quarta-feira, 15 de outubro de 2014




UPLOAD DE MEMÓRIAS...


Fui ao velório acompanhada por uma amiga. Estava pouca gente àquela hora e sentámo-nos as duas perto de alguém que também conhecíamos e que era também comum ao falecido. Recordámos as três as histórias que nos contava, as graças que nos dizia e também a afeição que, sabíamos, nos tinha. Recordámos tantos e tantos episódios acerca dele e rimos com ternura, reinou ali entre nós, por momentos, um clima respeitoso, mas leve e prazenteiro, diferente de alguns semblantes que nos rodeavam. Não me apressei a analisar o que me rodeava, saí de lá a correr, como a correr ando sempre àquela hora do dia, com logísticas para resolver e filhos para apanhar aqui e ali e fui pensando nele e na vida cheia que sei que teve. A pressa foi-me levando para o presente e para tudo o que me rodeava no HOJE e acho que acabei o meu pensamento acerca dele com um sorriso, lembrando-me do que me dizia sempre acerca da minha alegria de viver.
Sigo um blog muito giro, de uma Sofia que me parece simpática e hoje, nesse blog, vi um post interessante sobre a dor da perda de alguém...

Não há receitas para essa dor. Não há uma prescrição médica, de algum analgésico poderoso, psicotrópico, ou estupefaciente que no-la tire, que a faça desaparecer e que nos devolva essa pessoa. Todos esses químicos serão, quando muito, de duração momentânea e não vitalícia. Essa dor ficará incrustada em nós como uma tatuagem e, mesmo quando suavizar, deixar de arder, ou de picar com o sol, estará sempre lá, dentro das profundezas de nós, acompanhando-nos e moldando-se à nossa vida de todos os dias, porque essa dor, será para sempre, crónica como uma doença. 
O que sei é que para este falecido, ou para quaisquer outros, qualquer que seja a ligação que lhes temos, ajudará sempre a lembrança das alegrias, dos risos, das graças e daquilo que tinha de bom. É isso que fará o upload da memória que dele (a) guardamos.
E assim, de upload de memórias feito, podemos sorrir nos velórios e acho que esse será sempre o melhor dos tributos a quem morreu. E esse tributo, eu já lhe fiz.


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