quinta-feira, 20 de novembro de 2014





E O QUE DIZER DISTO?


Pediram-me que falasse sobre o Pré-Escolar, de como se poderiam adaptar a ele uma série de coisas, da sua especificidade, de como se conjugam, nesse ciclo, adultos e crianças num mesmo espaço, para um mesmo objetivo, do teor técnico, mas também lúdico de tantas coisas e de como é possível juntar tudo isso com sucesso... e lá comecei a falar... O pedido foi repentino, não tinha nada pensado. Lá parei o carro, não fosse o diabo tecê-las, já que estava sem alta-voz. Ao ritmo do som do pisca à direita, lá fui falando.
A ALMA ABRIU-SE-ME. Falei absolutamente de cor de um amor que domino. Falei com ênfase, percebi, e o silêncio do outro lado, reforçava-me o ânimo e dava-me a convicção de que o que dizia ecoava no lado de lá da linha. Sei que quando se fala de algum amor profundo, desarmamos quem nos ouve, causamos impacto, porque aquilo que dizemos se torna eloquente e vindo do fundo da alma, ficando GIGANTE.

Tive uma professora assim. Sempre que falava, tudo lhe vinha de dentro, parecia-me e, por isso, acho que destoava tanto (para melhor) de algumas outras. Foi sempre uma referência para mim, quer nos anos de formação académica, quer depois, ao longo da minha prática profissional e um dos motivos que encontro para isso é imperativamente este: falava do Pré-Escolar assim, com este amor enorme e absolutamente lúcido e cheio de coisas importantes de dizer e de fazer, tornando-o num ciclo de vida e de ensino absolutamente essencial e às vezes, tão mal tratado e reconhecido.
Hoje lembrei-me dela. Não porque me possa comparar-lhe, mas porque intuí que estava, por breves minutos, a causar no outro, uma sensação parecida com aquela que ela me causava, quando a ouvia falar.
E é assim, quando se fala de um amor antigo. E mesmo quando vamos descobrindo novos mundos e novos amores, o que dizer daquele AMOR que nos abre a alma assim?




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