MARQUINHAS NO CORAÇÃO
Sou Educadora de Infância há 21 anos e gosto muito daquilo que faço. Imaginei-me fugazmente a fazer outras coisas, mas eram sempre relacionadas com crianças, elas compunham sempre este ramalhete dos projetos e das antevisões profissionais. Há 11 anos que trabalho na rede pública do Ministério da Educação, um senhor patrão muito mal reconhecido e ingrato, mas pronto, é aquele que tenho, gigante e impessoal e é com ele que vou resolvendo as logísticas profissionais de um sistema ingovernável que nem sempre premeia os melhores e nos trata como números. Sei de tanta gente tão boa a quem nem sequer é permitida uma colocação... (este post, hoje, é um bocadinho para eles e elas... todos!).
Tenho tido a sorte de, por onde passo, deixar sempre um rasto de afetos que depois me vai seguindo pela vida, acompanhando-nos uns aos outros, com maior, ou menor assiduidade, mas com uma marquinha que fica no coração da gente...
Por isso hoje, no final de mais uma reunião de Pais, onde falei com o coração e partilhei imagens e vivências escolares tidas ao longo do ano, onde vi e senti tanto afeto por mim e tanto reconhecimento pelo meu trabalho, me sinto tão bem, com o coração tão insufladinho de coisas boas e com tanta certeza de que tenho, devo, quero, contrariar a tendência do comodismo e da água que vai com a maré gigantesca, contra a qual parece que nada podemos fazer, para continuar a inovar, diferenciar, respeitar, defender o pré-escolar que para mim, é o terreno mais importante para as "sementes" da autonomia, integração e sucesso.
Nunca serei nada sozinha e por isso, agradeço sempre às pessoas que comigo trabalham, sei que sem uma boa equipa, nada passa para fora. Espero ter podido ajudá-las a fazer brilhar um bocadinho o olhinho, quando falam da Pré, da nossa querida e às vezes tão mal-amada Pré...
Sei que no futuro vou ter outros meninos e meninas, pais e mães, escolas e equipas, sucessos e insucessos. Sei que o patrão vai continuar a ser injusto, gigante e impessoal, sei que vai continuar a tratar-nos como números e siglas, sei que vão continuar a haver marés gigantescas de dificuldades, mas também sei que no meu íntimo, só serei número se quiser, porque cá para estes lados mando eu e hoje, o meu sorriso brilhou mais que estas flores... acho eu!
(Obrigada a todos por mais uma marquinha no coração!!!)
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