sexta-feira, 4 de dezembro de 2015




PROFESSORA, POSSO DIZER-LHE UM SEGREDO?


Não há receitas únicas para o sucesso, nem há uma linha reta que nos faça ir em frente, sem desvios. Não há certezas de nada, nem situações ideais e tão perfeitas que nos tirem o ar. Não há só umas maneiras certas de trabalhar, nem soluções imediatas para casos difíceis, nem escolas de revista, com sistemas de ensino brutais, de tão (quase) perfeitos que são. Não há só colegas simpáticos e cooperantes e abertos. Não há só coisas simples que não nos tirem o tempo para eles e para elas e para só estar e gostar de estar. Não há uma sensação avassaladora de dever cumprido todos os dias. 
Não, não há nada disto, não há só isto, mas quando sou abordada, como fui, por um aluno com NEE, que me escolhe a mim para desabafar e para abrir o coração, em particular, professora, porque estou muito nervoso, estas coisas todas ganham sentido e volta ao pensamento a esperança e a confiança e a certeza de que sermos referência, qualquer que ela seja, será sempre caminho certo para a aprendizagem e envolvimento.
Ah, pronto, as tais parvoíces que não concorrem para as metas, o tal exagero, se o miúdo até é NEE, faria isso com qualquer pessoa, ah e tal que inflacionamento de um episódio tão banal. Pois, ok... mas o olhar que me passou e a escolha que por mim fez, o tremer das mãos e a voz entre cortada, o rubor na cara e o olho de confiança, esses já ninguém me tira e é a isso sim senhora que me quero agarrar e é disso sim senhora que tiro todas as outras ilações, só porque isso me devolve sentido e só porque isso reveste isto que faço de significado.
O resto, pois o resto, cá estarei para enquadrar, que remédio!



P.S Por NEE leia-se Necessidades Educativas Especiais.

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