terça-feira, 29 de dezembro de 2015



GENÉTICA

Sim, sei que às vezes chocamos de frente, porque somos igualzinhas, só por isso, porque falamos com o corpo todo e porque temos a emoção à flor da pele. Sim, não somos racionais, ou contidas como o papá, ou a mana, ponderadas e metódicas, como eles. Sim, somos mais como que um-vendaval-numa-noite-de-verão, que arrasta consigo tudo o que vê à frente, impiedoso e rebelde. Sim, sentimos as coisas com essa força que só nós sabemos dar, inflacionando-a e tornando-a gigante. 
Pois, sei que é assim, ja tenho dito isto aqui. Assim como sei que és maravilhosa e podes ter o mundo na mão, com a força dos teus 15 anos. Basta quereres e mesclar isso com doçura e humildade, respeito pelos outros e humor, muito humor, aquele que te faça rir de ti própria e do que te envolve. Aquele que te deixe também perceber todas as lições que podes tirar do que te rodeia.
É assim, às vezes dá-me para isto e sei que também nisso somos parecidinhas.

A genética é tramada, não foste tu que o disseste?




P.s. Adoro esta foto...

domingo, 27 de dezembro de 2015





O SOM DO SILÊNCIO


E sossego, o que mais gosto, cada vez mais é de sossego, um bom filme, um bom livro, pantufas nos pés, um chocolate quente e nada de horários, pressas e confusão! Assim, quase que a ouvir o silêncio. É que ele tem som, a sério...
Fogo, 'tou mesmo a ficar velha...  ( ou então mais exigente, sei lá...).







sábado, 19 de dezembro de 2015





FELIZ NATAL
(e sorte grande...)


O sossego devolve-nos a calma e a forma certa de olhar para as coisas, dando-lhes tudo aquilo de bonito que elas têm, como se tivessem todas uma cor e um cheiro que só com calma vêm até nós. A pressa de todos os dias se calhar tira-lhes um bocadinho do verdadeiro tom e da verdadeira cor. 
Pude preguiçar hoje sem hora marcada de manhã. Pude estender-me numa esplanada de sol algarvio e deixar o pensamento organizar-se por cada um dos assuntos pendentes que por aqui paira. Pude organizar-me sem ter de ir a correr para sítio nenhum. Pude almoçar muito tarde, sem culpas de atrasos chatos que andam sempre atrás de mim. Pude sentar-me contigo no jardim de casa sem ser preciso falar. Pude sentir que sim, a felicidade acontece assim do mais simples que há e às vezes sem falar. Pude olhar para tudo e ver nestas coisas um bocadinho de nós, com história e peso e tanto para contar. Pude ver que sim, as coisas têm o peso e sentido que nós lhes quisermos sempre dar. Pude sentir-te ali assim, quieto ao pé de mim, só ali sem mais nada. Pude saber que sim, que é esta a sorte grande, a de te ter, comigo, todos os dias, assim só, inteiro, grátis, completo e só para mim. 
Pude sentir o Natal, aqui já tão perto e saber que se calhar ele é só assim... simples e terno, quieto e seguro, forte e sentido. E é só este Natal que quero hoje partilhar.
Às vezes, basta só isto...



FELIZ NATAL

segunda-feira, 14 de dezembro de 2015







SABORES

(daqueles que perduram em nós...)






E pronto, agora acho que vou ficar assim quietinha a digerir a ENORMIDADE de coisas boas que este dia teve. Com estas que ponho aqui e tantas outras, enchi o coração e agora preciso, a sério de digerir isto, assim como se estivesse ainda a saborear, de tão bom que foi.
Há dias felizes, mesmo...

quinta-feira, 10 de dezembro de 2015





AI, A TERNURA....

A minha mãe comentou no meu último post..." a revolução da ternura traz sempre realismo e beleza à vida"...
Pois é... a ternura! Gosto de imaginá-la a impregnar os heróis românticos dos filmes, dos livros e da vida de uma aura de não-sei-o-quê que os torna irresistíveis, mesmo que bravos, duros e (suposta e erradamente) maus. Gosto da frase, atribuída a Che Guevara, "nem o maior revolucionário abandona a ternura", gosto de imaginar que teremos sempre essa capacidade de nos enternecermos e de enternecer, mesmo quando às voltas com as maiores revoluções, nossas e dos outros... Gosto de constatar que sempre gostei disso num homem, que isso sempre fez a diferença...
Sim, sou lamechas, eu sei... mas e agora? Acho que já não mudo...


segunda-feira, 7 de dezembro de 2015



FORMIGUINHA


Estás a dias de fazer 18 anos, como é possível? Supostamente deveria escrever este post nesse dia, seguindo a tradição da alma cheia nos vossos dias de anos, mas este blogue nunca terá um guião rígido de escrita, será sempre temperamental como aquelas atrizes de cinema que enchem a tela e parecem querer sair, diretas para o coração da gente.
Sim, minha princesa, estás prestes, prestes a fazer 18 anos. Tenho um mundo de coisas para te dizer e um mundo de coisas para te oferecer, daquelas que não se vem, ou quantificam, mas que pesam na vida da gente e colam os vários pedacinhos uns aos outros, tornando-nos inteiros. 
Vou guardando essas coisas todas para mim, no segredo do meu coração, fazendo aquilo que só as mães sabem e conseguem: velar por ti mesmo acordada, de olhos bem abertos para ti e para a tua vida de todos os dias.
No dia em que fizeres 18 anos não te vou ver de forma diferente; vais continuar a ser para mim, a minha formiguinha, o meu primeiro bebé, aquele com quem eu aprendi a ser mãe, um pedacinho, preparando-me para este dom que me preenche inteira e que se completa com os teus irmãos.
Oferece-te à vida, minha linda, recebe-a sempre, com a generosidade própria de quem tem 18 anos, com a alegria e doçura que sabes pôr naquilo que te rodeia.
Para mim, vais continuar a ser a minha pequenina, mesmo que tenhas 18 e mais 18 e mais 18, até seres velhinha e já não precisares de mim.
Acho que vou aproveitar estes dias até AO DIA DOS TEUS ANOS para te namorar assim, acordada, enchendo o coração de muitas coisas boas. Afinal, não é o que todas as mães fazem, mesmo quando não se faz anos? 
Pois...



sexta-feira, 4 de dezembro de 2015




PROFESSORA, POSSO DIZER-LHE UM SEGREDO?


Não há receitas únicas para o sucesso, nem há uma linha reta que nos faça ir em frente, sem desvios. Não há certezas de nada, nem situações ideais e tão perfeitas que nos tirem o ar. Não há só umas maneiras certas de trabalhar, nem soluções imediatas para casos difíceis, nem escolas de revista, com sistemas de ensino brutais, de tão (quase) perfeitos que são. Não há só colegas simpáticos e cooperantes e abertos. Não há só coisas simples que não nos tirem o tempo para eles e para elas e para só estar e gostar de estar. Não há uma sensação avassaladora de dever cumprido todos os dias. 
Não, não há nada disto, não há só isto, mas quando sou abordada, como fui, por um aluno com NEE, que me escolhe a mim para desabafar e para abrir o coração, em particular, professora, porque estou muito nervoso, estas coisas todas ganham sentido e volta ao pensamento a esperança e a confiança e a certeza de que sermos referência, qualquer que ela seja, será sempre caminho certo para a aprendizagem e envolvimento.
Ah, pronto, as tais parvoíces que não concorrem para as metas, o tal exagero, se o miúdo até é NEE, faria isso com qualquer pessoa, ah e tal que inflacionamento de um episódio tão banal. Pois, ok... mas o olhar que me passou e a escolha que por mim fez, o tremer das mãos e a voz entre cortada, o rubor na cara e o olho de confiança, esses já ninguém me tira e é a isso sim senhora que me quero agarrar e é disso sim senhora que tiro todas as outras ilações, só porque isso me devolve sentido e só porque isso reveste isto que faço de significado.
O resto, pois o resto, cá estarei para enquadrar, que remédio!



P.S Por NEE leia-se Necessidades Educativas Especiais.

terça-feira, 1 de dezembro de 2015




E PORQUE JÁ É DEZEMBRO...




Sim, sei que é um cliché e sim, sei que nesta quadra aparecem milhentas coisas destas: canções novas, vídeos novos, spots publicitários que apelam ao melhor de nós, anúncios que nos lembram tudo o que devemos ser e tudo o que não fomos (somos) ao longo do ano. E tudo isto acompanhado com músicas apropriadas e que puxam ao sentimento, àquele tantas vezes esquecido nos outros dias todos do ano. 
Eu sei.. é verdade, isto. Mas este vídeo, para além de entrar nesse contexto todo, trata também de uma realidade nua e crua da nossa sociedade ocidental: a velhice e a solidão, juntas, juntinhas, ligadas com um nó invisível e pesado que pode tornar a primeira deprimente e a segunda inevitável.
Ora eu não quero considerar a primeira deprimente, nem a segunda inevitável. Quero continuar a ter uma ternura enorme pelos velhinhos, mesclada com sensações de reverência e respeito pelo peso dos anos que carregam e pelas experiências que podem contar e tornar-me melhor. Quero sonhar que terão o estatuto de anciãos, sábios e chefes, como nas tribos e cultura africanas. Quero continuar a achar que nos vão encher a vida de afetos, como eu dizia aqui e não a ser fardos pesados de uma sociedade que não sabe o que lhes há-de-fazer. Quero dizer aos meus filhos que os avós (e todos os mais velhos, por analogia) merecem o seu respeito e consideração e que devem priorizar nas suas vidas preenchidas os momentos para estarem com eles, como se isso fosse uma verdade inabalável. E também não quero considerar a segunda inevitável e (quase) resultado linear e inexorável da primeira.
Gosto de imaginar vidas de filhos assim, adultos, vibrantes, preenchidos, ocupados, mas cheios do mais importante também: respeito, ternura e, sobretudo, prioridade por quem lhes antecedeu e a quem, provavelmente, devem tanto e tanto.
Só assim fará sentido isto tudo... o brilho, as cores e tudo o que anda agora à nossa volta... e nos intoxica um bocadinho, acho...


segunda-feira, 30 de novembro de 2015




COISAS QUE NÃO MUDAM E VIDAS DE MÃES...

http://agridoceedoce.blogspot.pt/2014/09/nervos-esfrangalhados-e-o-que-fazer.html?spref=fb&m=1


Hoje lembrei-me tanto deste post antigo...
Pois...


sexta-feira, 27 de novembro de 2015






COISAS EM CATADUPA E OUTRAS VERDADES...

Este post, deste blog fez-me pensar nisto. Lido com muitos miúdos, de várias idades. Sei que lêem pouco, discutem pouco, preocupam-se pouco com questões que lhes sejam alheias. Salvo raras exeções, percebem pouco do que se vai passando à sua volta, mesmo que tenham um acesso à informação super privilegiado e super diferente do que era antigamente. Essa informação chega-lhes em catadupa e não param para filtrá-la, interpretá-la, retirar-lhe tutano e sumo, para que se transforme em conhecimento. Para isso, seria preciso tempo e serenidade, para processar essa informação, coisas que eles não têm facilmente, atabalhoados em vidas apressadas e cheias de coisas para fazer. Às vezes acho que o excesso de estímulo, os atordoa, como se ficassem encadeados e tontos como uma mosquinha à volta da luz.  E depois, muitas vezes, acabam por achar que o melhor é mesmo não assumirem nada, não tomarem posições, não vão para aí arranjar problemas. Pois...
Acho que esse pode ser o pior dos males... Gente amorfa, nem quente, nem fria, sem opinião, sem amplitude de conhecimentos, sem saber conversar, sem interesse pelo que se passa à sua volta, sem ângulos de visão diferentes daquele do seu mundinho colorido, virtual e egoísta. Sim, estou cáustica, mas este é um assunto recorrente lá em casa. Digo-lhes que serão muito mais interessantes e encantadores se forem pensantes, opinativos, consensuais e respeitadores, mas sem se anularem do que pensam. Este equilíbrio de forças terá que ser uma descoberta, mas é o único caminho possível para se tornarem irresistíveis.
Haverá coisa melhor que um homem ou mulher que pensam?
Pois, também acho que não...




segunda-feira, 23 de novembro de 2015






SENHORES DO MEU AMOR MAIOR

São três e cada um deles diferente dos outros. São três e cada um deles me suscita uma preocupação diferente. São três e para cada um tenho que ter um prisma de análise diferente, como se os olhos fossem os mesmos, mas a lente tivesse que mudar. São três e deles me traz, o dia-a-dia, conversas diferentes, dilemas diferentes e sorrisos diferentes também. São três e todos e cada um senhores do meu maior amor. São três e por cada um tenho que me superar e agir, às vezes, sem livro de instruções, baseando-me só num ingrediente que uso em todas as receitas: a intuição. 

Fogo, ainda bem que estás comigo nisto. É que nos meus amores maiores ainda cabes tu, inteiro e isso dá-me outra força, a sério...
Luv u!



domingo, 22 de novembro de 2015





CINEMA, ADORO SEMPRE...


E pronto, lá fui ao cinema fazer um bocadinho o gosto do fim‑de‑semana passado. Fui sozinha, ao final da tarde. A sala estava semi-cheia. Bom filme! Adoro o Chiwetel Ejiofor acho-o super charmoso e talentoso, gosto da Nicole Kidman e da Júlia Roberts. Um drama/ policial bem interpretado que nos leva até aos meandros da natureza humana, aos esquemas políticos por conveniência e à amizade leal. Levou-me até à questão: Até que ponto a vinganca nos liberta?  Bem a propósito nos dias de hoje, achei... E lembro-me da cena em que o ator principal diz qualquer coisa do género depois de constatar uma vinganca consumada: " é que parece que tens um milhão de anos"...
Adoro cinema, por isto, por este remoínho de sensações, esta viagem para coisas fora de nós...
Foi um final de tarde perfeito. Só faltou uma coisa: teres ido comigo...



E aqui fica um cheirinho...













quinta-feira, 19 de novembro de 2015






JE SUIS PARIS

(ainda Paris...)

Estava à espera da Diretora de Turma à porta da sala de professores. Tinha qualquer coisa na mão. Fui eu que o apanhei, assim de fugida e disse-lhe que a professora não estava agora ali. Pediu-me que lhe entregasse a vela. - Para que queres tu dar uma vela à professora? - É para pôr ao pé do meu desenho - disse-me quase em surdina. Espreitei, de relance e não vi nada, onde estaria o tal desenho?  Mas que sim, que ficasse descansado que lhe daria a vela. Ficou na minha mala até ao dia seguinte. Não vi logo a colega e no dia seguinte tinha-me eu esquecido da vela. -Trago-ta amanhã, ok? Afinal disse ao miúdo que ta dava! Ela explicou-me o que era. O miúdo tinha feito um desenho da Torre Eifel e queria, porque queria pôr lá a vela, perto. Olhei para o desenho. Estava noutro placar. Lindo, super bem feito, com um dístico a dizer JE SUIS PARIS, isto vindo de um miúdo que tem tantas dificuldades no resto, em quase tudo o resto. Gostei do gesto. Gostei da lembrança. Gostei do grande que é um miúdo destes fazer isto, assim, sem mais nada. O desenho lá está. A vela também. Gostei, a sério. Apeteceu-me dizer à colega, diretora de Turma, com quem fiz sintonia logo desde o início, que sim, tudo o que defende para aqueles meninos e tudo o que defende para a escola passa por aqui, por acolher gestos destes, vindos de meninos destes, de onde se espera tudo menos um desenho lindo e uma vela por Paris.
Ufa! Às vezes respiro de alívio por nem tudo estar perdido...




P.S. E ontem, um amiguinho contou-me que perguntou, na escola, o que era isto do que aconteceu em Paris e do Estado Islâmico e tal e que lhe responderam que não eram assuntos para discutir ali...
Pois... 

quarta-feira, 18 de novembro de 2015





ESTALOS NA CARA...
(às vezes dão para acordar...)




Quando lia por aqui, por estes caminhos blogosféricos, estas palavras, desta mulher que admiro, pensava que, de facto, há coisas infinitamente maiores que nós que têm que nos devolver a pequenez que temos e de que somos feitos. Há coisas infinitamente maiores que nós que reduzem ao ridículo dos nossos dias e horas muitas das preocupações que temos, tão mesquinhas, tão insignificantes. Há coisas tão maiores que nós que têm que nos dar estalos na cara, dia a dia, hora a hora, esbofeteando a nossa soberba e mania das grandezas. Há coisas tão maiores que nós, tão maiores, tão maiores...
Está-se assim hoje, cá para estes lados. Sem paciência para mesquinhices, segundas intenções, dilemas existenciais de quem não tem mais nada para fazer, pensar, ou ser. Sem paciência para explicações exaustivas de coisas que são claras como a água, mas que outros não entendem, porque não querem, não questionam, não pensam, porque são formatados a esquemas que sempre tiveram e não querem deixar de ter. Eu, como tenho... mais que fazer, mais que pensar e mais que ser e sobretudo, porque não me quero esquecer de que há coisas maiores que eu, aí por todo o lado, que reduzem estas de que falo, ao que são mesmo, PORCARIA, acho que por hoje tenho dito! 
A sério!...



segunda-feira, 16 de novembro de 2015




PARIS


Sempre fui otimista, sempre achei que as coisas, no geral, acabam por correr bem e sempre achei que pensar muito sobre elas, às vezes, não nos faz bem. Por isso, dei sempre um quê de arrojado à minha vida, arriscando aqui e ali, desta ou daquela forma, fazendo mais assim, ou mais assado, muitas vezes sem uma rede completamente pensada, ao milímetro, por baixo. Não, não sou leviana e sim, peso prós e contras e enquadro-os na minha realidade, mas acho que um quê de aventura, risco, futuro, romance, até, darão sempre pitadas de sal que dão sabor. Mas isto sou eu... 
Agora, para isto, para esta iminência do mal em todo o lado, do medo, do imprevisível horror que nos pode, em forma de bomba, cair em cima, não estou preparada, não quero estar preparada, não quero convencer-me que terei (teremos) de passar a viver assim, como se esse medo e horror tivessem que passar a fazer parte de nós de forma tão automática que levem a definir maneiras de estar e posturas que temos na vida. Com todos os riscos de dizer agora um lugar comum, quero passar aos meus filhos a ideia de que têm que ser otimistas e felizes, acreditar na Humanidade e pensarem que o mal existe sim, existirá sempre, mas o bem pode ser (é) infinitamente maior e melhor. Quero que percebam que não vivemos num castelo de princesas, onde a história acaba sempre bem, com aquela frase linda do "viveram felizes para sempre", mas que pensar em finais felizes nos dar-nos-á sempre uma sensação boa, trazendo ao de cima os nosso melhores sorrisos.
Pensar assim pode dar ideia de que sou ingénua... Pois, é outro risco que corro. Mais um...  Mas na verdade, o que eu acho é que é apenas uma vontade de não desistir. Se desistir, não estarei morta já?

P.S. Estive em Paris numas férias maravilhosas, com o meu filho mais novo na barriga. Será sempre essa lembrança de luz, otimismo, felicidade e futuro que terei quando pensar em Paris.

sexta-feira, 13 de novembro de 2015





APETECIA-ME...





Apetecia-me, amanhã, acordar às 11 da manhã e ficar a fazer ronha. Esquecer-me da casa à minha volta e fazer uma inspiração prolongada de nada, só de ar e preguiça de fim‑de‑semana. Apetecia-me ir almoçar fora, com requinte e sossego e depois ficar numa esplanada a ler, apanhando este sol de novembro que dizem vir de lendas e histórias que passam para nós. Apetecia-me depois ir ao cinema e beber um café, daqueles com natas verdadeiras e um pauzinho de canela para mexer. Apetecia-me ver um compacto das minhas séries na televisão e deitar-me contigo, mesmo que não tivesses visto nada, mas estavas ali comigo, porque sim. Apetecia-me acordar com sol, fazer uma corridinha rápida ou caminhada, almoçar peixe grelhado e pronto, olhar para a casa um pedacinho para também não parecer mal. Apetecia-me comer umas castanhas assadas, de um cartucho cheio, sem nenhuma estragada e ficar com as mãos sujas das cascas farruscadas. Apetecia-me passear ao fim da tarde, ver pessoas e sítios que com a calma têm outra cor e outro som. Apetecia-me ler mais mais e ficar de pijama cedo, à tardinha, com pantufas nos pés, preparando a semana que ia entrar e deitar-me tarde outra vez, porque é sempre assim quando o fim‑de‑semana acaba. Apetecia-me ter-vos a todos por ali comigo, a juntarem-se aos meus programas, mas sem pressas ou correrias, só juntinhos porque sim, faz parte e é minha já, esta realidade que adoro. Apetecia-me ter-te a ti, só para mim, com calma, como acontece sempre que a pressa não anda atrás de nós.
Pois é.. 
O meu fim-de-semana não vai ser assim... Nem de perto, nem de longe. Mas também sei que o mundo, a vida, as coisas e as pessoas têm muitas cores diferentes... e momentos... e tempos e espaços. 
E não é que somos felizes também?

sexta-feira, 6 de novembro de 2015




LUNCH DATE


Há sim coisas que ficam por dizer, escondidas atrás da pressa dos dias. Há sim coisas que aguardam dias bons e melhores momentos para serem ditas. Há sim coisas que cedem ao sono e ao cansaço e às urgências sentidas do diálogo. Há sim coisas que, se quisermos, são esquecidas sem dó ou piedade. Porque a vida corre, porque nela somos levados, se deixarmos...
Mas como as prioridades na nossa vida somos nós que as fazemos e as urgências somos nós que as definimos, não as queremos mesmo esquecer e continuam vivas e límpidas cá dentro do nosso cérebro e pensamento. Depois, é só priorizarmos o dia bom e o momento certo para as dizer. Pormos isso na agenda, como aquelas marcações importantes que não podemos (nem queremos) esquecer. 
E é por isso que resulta. É por isso que não nos anulamos ou desviamos do essencial. E é por isso que o equilíbrio se vai mantendo, mesmo ao fim destes anos todos. E é por isso que te descubro sempre. E gosto de cada pedacinho.
Fogo, adoro os nossos almoços...



segunda-feira, 2 de novembro de 2015



PACK COMPLETO

Serás sempre encantadora se fores assim. Serás sempre interessante e marcarás sempre pela diferença. Nunca te esqueças disso: a eloquência, a verdade, o conteúdo, tornar-te-ão sempre naturalmente sedutora e irresistível. Mesmo quando se diz e apregoa que não é isso que atrai. É sim, filha, é isso que atrai, que marca, que torna único e maravilhoso e que torna o resto ainda mais lindo, como se isto da beleza tivesse direito a um pack completo. Filtra a informação, processa o que te vai acontecendo, redefine objetivos, antecipa maneiras de estar e posições e ri, ri muito do que te vai acontecendo. Isso purga azares e dá-te uma leveza que só a inteligência emocional e o riso sabem dar.
O resto, bem, o resto a vida te irá dando, princesa, sem grandes stresses e com a calma dos anos a passarem por ti.
E eu sei que serás uma mulher maravilhosa. Ou não fosse eu a tua mãe...



Lembras-te do post dos Bombons? Pois...

http://agridoceedoce.blogspot.pt/2015/06/bombons-era-girissima-parecia-uma-boneca.html?m=1




terça-feira, 27 de outubro de 2015





A MELHOR PARTE


Atirei em todas as direções como faço sempre que estou muito cansada. Levei tudo a eito e pobre de quem está por perto perto. Tu estás (quase) sempre por perto e, por isso, apanhas por tabela. Mas depois isto passa, como um vento que quase sempre muda com a maré. Já sabes como é. Já aprendeste a lidar com isso. Horas mais tarde já se fala de outra forma, já se consegue rir do assunto e de tudo o que nos irritou, já se sente o exagero posto nas mãos e braços e voz e até se percebe que não era para tanto, mas pronto, o ser-se assim torna-nos um bocadinho genuínos, quero crer. Aí puxas-me para ti e recebes-me neste amor que me tens. Esta é sempre a melhor parte e aquela que gosto de tornar eterna. Por isso (te) escrevo disto, por isso recordo, por isso falo...
Agradeço-te por essa melhor parte. Por já saberes sempre o que tens que fazer. Tão simples, tão certo, tão bom...

P.S. Obrigada...

quarta-feira, 21 de outubro de 2015




MÃE PORREIRA

Há coisas que é NÃO e é mesmo NÃO sem grandes justificações. Nem sempre me apetece justificar e nem sempre acho que o tenha que fazer. Sei que por norma o faço, mas também sei que nem para tudo precisaria. E é assim: quando há razões de fundo, de princípio, essenciais que me fazem dizer que não, não há grande volta a dar: é não mesmo! Se desistisse disso, desistiria daquilo que é absolutamente essencial, a sinceridade e a essência do meu papel de mãe. E é também por isto que sou tua mãe e não uma amiga porreira, da tua idade. E mesmo que não percebas bem, também sei que te centras na firmeza, na veemência esclarecida e na segurança e, no fundo de mim, também sei que sou sim, uma mãe porreira e que estas e outras coisas te dão (vos dão) segurança. 
Afinal, quem disse que a regra não presta?


sexta-feira, 16 de outubro de 2015



VÉNIAS... muitas!



Enquanto te ouvia pensava que tenho, de facto, muita sorte. A eloquência com que me contavas, retratava bem a força com que acreditas no que dizias. Senti-me tão orgulhosa naquele pedaço de tempo, com um orgulho dado pelos anos e por provas dadas da tua integridade e caráter.  Continuas um homem giro e isso, sabe-me sempre bem constatar. A paixão é isto também, não será? Esta misturas de coisas boas, com força física e deliciosa. Esta história de ter filhos saudáveis um homem maravilhoso com quem partilho risos e lágrimas, um trabalho que me preenche, redes de afetos e de amigos que me sustentam e equilibram, saúde, saúde, saúde, minha e dos meus, é a maior riqueza e tesouro que se pode ter. Perante estas coisas, é fazer vénias, gratas à vida, tantas, tantas vénias que não me deixem quase desfazer o sentido de gratidão e humildade que devo ter perante dádivas assim. E tudo isto aumentou exponencialmente enquanto me lembrava dela. Um ror de coisas de seguida que me comtou... Desemprego, doença, violência doméstica, mais desemprego, mais divórcio, mais lágrimas e desespero. O meu cérebro ouvia-a, mas agitava-se tambem depois numa rede de sinapses que me mostravam, noutro écran neuronal, a minha vida, as minhas coisas, tão diferentes, tão felizes...

Pois é... o respeito que sinto pelo que ouvia dela tem que ser proporcional à gratidão, a tal que me devolve a humildade e me tira culpas que não tenho. E é essa gratidão, sentida sempre e por tudo que me restitui a cada dia o equilíbrio.
Acho que é isto...








segunda-feira, 12 de outubro de 2015




Como numa teia...

Vou fazê-lo sempre! Dar-te a minha opinião acerca das coisas será sempre uma característica que quero manter, porque sou tua mãe porque tenho opinião sobre as coisas, porque tenho mais 25 anos que tu, porque já tive a tua idade e já passei por tudo isso. Vejo agora as coisas com outra lente e isso, dar-me-á sempre legitimidade, quase como uma autoridade que é natural e existe, sem se impor.
As opiniões, querida, valem o que valem e são tão pessoais como a roupa que se usa, mas são (devem ser) verdadeiras, sinceras e cheias de uma coisa que faz sustentar as diferenças: respeito. Pensarás sempre pela tua cabeça, como mulher que já és e ainda bem. Não te quero submissa e pouco pensante, mas deverás encarar diferenças de opinião como uma mais-valia para o entendimento possível que este, ou aquele assunto tem.
Um dia, quem sabe, darás tu a tua veemente opinião a alguém, a um filho, ou a quem queiras bem e aí, vai saber-te maravilhosamente a sensação de dever cumprido, mesmo que, na teia de afetos que te ligue, nem sempre se pense da mesma maneira.
No fim de tudo é maravilhoso sentir que as diferenças de pensar não questionam o amor... Sabes? Acho que até o fortificam, tornando-nos ligadas numa teia forte de coisas boas.
Um beijo, princesa!




terça-feira, 6 de outubro de 2015




Palco vivo, grande e grátis

Ontem, no dia dos anos do Pedro, o assunto veio à baila outra vez. Porque sim, porque não precisará nunca de grandes justificações para vir à baila, basta que haja irmãs e irmãos, para que falemos disso, da forma como nos relacionamos uns com os outros, da naturalidade, mas também do cuidado que uma relação entre irmãos pressupõe.
Lembrei-me hoje, durante o dia de um post velhinho, de 2012, onde falava da relação entre irmãos. Lembrei-me de um outro também, em que isto das relações, dos irmãos e das irmãs, vos era dito, com veemência e determinação, com aqueles tons e ares que se põem quando se fala de coisas tão sérias que vêm lá do fundo, lembrei-me que tudo continua atual e tudo, sei, continuará atual, desde que hajam irmãos e irmãs e pais e mães conscientes do que querem dizer aos filhos.
Terem-se uns aos outros será sempre e sim a vossa maior riqueza, maior que qualquer outra que possam vir a ter, experimentar, usar, ou querer. Terem-se uns aos outros dar-vos-á sempre um palco vivo, grande e grátis de práticas de afetos, zangas, mimos e reconciliações, onde tudo o que dizem os manuais de Psicologia se experimenta e põe em prática. Terem-se uns aos outros dar-vos-á sempre a oportunidade de experimentarem um amor gratuito, imediato, próximo e vitalício.
E isso é maravilhoso. 
Eu, como mãe, tenho que vos dizer isto sempre, quando me apetece e também quando intuo que quase se esquecem, porque acredito nisto, porque acho importante, porque me anularia se não o dissesse, porque há verdades que quase se esquecem se ninguém nos lembrar, indo atrás da pressa, dos dias e das coisas. E como esta verdade é tão grande e tão imensa, ainda bem que não a digo sozinha. Ganha outro peso, acho eu e Deus queira que vos fique aí dentro, pairando-vos no coração e tornando-se valiosa para vocês também.


P.S. A foto é velhinha, eu sei, mas será sempre uma das minhas preferidas.

domingo, 4 de outubro de 2015





SEGREDO

(e se não existir segredo nenhum?)

Às vezes dizem-me que tenho a relação ideal, o casamento ideal, uma junção de sorte e de sei lá mais o quê que faz com que as coisas resultem, um acaso feliz que me aconteceu quando encontrei em alguém esta sintonia e isto que me dizem faz-me sentir, às vezes, um pedacinho alienada, sou sincera. 
Não tenho nada disso, mesmo! Sou normalíssima, do mais normal que há e igual a tanta e tanta gente que conheço que tem relações assim como a minha. Estou a lembrar-me destes e destes e destes e daqueles e mais aqueles e mais aqueles... Pois sim, o (algum) sucesso não é exclusivo nosso e a partilha desta sensação com tantos outros que conheço dá-me uma ideia de cumplicidade que é maravilhosa e que a mim, particularmente, me faz sentir bem, identificada... Devolve-me alguma normalidade que me acho devida...
Não sei o que levará os outros a pensarem como descrevo nas primeiras frases. Não sei que antídoto acham que temos que não lhes cabe, que magias sobrenaturais acham que faremos para que a nossa relação dure assim. Não sei mesmo...
Talvez o importante seja saber-se bem o que se quer e depois ir fazendo a vida girar e contornar-se à volta disso. Não sei se será o suficiente, mas que é um princípio basilar, isso é de certeza. 
E depois... bem, depois algum romantismo, alguma lamechice saudável em doses proporcionais a cada relação, à medida de cada gosto, vontade e enquadramento, saudades, vontade de estar com, querer estar com, segredar, contar, partilhar, zangar (também), discutir, abdicar do que não é essencial, fazer valer o essencial em doses saudáveis para os dois, sonhar, projetar, conversar e chorar quando o que se sonha e projeta não acontece, rir, ouvir, falar e calar em doses iguais, acreditar, sobretudo acreditar e imaginar um futuro partilhado e isto pode ser muito bom.

Se quero chegar a velhinha com o meu mais-que-tudo? Gostava, a sério... (embora diga sempre que não vou chegar lá...) Se a ideia de ter um parceiro e um projeto de vida para a vida, me atrai? Sim, atrai-me muito... Se o meu equilíbrio passa pela vida que tenho com ele e que se estende depois aos miúdos? Passa, sim senhora... Se isso complementa o resto? Complementa sim senhora... Se a minha vida com ele me preenche, mas não  me tira espaço para mim e para as minhas coisas? Não tira não senhora... Se em mim cabe tudo, tudinho, como o eu, o nós e o eu e o nós outra vez? Cabe sim senhora... Se para tudo isto é preciso uma pitada de sorte? Pois, talvez... 
Então e se afinal o segredo for um bocadinho disto tudo, assim, sem mais nada de especial? Pois então... afinal, é simples e não tem mesmo segredo nenhum!




P.s. E depois, às vezes, mesmo após dias cinzentos, mesmo com muitos anos já que nos fazem já não ser MENINOS e MENINAS pequenos, há assim mensagens destas que nos enchem um pedacinho a alma...
Se são lamechas? Se calhar... mas assumo o risco... Sem dramas!

segunda-feira, 28 de setembro de 2015





MÃOS CHEIAS DE NADA

(será?)


Disse-me que o miúdo está na sala dela. Tem agora 5 anos e esteve comigo aos 3. A mãe referiu-lhe que ainda lhe pergunta por mim, às vezes. Lembro-me bem dele. Muito caladinho e sossegado, com uns olhos enormes, cheios daquela curiosidade que quer comer o mundo. Também me lembro bem da mãe. Pessoa simples, muito simples, mas de uma simpatia tão genuína, que me apetecia pô-la no coração, como a todas as pessoas que acho genuinamente simpáticas.
Há dias, outra colega... -não param de perguntar por ti...- Com estes estive o ano passado, algumas vezes por semana, só, mas pelos vistos bastou para lhes ter sido importante, com uma importância que só as crianças sabem dar e sentir. Mesmo que aos 18 anos já não se lembrem de mim, sei que por um prazo de tempo, lhes fui significativa e também sei que no tempo em que esse prazo se deu, tantos imputs importantes se foram marcando na personalidade deles. Isto não é conversa fiada, mas claro, é um discurso que custa a colar agora, por estes dias, na era da eficácia e do resultado.
Pois é... e este pensamento tem pairado por aqui, assim solto como uma folhinha ao vento, mas que vai e volta, vai e volta... 
-Que bom, penso, que bom isto que me dizem. Fico com a certeza que é por aqui. Fico com a certeza que os afetos fazem despoletar o resto. Fico com a certeza que só os afetos tornam as aprendizagens significativas. Fico com a certeza que ainda bem que faço o que gosto. Fico com a certeza que o resto vem por acréscimo. Fico com a certeza de que isto é meio caminho andado para a tal eficácia que se apregoa. Fico com a certeza que a minha natureza será sempre assim. Fico com a certeza de que mesmo quando só se tem mãos cheias de nada para oferecer, a dádiva, a entrega e algum rigor se sentem pelo sorriso e pela forma como se fala. Fico com a certeza que preferirei sempre que os meus filhos façam aquilo que gostam, impregnando isso de capacidade de relação e afetos esclarecidos. Fico com a certeza que sou um grandessíssimo ET, mas pronto, assumo o risco.



P.S. Ah e obrigada às colegas que partilharam comigo este miminho! Sei que também são, as duas, tal e qual assim...   


sexta-feira, 18 de setembro de 2015




ASAS DOS PAIS, LEQUES DE GENTE E PASTILHAS GORILA

Há 8 dias que não escrevo no blog?
Podia ter escrito sobre a senhora gira, pequenina e de saia cor-de-rosa, rodada, que vi no hospital, no outro dia. Tinha o cabelo arranjado, estava maquilhada e tinha as unhas dos pés e das mãos vermelhas. Caminhava ligeira, direitinha e com ar decidido. Imaginei-me com a idade que achei que ela teria e idealizei que também gostaria de ser assim, coquette, quando fosse velhinha. Isto teria dado um post giro, de certeza, embora eu ache que não chego a velhinha. Podia ter escrito sobre a miúda, empregada de um café onde fui e que era azeda e nada bem-educada para as pessoas. Podia ter escrito que isso me saltou à vista, tão novinha e tão velha já. Podia ter escrito sobre o efeito que as pessoas simpáticas continuam a ter em mim, apetecendo-me logo metê-las dentro do coração. Podia ter escrito sobre a gestão que vejo as minhas filhas a fazer da logística que se aproxima e que impõe que tratem de horários, atividades, horas e inícios. Podia ter escrito sobre o orgulho que sinto desta gestão que vão fazendo de pormenores das suas vidas, como mulheres já, a prepararem-se para um mundo já ali à espreita, fora da asas dos Pais. Podia ter escrito sobre as saudades que sinto sempre de quem deixei na escola do ano anterior e de como, num leque de gente, há sempre quem me fique no coração, como se este fosse uma pastilha Gorila de morango que faz balões, doces e esticados sem fim. Podia ter escrito sobre a azáfama que vai caindo sobre nós os dois e de como nos vamos adaptando a uma vida que nos preenche e nos deixa, muitas vezes cansados sem querer. Podia ter escrito sobre ter uma filha com quase 18 anos e do efeito que isso tem em mim. Podia ter escrito sobre tudo isto, eu sei. Há sempre assunto cá para estes lados. É a prova de que estou viva e desperta para o que me rodeia. Mas uma certa anestesia que ainda se vive por aqui, provocada por este AINDA rescaldo de férias dos miúdos, inebria-me um bocadinho, reconheço. Agora, é esperar pela rotina que depressa chegará. E se esta rotina, para muitos contextos, pode ser negativa, a mim, pessoalmente, leva-me para tempos e espaços que conheço bem, para zonas de conforto que domino, para uma pressão diária com a qual estou habituada a lidar.
Venha ela, então... Acho que estou preparada!

P.s. Ainda hoje, as GORILA são as minhas preferidas!


quarta-feira, 9 de setembro de 2015






20 DIAS



Não sou fácil de manhã. Uma rabugice natural faz-me ser impertinente, a pedir mais cama e, sobretudo, um bom café. Depois, a coisa passa e o feitiozinho volta ao normal, que até acho que sou a mocinha fácil. Hoje, não foi exceção. Apetecia-me dormir mais um pedaço e não ter a ditadura do relógio atrás de mim. Afinal, em casa ainda se respiram férias e a dormência normal desses períodos ainda paira aqui por todo o lado. Continuo, teimosamente, a deitar-me tarde e depois é este virote para me levantar. Mas pronto, lá teria que ser. Confesso que não me lembrei de imediato que dia era. O meu carburador cerebral ainda não tinha acordado, mas puxaste-me para ti e disseste-me ao ouvido OBRIGADO POR ESTES 20 DIAS. 
Pois é! Faz hoje 20 anos... 20 anos e mais 8 antes desses! De facto, um pedaço de vida!
O dia lá correu egoísta a festas e comemorações, imperioso nos seus afazeres normais de dia normal. Lá acordei e me encaixei no dia, lembrando-me ao longe do teu OBRIGADO. 
Não te respondi logo de seguida. Sorri só, que às vezes também falamos assim, com os sorrisos. 
Obrigada eu, digo agora para a blogosfera, obrigada eu por fazeres parte da minha vida, por eu fazer parte da tua e por isto ainda fazer sentido. 
É que afinal, sao 20 anos... Ufa!!



P.s. Sei que já sabias... Afinal, conheces-me os sorrisos...

segunda-feira, 7 de setembro de 2015



ALL TOGETHER NOW


Há mesmo situações na nossa vida que nos põem à prova e testam os nossos limites. Há mesmo situações na nossa vida que nos mostram que o cor-de-rosa é uma cor que nao está sempre ali, à mão de semear na vida  real. Há mesmo situações na nossa vida que testam as relações entre maridos, mulheres, pais e mães, filhos e irmãos. Há situações que nos testam face aos despojamentos relativos ao espaço em que vivemos, às relações que estabelecemos, aos valores que defendemos. E depois, nessas situações, questionamos o que fazemos e o que dizemos e, porque somos pais e mães, perguntamo-nos se aquilo que fazemos é o exemplo certo, como se desde a hora em que somos pais e mães, tivéssemos uma obrigação moral de agir sempre bem, deixando estradas livres e largas para consciências que se estão a formar baseadas, em muito, no nosso exemplo. E nestas situações limite que nos testam e põem à prova, às vezes, eu sei, pode vir à tona o que de pior  temos e somos, mas, haja lucidez, podem fazer surgir também momentos de auto-reflexão sobre nós próprios e sobre o TAL exemplo que damos... E sim, mesmo neste teste de limites é possível ver que o que nos une nos dá chão para podermos cair sem nos estatelarmos seriamente, porque nos temos uns aos outros, porque nos conhecemos, porque vislumbramos o essencial e porque essa será sempre a nossa maior riqueza.
É que há limites que se testam, a sério, mas poder partilhar isso torna-nos um bocadinho mais elásticos a cada dia... 
E não é que é verdade?


Agora apetecia-me cantar aquela dos Beatles... All together now, All together now (...) pink, brown, yellow, orange and blue I LOVE YOU"...

terça-feira, 1 de setembro de 2015



DONA DO MUNDO

Tinha um aperto na garganta e sentia-me agitada interiormente, num nervoso miudinho que tentava controlar. Não lhe procurei justificação. Já sei que é assim em finais de ciclos de tempo e de espaço. Já sei que é assim quando um mundo me cai em cima da cabeça e ainda não tive tempo de o assimilar.. Sei que passa e não ligo,  A rotina encarrega-se depois de pôr tudo nos eixos outra vez. Pressentiste-me a agitação. Puxaste-me para ti não foi preciso dizer nada. Agradeci-te pelo silêncio quieto que nos ligou naqueles minutos. Há silêncios que falam mais que palavras, eu sei. Devo ter adormecido assim, enlevada em ti, e foi o bastante para sentir que sim, serás sempre o meu porto seguro, mesmo em dias de tempestade que nos levam para longe um do outro. 
Hoje, claro, a rotina de todos os dias vai-se começando a espraiar devagarinho e o correr das horas não me dará tempo para agitações interiores. De qualquer forma sorrio para dentro com esta certeza: a do teu abraço certeiro, que me puxa para ti, onde posso adormecer e sentir-me dona do mundo outra vez...
  
Obrigada...






P.s. Sabes que sou lamechas...

domingo, 23 de agosto de 2015




 DUNA DE AREIA NUMA PRAIA QUALQUER...

Enquanto tomava o pequeno-almoço, detive-me a observá-los. Dois rapazes, muito pequeninos, com pouca diferença de idade entre si, brincavam na duna de areia à minha frente. Tinham um baldinho de areia, uma pá e um pequeno camião de plástico. O pai brincava com eles e iam falando os três. Deliciei-me a ouvir aquelas vozinhas pequenas, aquela conversa que mantinham, suportada num faz-de-conta que ia à boleia de uma camiãozinho de areia e de uma pá. - É preciso tão pouco - pensei. A mãe olhou para mim, de dentro da sua casa e sorrimos as duas, uma para a outra.  - É mágico, um pedaço de areia, já viu? - disse-me ela.  - Pois é -respondi, pois é... que nos vão restando sempre muitos pedaços de areia, já não seria mau...

Hoje, o artigo de opinião do José Cabrita Saraiva, na revista TABU, do Jornal SOL, P. 51, edição nº 469, de 21 de Agosto, com o título O QUE HEI-DE OFERECER AO MEUS FILHO NOS ANOS?, fez-me lembrar um post antigo, de 2014
Pois...
Não sou uma mãe exemplar, nem tenho essa pretensão. Erro tantas e tantas vezes e fujo a tantas e tantas regras, às vezes com o doce sabor da transgressão e de ser dona do mundo que construí para mim e para os meus. Afinal, acho que isso é que nos faz normais, não será? Tenho três filhos por opção, com diferenças de idade curtas, também por opção, vivo a maternidade de forma plena, mas muito descontraída (tento) e, atrevo-me a dizer, até de forma muito própria, já que acho que alio essa descontração a uma certa inflexibilidade relativamente a alguns princípios dos quais não abdico, sem contemplações e quem me segue aqui, vai percebendo isso. Os meus filhos também sabem disso, que sou mocinha faladora cá das minhas coisas. Gosto de gadgets, redes sociais e afins e uso tudo isso, adaptado à minha pessoa, com doses de q.b, vontade própria e apetites e adição variados. Os meus filhos têm gadgets e, como qualquer adolescente/jovem de hoje, aqueles são, muitas vezes, extensões amovíveis das suas mãos, é verdade, mas, sou sincera, continuo a identificar-me com o que este artigo diz, continuo a achar que os limites deste mundo tecnológico têm que ser os adultos a impôr, continuo a defender que este caminho das tecnologias pode ser irreversível, mas pedagógico, continuo a preferir vê-los brincar, tão pequeninos, em dunas de areia, ao sol de uma praia qualquer.
Acabo, como acabei o post de 2014... Old fashioned? Talvez, mas hoje, como estou impertinente por causa deste vento chato que me tirou da praia, não quero saber!
E já agora, mesmo correndo o risco da foto não ter nada a ver com o post, é assim, como nesta foto da piscina, no mar, no campo, ou numa duna de areia de uma praia qualquer, que sempre gostei de te (vos) ver brincar...
Isto passa de moda?












quinta-feira, 20 de agosto de 2015




FOGUETES E APITOS

Bolas, sou mesmo uma seca! Não vou ao sítios da moda deste Algarve, porque me sinto sem paciência para enfrentá-los, continuo a não gostar de sushi, contra todas a previsões da família que me leva aos sítios mais top do género, na esperança (vã) de que comece a gostar, gosto de ler livros sem fim, gosto de estar pedaços de tempo sozinha, numa esplanada como esta onde estou agora, com um ventinho fresco a dar-me na cara e uma musiquinha boa a passar, na praia tomo banho só quando me apetece, percebo de Net, redes sociais e gadgets, só o quanto  me apetece perceber, sem investir grande tempo de mim e das minhas energias, trabalho melhor sob pressão do que com todas as calmas do mundo, enfim, acho que sou mesmo uma seca, sem graça nenhuma que possa ter e no entanto, sinto-me uma pessoa tão normal, tão preenchida quando tenho tudo isto que retrato aqui, sem festas, euforia, foguetes ou apitos...
É que, cá para mim, a felicidade pode ser só isto... Uma brisa suave...  E chega tanto!!