quinta-feira, 29 de setembro de 2016





GOSTO TUDO DE TI...


Nunca li um livro do Lobo Antunes. Só as crónicas da VISÃO. Mea culpa, se calhar, mas de facto, nunca "colou" o tipo de escrita dele. A exeção única, foi o livro "D'este viver aqui neste papel descripto" - Cartas de Guerra -, da D. Quixote, 2007 (ver link), uma coleção das cartas (de amor) que escreveu à sua primeira mulher durante a sua comissão na guerra colonial em Angola, quando tinha 28 anos e da qual resultou agora a adaptação ao cinema, com o filme "Cartas de Guerra".
Lembro-me, desse livro lido há muito, sobretudo da intensidade do amor vivido à distância forçada, da necessidade de pautá-lo diariamente com um registo diário de saudades, feitos e desventuras, do papel e importância da escrita para registo de memória futura do tamanho das saudades, da ternura, do que se sentia e lembro-me também de uma expressão usada pelo autor, que era GOSTO TUDO DE TI.
Gosto tudo de ti. E este GOSTO TUDO DE TI substituía o GOSTO MUITO. E ele dizia-o sem parar, imprimindo ao que escrevia uma carga de sentimento que, me dizem, ser apanágio deste autor.

Esta expressão ficou-me na lembrança. Sim, lembro-me muitas vezes dela e uso-a também. Uso-a com a consciência plena de que é uma expressão feliz, porque GOSTO MESMO TUDO DE TI.  E isso sobrevive às vezes que me irritas, às vezes em que estou estou zangada, às vezes em que ficamos assim, longe um do outro com a carga dos dias a pesar sobre nós. GOSTO TUDO DE TI, porque apesar de tudo isso, dessas coisas do dia-a-dia de pessoas (e casais) normais, este gostar subsiste e enche-me a alma de forma plena.
GOSTO TUDO DE TI... acho que já te tinha dito!



P.S. Estamos bem mais novos nesta foto, mas claro, não se nota nada... 
 

terça-feira, 27 de setembro de 2016





SEM DRAMAS


A partir dos meus 13, 14 anos não me lembro de ir com a minha mãe às compras de roupa. Quando tínhamos de o fazer, ela marcava-nos um limite de podem gastar X e nós íamos aviar-nos, sem dramas, comprando ao nosso gosto, sem stress, com uma supervisão atuante, mas à distância, de uma mãe super prática. 
Acho que lhe herdei o espírito prático e ainda bem. Em tudo na vida tem-me sido de uma mais-valia suprema. Descomplica procedimentos, agiliza-os, torna-os responsabilidade maior dos próprios sujeitos e não faz colidir gostos pessoais.
Faço o mesmo agora com as minhas filhas: "- Meninas, o que vão comprar? Ok, hoje o plafond é de X..." e lá vão elas, satisfeitas e eu, espero-as, satisfeita também.
Há coisas que não se podem mudar. Feitios, paciências e maneiras de pensar. 
Continuarei a não ser uma mãe típica de adolescentes nesta área e elas continuarão a saber aviar-se sem mim colada atrás delas. É que estou lá, presente à mesma, atuante, opinativa, mas de forma mais indireta, cá atrás, sim, porque pedir-me para andar atrás delas de loja em loja e outra vez e mais outra e outra ainda, é como pedir-me para ir arrancar um dente. E isso nunca é agradável, acho eu. E também acho que deve ser mais ou menos esta cara que faço quando o tenho de fazer.




Lembrei-me que há 4 anos,  no primeiro post deste blog, já eu dizia isto!
Pois... Coisas que já não mudam!

Ah e P.S. Quando tenho de o fazer, faço-o, sobretudo quando sei e vejo que isso lhes é importante e faço-o sem dramas também, mas como dizia neste post antigo, elas já me arrumaram bem nas suas cabecinhas e eu agradeço-lhes!

quarta-feira, 21 de setembro de 2016





MALHAR EM FERRO QUENTE?
Valerá a pena?

(sempre achei que os ditados populares encerram sabedoria... da certa!)



Opá, não resisti a vir logo aqui escrever isto. Identifiquei-me completamente com o que aqui se defende.
Identifiquei-me com este projeto e com esta forma de trabalhar. Percebi a dificuldade de fazer passar uma mensagem à qual não é fácil aderir. Percebi a dificuldade de se arranjar uma equipa assim e de se poder, de forma sistémica, entrar na estrutura do ensino e mudar paradigmas. Percebi quanta coragem é necessária para isto, quantas adesões a esta forma de trabalhar, quanto empenho e "desbravar de mato" que se tem de fazer. Percebi, porque não sou ingénua, quanta sorte se tem de ter à mistura, para se conseguir "caldear" todos estas factores de forma favorável. Pensei nos meninos e meninas que conheço tão inteligentes, tão capacitados, mas tão desenquadrados, tão resistentes a aderir a este sistema antigo e desadequado de ensino, punitivo, espraiado em metas e competências que não lhe são significativas. Pensei em todos os meninos e meninas que podiam brilhar, cantar, dançar, pintar, na escola e que não o podem fazer, porque se desenha para eles um esquema de ensino balizado principalmente em algumas áreas e não noutras. Percebi a importância de se trabalhar com os Pais, com as famílias, trazendo-as e sobretudo, envolvendo-as com a escola. Percebi que tudo isto leva tempo, para testar, aplicar, maturar. E percebi que tempo, é uma coisa que quase já não há. Para nada. 
Mas pronto, gostei deste senhor diretor e desta escola pública. É a prova de que existe gente desta por aí. Sei que há muitos outros diretores, muitas outras escolas que quereriam poder aplicar também tudo isto e que não podem, não conseguem, não têm tempo, não têm o tal dado da sorte a ser-lhes favorável, não têm a equipa adequada. Eu sei... 
Mas, mesmo assim, quero louvar aqui a coragem deste e de muitos outros que conseguem. É que não podemos mesmo continuar a malhar em ferro quente! Há coisas que não funcionam mesmo e já todos vimos isso há muito...



P.S. Lembtrei-me desta foto de uma atividade de  Pré-Escolar , onde o IMAGINAR/SONHAR/RIR/ esteve tão presente...
TENHO TANTAS SAUDADES DISTO...

terça-feira, 20 de setembro de 2016






PALCO GIGANTE





Às vezes lembro-me desta foto e da ternura que me inspira. E hoje, passou-me pelos olhos...
Nunca tive uma irmã (tenho dois irmãos maravilhosos), mas esta foto inspira tudo aquilo que sempre imaginei que duas irmãs pudessem ser. Cúmplices, amigas, parceiras de confidências, leais, diferentes, sim, diferentes uma da outra, mas complementares no amor e na vida que possam partilhar. Porque o amor toma forma e é verdadeiro, mesmo na diferença. 
O mar lá ao fundo inspira-me ao futuro, reservado à sobranceria de quem não se revela, mas certo, certinho como um tiro que nos espera a todos. E o vosso abraço, inspira-me à ternura que espero que vos ligue sempre. Mesmo com arrelias, mesmo com irritações próprias de duas irmãs que são (muito) diferentes. Mesmo com diferenças de idade, de postura, de formas de encarar o mundo. Mesmo com espaços e tempos próprios de cada uma. É assim que deve ser. Um palco gigante onde os afetos subsistem e vos ligam. E eu, como vossa mãe, intuo que é assim que será. 

P.S. Juro que vou amarrar o Pedro e tirar-vos uma foto assim aos três!    

terça-feira, 13 de setembro de 2016



RISCOS NO CÉU

E agora pronto, é deixar-te voar e seres tu a fazer os riscos no céu. 
Cá por mim/nós ficamos cá por baixo a aquecer-te o ninho que continuará sempre a ser o teu. 
Bons vôos, princesa!!



P.s. Haja coração-plástico-de-mãe-que-tem-que-estar-preparado-para-isto... Ufa!!

sexta-feira, 9 de setembro de 2016







ESCADINHA

Disse-me ontem que eu "lhe tinha ensinado" que aquilo que dizemos aos filhos, fica sempre lá, mesmo reminiscente, para mais tarde, ou mais cedo se manifestar como uma semente boa que dá sempre fruto, mesmo quando a terra não presta. (Fui eu que te ensinei isso, tia querida?? Não terás sido tu a mim?)
Mas pronto, quero crer que sim. Quero acreditar que as vozes da mãe (e, no meu caso, por osmose, do pai) irão sempre fazer eco nas suas vidas como uma ressonância teimosa, que os devolve às raízes, à essência maior do seu núcleo. Quero crer que tudo o que a mãe lhes diz, mesmo que tenha agora ares e vozes de parvoíce sem sentido, possa orientar-lhes os passos no futuro, como se nós tivéssemos sempre que voltar a uma raiz forte que nos segura à terra, nos dá o norte e nos permite depois voar.
Pois é! Na escadinha de filhos que tenho, na diferença de feitios, personalidades, maturidades, formas e modos de estar, tenho que ser mestre nisto de não me anular, dizendo-lhes sempre o que penso, com palavras certas e claras, olhar seguro e tom firme, observando e ouvindo na retaguarda e agindo, por instinto e razão, sempre que acho necessário, não deixando esquecer assuntos, mesmo que nem sempre se encontrem os momentos certos para os abordar, já que aqueles nos parecem fugir.
E sobretudo, tenho que acreditar, acreditar muito que algo lhes fique, como se o seu degrau na escadinha dos irmãos, tivesse sido encerado, ao longo do tempo, com uma cera especial. Daquelas que brilham sempre e cheiram bem.

Pois!... Coisas de mãe, estas. Mas é isto, é mesmo isto, não há volta a dar!

sábado, 3 de setembro de 2016






SAUDADES






Hoje farias 46 anos e as saudades que tenho de ti são sempre incontáveis e não passam, mesmo arrastadas pelos anos. Por isso, foi para esta foto da minha e tua doce infância que olhei de manhã, lembrando-me deste dia, no Jardim Escola "A Luzinha", vestidos (ou semi vestidos, que a paciência da mamã para estas coisas não era quase nenhuma...) de Carnaval! 
Gosto de ver os nossos braços dados e o meu sorriso de irmã mais nova que, apesar de mais nova, arrastava-te tantas vezes para aquilo que eu mais gostava de fazer. E tu ias, ias sempre. 
Tenho muitas saudades tuas, Nuno e queria ter-te aqui perto de mim, a contar-te as coisas da minha vida, a ouvir-te rir, genuíno, como te rias, a ouvir-te falar e a saber o que achavas de todas elas. A seres o meu irmão companheiro, tão diferente de mim, mas tão meu, tão cúmplice. A seres comigo irmão e irmã do nosso João pequenino, agora homem. A estares comigo, connosco, aos domingos na casa da mamã. A recordarmos juntos o papá...
Gosto da espécie de anjinho gordo "de moldura" que nos segura aos dois.
Quem sabe seja perto de um destes que tu estás. Bem, claro, claro que sim, porque o céu merece pessoas como tu, eu sei...
Mas tenho saudades, só isso e por isso, este dia vai ser sempre especial. 
LUV U!