sábado, 31 de dezembro de 2016





12 PASSAS


Acho que o meu sentido prático de todos os dias, faz-me viver as datas e as coisas com isso mesmo, um sentido prático, despido de pompas e circunstâncias que às vezes só atrapalham. Assim, tenho alguma dificuldade em encher de solenidade datas como as de hoje, fazendo retrospetivas exaustivas do que foram os dias para trás deste (esquercer-me-ia decerto de alguma coisa importante e que chato seria isso...) e elencando desejos e anseios para os dias que se lhe seguirão. Vivo o dia de hoje e pronto. Confesso até que o início de cada ano letivo, 1 de setembro, é para mim esse sim, o início de um verdadeiro novo ciclo de rotinas, movimentos, ritmos e atividades depois da longa e deliciosa anestesia de férias.
Mas pronto, não retiro completamente ao dia de hoje a carga que o calendário civil lhe dá e procuro vivê-lo com a festividade possível e rotineira. Até levo as 12 passas e beberico o espumante como manda a tradição. 
E assim, rodeada de amigos, muitos, e a confusão saudável e habitual, passarei a meia-noite e fecharei os olhos para num trago de 12 passas resumir todos os anseios possíveis e desejados para o novo ano. Será um momento rápido e nunca exaustivo, esse da meia-noite e sei que o resumirei a uma ou duas palavras sentidas cá dentro, determinadas e gerais para nelas tudo o que anseio caber, assim como sei que uma onda suave de nostalgia me vai passar pelo pensamento em flashes, porque me lembrarei do Nuno e do meu pai, porque os quereria ali perto de mim, porque a lágrima fácil disso me lembrará, porque sou assim e não há nada a fazer e porque não sou completamente imune a estes determinismos de calendário que nos incendeiam o coração.
Mas também sei que estarei com este coração cheio e agradecerei todas as graças do ano que acaba e pedirei todas as outras para o ano que começa e que desconheço. E isto, contigo perto de mim, talvez até com a minha mão na tua, ou com a cabeça no teu ombro. Aí, nesse momento caberá tudo aquilo que quiser sentir. Sem ser preciso mais nada. 
Há maior graça?

FELIZ 2017



 

quinta-feira, 22 de dezembro de 2016




                                                                    


 -Cativar quer dizer o quê? - perguntou o Principezinho.                           
- É uma coisa que parece que toda a gente esqueceu- respondeu a raposa. -Quer dizer criar laços...                                                             
In, O Principezinho





CRIAR LAÇOS 


-Mas gosta, sim, acredito que goste. Mas quando se gosta, isso por si só não basta. Exige também algum esforço, alguma atitude da nossa parte, se não, é um gostar egoísta, é como que desequilibrado. De que importa o gostar se depois não se acompanha isso com atitudes de complemento, de atenção, se não há um esforço para regar esse gostar? Mesmo que seja um esforço pequenino, proporcional àquilo que podemos dar?
Acenava, concordando.
Esta conversa com ela fez-me pensar em tantas relações que existem assim. Relações variadas, entre pessoas variadas, pautadas por vínculos preciosos que ligam as pessoas entre si. Tantas relações que são egoístas, desregradas, calculistas, de certo modo. Gosta-se, mas desde que isso seja fácil, sorridente, descomplicado. Gosta-se desde que isso não exija esforço nenhum, gosta-se num mundinho confortável de zona de conforto bem definida, onde aquilo que passa a fronteira X e Y já não cabe nesse GOSTAR, porque dá trabalho, porque incomoda, porque chateia.
Pois é... E assim se vai vivendo, acreditando-se piamente que se gosta e que se faz tudo por esse gostar. E às vezes quase nos convencemos mesmo de que estamos certos, certíssimos, numa sobranceria egoísta que nem nos faz pensar. 
E é importante termos consciência disto, assim como é importante sermos verdadeiros nas relações, dizermos o que pensamos, não abdicarmos do que nos é essencial, termos uns afetos transparentes e sinceros. Afetos sinceros. Afetos transparentes. Afetos saudáveis. 
É que um gostar a sério é isto, sabias? Esta mistura de verdade e transparência, transparência e verdade. Se assim não for, gosta-se a brincar, só. E não ficamos equilibrados, acho eu...

P.S. E estas coisas do GOSTAR aplicam-se a todas as relações na vida que quisermos criar... a todos os laços que quisermos unir... e isso é a parte mais gira. 

terça-feira, 20 de dezembro de 2016




PRAZERES

Andava no quinto, ou sexto ano, já não sei bem. Lembro-me da escola exata em que era e por isso sei que só pode ter sido no quinto, ou no sexto ano, pois foi nessa altura que andei nessa escola. Lembro-me da sala onde tínhamos a disciplina de Português e lembro-me da Biblioteca de Turma que fazíamos. Qualquer coisa como um sistema de papelinhos onde escrevíamos o nome do livro que nos era atribuído e a responsabilidade que tínhamos depois de o comunicar à turma, de forma oral, expressiva, por palavras nossas. Não sei já precisar muito bem como fazíamos, penso que era rotativo, este sistema e lá íamos nós ficando viciados no livro a ler e a transmitir depois à turma. Não sei se a periodicidade era semanal, quinzenal, ou mensal, já não me lembro. Lembro-me bem da professora e do entusiasmo que punha nisto, de como nos arrastava para esta paixão pelos livros. Não me lembro de todos da turma, não me lembro se esta adesão era de todos, ou só de alguns, mas lembro-me do MEU ENTUSIASMO. De como desejava que aquelas aulas chegassem e de como devorava os livros que me eram atribuídos. Assim como me lembro da coleção dos CINCO que eu e o Nuno fizemos, comprando os livros à vez, com as nossas "semanadas". Assim como me lembro da coleção da Condessa de Ségur que devorei na infância, da PATRÍCIA, um pouco mais tarde e de tantos e tantos outros que me ficaram na memória. Até hoje. Esta paixão nunca mais acabou. Este formigueiro, esta agitação para ir ler a história, para estar sozinha com o livro, para desfrutar deste prazer individual e tão único que um bom livro me dá. Esta escapadela para ler mais um capítulo, este acompanhar das personagens, este beber da mensagem, filtrando, absorvendo para mim, construindo conhecimento, selecionando informação.
Talvez tenha tido a professora certa na idade certa, o livro certo, no momento certo, talvez tenha vivido numa altura em que, não havendo tantos focos de dispersão como há hoje, a leitura tenha assumido o seu pleno papel, talvez tenha nascido assim com este gosto já... Talvez. Mas o que é certo é que é um prazer do caraças, este, fogo...



P.S. E agorinha vou ali ler mais um capítulo ou dois, que não resisto. Por isso é que é um tormento levantar-me cedo de manhã...
Pois... prazeres!

terça-feira, 13 de dezembro de 2016



E PORQUE...

https://www.facebook.com/carlos.ferrinho.9/videos/1393930367304093/

E porque no final de diazinhos difíceis e intermináveis, o melhor que tenho és tu, são vocês.
E porque no meio de tarefas que não acabam, enfastiantes e chatas o meu pensamento voava para ti, que fazes anos.
E porque é isto que faz sempre um coração de mãe.
E porque o segredo de muitos dias é este: dar-lhes na mesma sentido, mesmo quando as horas não correm como queríamos.
E porque a felicidade pode estar assim, metida em dias difíceis.
E porque há 19 anos que preenches a minha/nossa vida de forma tão plena.
E porque tenho tanto orgulho na menina/mulher que és.
E porque és uma filha querida que me ajuda a ser mãe.
E porque te amo daqui até à lua.
E porque, não podia deixar de vir aqui hoje, nos teus anos, escrever-te.
E porque adorei o vídeo que o papá fez.
E porque não resisti a pô-lo aqui.
E porque...

É isto...

LUV U.



segunda-feira, 5 de dezembro de 2016





"MAMÃZICES"

Tens uma maneira de falar que é muito agradável de ouvir, quando tens tempo e quando estás "virada para a conversa". Expressas-te muito bem e tens uma capacidade de análise apurada, que te faz ser eloquente e lúcida. Para além disso, és organizada e ponderada. Revejo-me um pedacinho em ti, nalgumas coisas, que a senhora genética, aproximou-te mais do lado paterno que do meu, é certo, mas revejo-me sim, na expressividade e simpatia que julgo, serem tuas imagens de marca, na maturidade e discernimento. E depois, és especial, acho eu, como acharão certamente todas as mães do mundo, de todos os filhos que tenham. E hoje, não são para aqui chamados os defeitos que, na graça de Deus, também tens, como eu.
Os teus irmãos enchem a casa e povoam-me ao seu jeito avassalador, barulhento e ENORME (neste momento, a tua irmã estuda Filosofia, em voz alta, no quarto e o teu irmão canta - deve ler-se GRITA - no banho). Sinto-me uma mãe afortunada, pela saúde que todos têm, pelo quê de especial de cada um, pelo seu jeito, a sua forma, pelas coisas que vejo em cada um deles, pelo crescimento e rapidez com que a vida os/vos preenche. 
E esta segue, descontraída e apressada, os dias surgem uns atrás dos outros, sempre agitados e cheios de coisas para fazer. Vivo de coração cheio e sinto-me descontraída e pacificada com a tua ausência. Afinal, é uma ausência relativa, suavizada por duas horas de distância e por Skipes e outros que tais
que nos ligam a uma rede de proximidades diárias. Depois, também não sou uma-mãe-muito-lamechas-acho-eu, mas tenho saudades tuas, o que queres e isso, acho que vou sentir sempre... de cada um de vocês, sempre que saírem de perto de mim. Afinal, acho que vou ter sempre esta asa de galinha gorda ...



Um bj, princesa.

sexta-feira, 2 de dezembro de 2016






SELFIES PARVAS EM DIAS NORMAIS



O dia acordou preguiçoso, como eu acordo sempre quando posso dormir até tarde. Choveu bastante de manhã e o tempo passou-se por entre afazeres e preguiça doméstica. Tão boa, esta sensação de casa-e preguiça-e-preguiça-e-casa...
Não fizemos nada de especial no resto do dia, ou de deslumbrante, ou de inesquecível, ou de mágico, insólito, exêntrico. Não fomos a nenhum sítio hit, cheio de gente. Não fizemos compras de Natal. Não corremos atrás do relógio para cumprir compromissos parecidos aos que sempre temos. Não nos afogueámos em pressas sem sentido.
Não. O que fizemos foi tão normal, que corre o risco de ser desinteressante. Mas é esta normalidade que te devolve a mim, àquilo que conheço de ti, àquilo que gosto em ti, àquilo de que não prescindo.
E é desta normalidade que é feita a redescoberta que faço sempre: o amor precisa de toque e cheiro e dia-a-dia e conversas e risos e diálogos e projetos e zangas e perdões e sorrisos e expressões e de outras coisas normais e é assim e só assim, nessa normalidade, que ele sobrevive de verdade. 
Foi um dia maravilhoso.

P.S. A foto não é das melhores, mas o céu estava lá atrás de nós, azul e deslumbrante.