domingo, 28 de agosto de 2016




CENÁRIO PINTADO

que mais gosto nas férias é de andar de chinelo no pé. De não ter de me preocupar com o cabelo. De andar sempre super, hiper prática, de estranhar já quando tenho que pôr um simples rímel.  De escorrer o tempo em hábitos simples e rotineiros. De não ter horas. De saltar refeições só porque sim. De enganar biorritmos porque se contraria o habitual. De ter uma praia deserta a 300 passos de mim, se eu quiser. De estar na ria, ou na costa, ou no café, ou em casa, ou na rede, o que me apetecer. De ter sossego, dado também por filhos já grandes. De ler sem fim. De tudo isto que já tenho dito e que forma e completa as minhas férias. E disto já não abdico, pronto, finezas da idade!
E depois tu, que estás sempre lá, como se completasses um cenário pintado que já é o meu.
Os tempos que gosto de passar sozinha e que me estruturam, não compensam aqueles em que estou contigo, nestes cenários das nossas férias, ou em quisquer outros, como se o equilíbrio se encontrasse nesta dualidade.
Pois é! Fazes-me parte. Fazes parte. De chinelo no pé, ou de rímel nas pestanas e cabelo arranjado.
E é tão bom, isso...
LUV U!



domingo, 21 de agosto de 2016





ESTRANHICES
(cada um com a sua...)

Sinto-me um bocado estranha, às vezes, com esta minha compulsão da leitura. Sentir que prefiro mil vezes, às vezes, ficar com o meu livro de momento, a fazer aquela viagem única e só minha, do que ir aqui, ou ali. Às vezes, a sério, acho que tenho que dosear isto, para não parecer maluquinha de todo. Vou dizendo para mim própria que a idade me vai trazendo menos paciência para o que não gosto de fazer, mais impertinência para espaços e tempos que não vou suportando já tão bem e também aquela sobranceria tranquila que a maturidade traz, que é a de fazer MESMO aquilo que gosto. 
E depois, tenho amigas que partilham comigo este gosto, esta compulsão e, à boleia de conselhos trocados e/ou sugestões partilhados, caem-me no colo assim coisas destas, como este que acabei agora de ler, O ROUXINOL, de Kristin Hannah. 
Sendo uma leitora (quase) compulsiva, não sou expert em literatura, nem tenho um conhecimento exagerado de muitos autores, correntes, ou estilos. Leio porque gosto, porque me envolvo nas histórias, porque gosto de imaginar as personagens nos cenários descritos, porque enceto viagens para mundos que vou conhecendo melhor. Mas sou, sobretudo, sensível a uma boa história, que junte uma boa narrativa a um enredo interessante, personagens densas e acontecimentos decisivos, cenários inventados, ou reais, trama, suspense e humanidade. 
E este livro, que tem por detrás os factos históricos de uma França ocupada, traz até nós a vida de duas irmãs que representam outros tantos e tantas que sobreviveram e resistiram ao jugo nazi.
Sendo cada leitura uma viagem única e absolutamente pessoal (por isso é que há tantos livros e autores tão significativos para uns e tão indiferentes para outros) atrevo-me a remoer (e aconselhar) este, relembrando a história e o papel decisivo que as mulheres tiveram nos palcos mais esquecidos ( ou mais importantes) da guerra.

É que gostei mesmo do livro! E ler aqui, só pode ser bom, já agora...



terça-feira, 16 de agosto de 2016






AGOSTO


 


Para o bem e para o mal será sempre o meu mês de férias. Aquela altura do ano para a qual guardo projetos, decisões, descansos. Ou simplesmente aquela altura do ano em que me sinto anestesiada pelas ondas, calor e torpor, próprios de um verão a pique e de (alguma) inércia. Não luto contra isto. Estes dias sem horas e estas horas sem pressa. É assim, talvez um chamado do corpo a reclamar descanso, calma e tempo. Deixo-me levar sem fazer ondas. Sei que isto passará veloz, com um raio, mal me dando tempo para tudo a que me propus. Sei que breve, breve virá uma reentrada louca nos tempos e horas e prazos da vida de todos os dias.
E então deixo-me ir indo, nesta anestesia prazeirosa das férias, dando ao corpo aquilo que me vai pedindo e dando-me a mim, o imenso prazer (consciente) de estar anestesiada. 
Sem culpas...

(E tanto que me identifiquei com esta crónica...)
 


 

sexta-feira, 12 de agosto de 2016





WOW

(gigantesco...)


Letargia, anestesia, dormência. Podiam ser estas algumas das palavras que me caracterizam por estes dias. Após um ano intenso de trabalho e pressões várias e depois da viagem de que falei aqui, este descanso sabe-me a mais que merecido e toma laivos de egoísmo teimoso, porque sim, porque mereço, porque quero que persista, porque acho que é devido, porque não quero que me chateiem, porque, porque, porque...
Mas, e porque não vivo numa bolha, nem numa realidade virtual, acompanho o que se vai passando para lá deste meu mundo egoísta de férias. Incêndios, Olimpíadas, aviões russos, metas do défice e emigrantes lesados do BES, vão-me chegando aos ouvidos num ruído de fundo que nos devolve a outra vida, aquela que deixámos para lá das férias. Acompanho outros temas e assuntos, mais de foro pessoal e familiar, alguns com tons de perda, dor e menor alegria. Todos eles compõem este leque variado de vida, da vida que é minha também.
Mas volto ao meu egoísmo de férias e deslumbro-me com estas dunas e este mar que me rodeiam. Com este pôr-do-sol gigante todos os dias à minha porta. Com este vento na cara e este mar a 25 graus. Com esta areia fina e limpa. Com este eco do mar. Com estes hábitos simples que me equilibram: o ler na praia, o caminhar na areia molhada, o conversar com amigos, o estar às vezes sozinha só comigo e com as minhas coisas, o ler o jornal, o não ter horários, o escrever... Sem muita gente, sem muita confusão, sem festas top e gente famashow. Que bom, que bom.
Preciso disto! Como do pão para a boca. Talvez tudo isto me devolva a capacidade de encaixe para o que está para além de mim, para aquelas coisas que me chegam em ruído de fundo pelas notícias. Talvez tudo isto me prepare para novos arranques em setembro que está já aí. 
Pois é! E enquanto isso não chega, vou andando de espanto em espanto com o que esta natureza maravilhosa me dá, aqui, a toda a minha volta.
Este WOW gigantesco é mesmo maior que eu. Acho que me vou render a ele. E será mais que suficiente...



quarta-feira, 10 de agosto de 2016



E ENTÃO?
(os 22 anos depois?)

Tenho estado desejosa de me sentar a escrever este post, agora que a mega logística de um pós-viagem a 5 se vai apoderando de mim e a rotina que conheço vai tomando lugar, instalando-se sobranceira e espaçosa, agora para coisas minhas, muito minhas. 
Assim, 7 máquinas de lavar roupa depois e outras coisas que tais e já instalada no meu reduto familiar de férias, começo a processar a informação de tudo o que se passou durante esta viagem que fizemos de 8 dias. Apetece-me constatar que sim, 22 anos depois, esta viagem, a este sítio, teve, na mesma, o doce sabor e encantamento esperados: deslumbrei-me outra vez com as paisagens de postal que a Suíça oferece, olhei à volta e vi que não havia cantinho de que não gostasse, observei o sentido de organização oferecido, limpeza, ordem e disciplina, vi gente e mais gente e mais gente, unida por um ideal universal de fraternidade, que é o Escutismo (e que bom passá-lo para os meus filhos!), constatei interiormente e a cada minuto, que aos 44 anos reparo em coisas e em pormenores que aos 22 não reparei (e assim deve ser... será sinal de normalidade, certo?), revejo-me na alegria e reações das minhas filhas, deslumbro-me com uma Natureza exuberante, grandiosa e soberba que me devolve a cada minuto a sensação de pequenez que devo, para justa reflexão, ter, rejubilo com o facto e privilégio de estar a viver esta experiência a 5, com aquele núcleo que é meu, nosso, partilho com amigos estas sensações e colo mais uns mosaicos de coisas boas numa memória pessoal.
Haveria muito mais a dizer sobre esta viagem. Haveria até a possibilidade de se considerar que não foi uma viagem de sonho, já que teve a reboque uma logística grande que cansa e extenua, podendo ter-lhe tirado o sabor, mas acho que os sonhos são teimosos e  do tamanho que temos, que é o mesmo que dizer que têm a forma e cor que lhes quisermos dar e então, mesmo guardando a ideia de viagem de sonho para outra viagem que venha ainda a fazer, de KANDERSTEG, 22 anos depois, vou guardar uma doce e linda sensação. 
 LIVE THE DREAM, dizia-se por lá, no chalé Escutista. Pois é! E nestes 8 dias, o sonho foi do meu tamanho e dentro dele, coube tudinho o que por lá vivi. Mesmo...!