sexta-feira, 9 de setembro de 2016







ESCADINHA

Disse-me ontem que eu "lhe tinha ensinado" que aquilo que dizemos aos filhos, fica sempre lá, mesmo reminiscente, para mais tarde, ou mais cedo se manifestar como uma semente boa que dá sempre fruto, mesmo quando a terra não presta. (Fui eu que te ensinei isso, tia querida?? Não terás sido tu a mim?)
Mas pronto, quero crer que sim. Quero acreditar que as vozes da mãe (e, no meu caso, por osmose, do pai) irão sempre fazer eco nas suas vidas como uma ressonância teimosa, que os devolve às raízes, à essência maior do seu núcleo. Quero crer que tudo o que a mãe lhes diz, mesmo que tenha agora ares e vozes de parvoíce sem sentido, possa orientar-lhes os passos no futuro, como se nós tivéssemos sempre que voltar a uma raiz forte que nos segura à terra, nos dá o norte e nos permite depois voar.
Pois é! Na escadinha de filhos que tenho, na diferença de feitios, personalidades, maturidades, formas e modos de estar, tenho que ser mestre nisto de não me anular, dizendo-lhes sempre o que penso, com palavras certas e claras, olhar seguro e tom firme, observando e ouvindo na retaguarda e agindo, por instinto e razão, sempre que acho necessário, não deixando esquecer assuntos, mesmo que nem sempre se encontrem os momentos certos para os abordar, já que aqueles nos parecem fugir.
E sobretudo, tenho que acreditar, acreditar muito que algo lhes fique, como se o seu degrau na escadinha dos irmãos, tivesse sido encerado, ao longo do tempo, com uma cera especial. Daquelas que brilham sempre e cheiram bem.

Pois!... Coisas de mãe, estas. Mas é isto, é mesmo isto, não há volta a dar!

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