sexta-feira, 14 de novembro de 2014




CRUSH ON HIM


(do inglês, que quer dizer "queda por ele"...)

Meio da tarde. Todos no carro, ao rubro, entre atividades. A do meio tomou a dianteira e dizia à irmã: -Sim, Bea, ela tem um crush por ele, dos fortes... Risos, dela e do mais novo, que ia a reboque da conversa!- Sabes o que é um crush, mãe? 
- Sim, Sofia, sei... mas diz-me, onde é que ela o conheceu? 
- No Twitter. E pronto, essa verdade assumiu-se como suprema de entre todas as outras. Não perdi a oportunidade. - No Twitter? Oh Sofia, como é que se fica com um crush por alguém pelo Twitter? E disparei:- Então e não se viram? E ela não lhe viu as mãos, não viu como fala, se a boca sorri enquanto fala, se os olhos brilham? Eu, cá por mim, tenho que ver, sentir o que os olhos me oferecem, perceber a expressão, o olhar, olhar para as mãos... como é que ela vê as mãos dele no Twitter, ou no Twitter dá para ver as mãos, não dá, pois não?... 
- Oh mãe... - e risos, muitos risos pelos meus gestos e ênfase oferecido às frases!  A condução seguia descontraída e olhou-me espantada. Sim, sei que entre graça e alguma sobranceria adolescente, às vezes me olha assim e eu também sei que não me anulo, e esta oportunidade era quase de ouro
- Qual oh mãe!... Eu tenho que ver a pessoa, Sofia, percebê-la, há sempre um brilhozinho nos olhos, um risinho ao canto da boca que a parede virtual não mostra, o que pensas? Há coisas que não passam de moda querida, é o que é, e isto não é virtual!  Qual Twitter...
 - Vês, a mamã sabe o que é um crush, Sofia... - dizia-lhe o irmão que ia pescando as graças da conversa de hoje.
E eu, altaneira das minhas certezas, lá seguia por esta cidade, ligeira e apressada com eles a reboque. Lembrei-me de alguém que me dizia no outro dia que as viagens de carro são ótimas para organizar a vida, ter conversas e decidir e algumas logísticas com os três filhos e, de facto, assim o é. Às vezes surgem assim conversas destas, a despropósito, que afinal acabam por ter o MAIOR dos propósitos. O riso da do meio, ecoava ainda por aqui, mostrando-me a maravilha que é ter-se 14 anos, mas sobretudo o que recordo é o ar assim-meio-nostálgico-e-sonhador-da-mais-velha, que, quando eu falava na importância de olhar para as mãos de alguém, dizia: - Ya Sofia, ya...

Acho que haverá sempre coisas que não passam de moda, é o que é...




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