sexta-feira, 6 de fevereiro de 2015




GOTINHAS


- Então diz lá o que é o Estado Islâmico... - a resposta foi titubeante, nada segura, assim como que a medo, sem nada certo. Eu não queria acreditar!

- E os Jihadistas? Já ouviste falar, certo? - outra resposta assim como que meio gaga...  Também não me convenceu! Como é possível?

Pronto, o suficiente para que a mãe e o pai discorressem logo ali um sermão sobre cultura geral, sobre a importância de lerem, de ouvirem um bocadinho de tudo, de verem algumas coisas (poucas) que dão de jeito na televisão, de serem seletivos, de alargarem horizontes. Sim, alargarem o leque, das conversas, das experiências, das opiniões. Serem ambiciosos no querer saber, curiosos, atentos. O que importa não será o saber MUITO de tudo, mas talvez um pouco de cada coisa, que lhes permita falar sobre os assuntos com algum conhecimento, com algum envolvimento.  - Não achas triste seres uma aluna brilhante e não saberes depois falar de um assunto super atual? Não te podes fechar no teu mundinho, do teu estudo, das tuas matérias super bem sabidas, mas separadas de uma vida que está aí ao lado...
Pronto, se calhar exagerei... sei lá, comparando-os com outros... Mas sei que sou assim, inflamada e quem me conhece sabe que quando ponho o corpo todo a falar é porque a coisa é séria!
Têm tanto à distância de um click pequenino, é tudo tão fácil, tão imediato e no entanto, tão distante se estiverem distraídos. Há o sério risco de se inebriarem num mundinho de luzes e cores de faz-de-conta e eu, claro, não quero isso para nenhum deles e por isso, ponho a arder assim o discurso. O pai acompanhava-me neste diapasão de chamadas de atenção.
Não sei se vai surtir efeito. A do meio, sempre de resposta pronta, disse-me logo: - Oh mãe, quem te oiça vai achar que somos ignorantes, incultos -  enquanto o mais novo, repetia - eu adoro História mamã, eu adoro História ...
- Não querida, não são ignorantes, conheço-vos bem, mas fica certa que o que vos separa da ignorância pode ser muito pouco, se não estiveres atenta. É que, sabes, mesmo que vivesses num País que promovesse o teu acesso e o da tua família à cultura, facilitando a entrada em museus exposições, teatro, cinema, mesmo que tivesses tudo isso à porta de tua casa, o teu CONHECIMENTO do mundo, das coisas e da vida, vai depender em grande parte só de ti e da tua vontade e curiosidade...
E lá seguiu o jantar...

Eh pá, tenho que acreditar que alguma gota infinitesimal de tudo isto que lhes digo vá ficando, bolas!!!



  
P.S. Depois lembrei-me desta foto... é que o conhecimento
às vezes, pode ser assim como um farol na vida da gente...









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