próprios e essa descoberta não poderá ainda ser paga com dinheiro nenhum do mundo! Acho eu...



E por isso, este post é para ela... direitinho!


sexta-feira, 6 de fevereiro de 2015




GOTINHAS


- Então diz lá o que é o Estado Islâmico... - a resposta foi titubeante, nada segura, assim como que a medo, sem nada certo. Eu não queria acreditar!

- E os Jihadistas? Já ouviste falar, certo? - outra resposta assim como que meio gaga...  Também não me convenceu! Como é possível?

Pronto, o suficiente para que a mãe e o pai discorressem logo ali um sermão sobre cultura geral, sobre a importância de lerem, de ouvirem um bocadinho de tudo, de verem algumas coisas (poucas) que dão de jeito na televisão, de serem seletivos, de alargarem horizontes. Sim, alargarem o leque, das conversas, das experiências, das opiniões. Serem ambiciosos no querer saber, curiosos, atentos. O que importa não será o saber MUITO de tudo, mas talvez um pouco de cada coisa, que lhes permita falar sobre os assuntos com algum conhecimento, com algum envolvimento.  - Não achas triste seres uma aluna brilhante e não saberes depois falar de um assunto super atual? Não te podes fechar no teu mundinho, do teu estudo, das tuas matérias super bem sabidas, mas separadas de uma vida que está aí ao lado...
Pronto, se calhar exagerei... sei lá, comparando-os com outros... Mas sei que sou assim, inflamada e quem me conhece sabe que quando ponho o corpo todo a falar é porque a coisa é séria!
Têm tanto à distância de um click pequenino, é tudo tão fácil, tão imediato e no entanto, tão distante se estiverem distraídos. Há o sério risco de se inebriarem num mundinho de luzes e cores de faz-de-conta e eu, claro, não quero isso para nenhum deles e por isso, ponho a arder assim o discurso. O pai acompanhava-me neste diapasão de chamadas de atenção.
Não sei se vai surtir efeito. A do meio, sempre de resposta pronta, disse-me logo: - Oh mãe, quem te oiça vai achar que somos ignorantes, incultos -  enquanto o mais novo, repetia - eu adoro História mamã, eu adoro História ...
- Não querida, não são ignorantes, conheço-vos bem, mas fica certa que o que vos separa da ignorância pode ser muito pouco, se não estiveres atenta. É que, sabes, mesmo que vivesses num País que promovesse o teu acesso e o da tua família à cultura, facilitando a entrada em museus exposições, teatro, cinema, mesmo que tivesses tudo isso à porta de tua casa, o teu CONHECIMENTO do mundo, das coisas e da vida, vai depender em grande parte só de ti e da tua vontade e curiosidade...
E lá seguiu o jantar...

Eh pá, tenho que acreditar que alguma gota infinitesimal de tudo isto que lhes digo vá ficando, bolas!!!



  
P.S. Depois lembrei-me desta foto... é que o conhecimento
às vezes, pode ser assim como um farol na vida da gente...









quarta-feira, 4 de fevereiro de 2015




POCAHONTAS

Estava já a dormir profundamente. Aproximei-me devagar, acendi a pequena luz de presença e pus-me à escuta da respiração. Era pesada e regular. Sim, o sono era já profundo. Afastei-lhe um pouco o edredon, abri-lhe os botões do pijama. Por sorte estava de peito para cima. Mais fácil seria... Pus uma pequena quantidade na minha mão direita e esfreguei-lhe suave e firmemente o peito durante alguns minutos. Rapidamente o odor a mentol me/nos invadiu. Tornei a tapar tudo muito bem, como se quisesse impedir a saída daquele ar com sabor a pastilha. Aconcheguei-lhe outra vez o edredon, ajeitei-lhe o cabelo e beijei-a na testa. Sei que não sentiu nada, mas eu sim... Rumei para anos longínquos da minha infância, onde a minha mãe repetia este ritual sempre que estávamos constipados.
Não pude deixar de pensar em tantos meninos e meninas que não têm uma mãe que lhes faça isto antes de deitar, mesmo que já sejam crescidos e, sobretudo, não pude deixar de ir, levada pela minha memória que se escancarou, para os meus dias de menina feliz de 6, 7, 8, 10 anos.
Hoje, já não me pedes que te faça tranças, como pedias quando te chamávamos Pocahontas, és enorme e determinada, mas eu, mãe coruja para toda a eternidade, continuarei a fazer-vos isto, a persistir nestes e noutros gestos que faço todos os dias, antes de me deitar, como se só assim pudesse ir dormir (sempre tarde) em paz.
E que bem que me soube voar, levada pelo odor a mentol que te pus no peito!

Quem disse que a memória não tem cheiro?




terça-feira, 3 de fevereiro de 2015





Super power

Mãeeeeeeee!!

Hoje, esta foi a palavra mais ouvida cá em casa... Bolas, quem pensa que isto passa com a idade dos filhos, desengane-se: verdadeira hora de ponta, daquelas bem difíceis... Inglês, História, isto, aquilo, mais assim, mais assado, andei do segundo para o terceiro ciclo e secundário, como em voltas de carrossel, com filhos em "lista de espera" e tudo, para os mais diversos assuntos...O pai? Por aqui, mas com aquele dom da invisibilidade que adquire às vezes e que às vezes invejo...
Só agora me sentei, mas desconfio que a mais velha ainda me vai chamar...vá lá que ainda é só segunda-feira, pois a este ritmo, isto promete...

E assim se brincou nesta casa  antes de se lembrarem que o mundo ia acabar se não chamassem pela mãe!





P.s. Tenho 42 anos e é sempre pela minha mãe que me apetece chamar...