quinta-feira, 29 de novembro de 2012

 
 
 
MUSTELA
 
Na minha sala de Jardim-de-Infância, que será sempre uma fonte inesgotável de inspiração, mesmo que não esteja à espera, ou a pensar nisso, há uma menina que esteve alguns dias privada da presença da mãe, estando entregue aos cuidados do pai e outros familiares que partilharam entre si as idas e vindas da escola e muito bem! Notou-se logo no comportamento da criança a ausência da mãe! Mais sensível, "choramingosa", "queixinhas" dos outros o tempo todo, havia ali qualquer coisa que passava quase despercebida, mas que se notava de diferente. Isto fez-me pensar num sem número de coisas: na forma como sempre vivi a maternidade, na forma como os outros (neste caso, as outras) a vivem), no papel do pai na estrutura familiar, na relação com outros familiares que nos aumentam o leque de afetos, no toque maternal que só a mãe pode dar.
Enalteço aqui todos os pais do mundo e todos aqueles que, sobretudo, vivem as tarefas referentes aos filhos, assumindo-as como suas, estando presentes nas suas vidas, sendo para eles uma referência de amor, presença, contacto, brincadeira... Enalteço aqui o meu próprio marido, pai dos meus três filhos, que foi sempre e é-o todos os dias, um super pai e companheiro, reduto mais sagrado da minha intimidade e amor!
 Hoje em dia, atrever-me-ia a dizer que quase todos os pais são assim! Aquela ideia, muito "estado novo", de ausência afetiva do pai que, simplesmente assegurava a vertente económica da família, mas que da vida dos filhos pouco sabia, penso que está ultrapassada na maioria dos casos, e ainda bem! Vejo isso nas escolas, quando vejo cada vez mais pais a assumir tantas coisas na vida dos filhos, vejo isso nas conversas com as mães, que assumem os maridos/companheiros como parceiros absolutos nesta história vitalícia de educar, vejo isso nos próprios pais que vão, participam, perguntam, se interessam. Salvas as devidas e sempre presentes exeções, é cada vez mais assim. Nunca me tinha acontecido, como neste ano, ter três, ou quatro crianças cujas mães não conheço, mas sim os pais... é assim, os paradigmas a que estávamos habituados vão mudando, a vida das pessoas e as suas formas de se organizarem também, e nós cá estamos para irmos "processando" todas estas informações, como um longo e constante "processador de texto", desta vez com caracteres vivos e palpáveis, à nossa frente!
Ainda bem que assim é e ainda bem que, mesmo quando não há este contacto tão assíduo com a escola (apesar de tudo, ainda é assegurado, na maioria dos casos, pelas mães) os pais são presentes e ativos na vida dos filhos e aqui "encaixo" todos e todos e todos aqueles casos que conheço de amigos, conhecidos, familiares. O importante será o "encaixe" que se faz das vidas uns dos outros nas vidas de cada um, como um puzzle vivo, nas nossas casas. Assim, dará sempre certo, ou pelo menos... quase sempre!
No entanto... ai, ai, que me desculpem todos os super pais, maridos, companheiros... no entanto, no entanto... aquele toque, aquela palavra final, aquele adivinhar dos pensamentos, aquele "ver no escuro" (como a coruja, do post anterior), aquele cheirinho a MUSTELA que perdurará todo o dia, esse, todos esses, penso que serão exclusivos da mãe!...E aquela menina do início do post dizia-me hoje: -"Olha Paula, a minha mãe hoje pôs-me creme, não estou cheirosa?"

5 comentários:

  1. Paula!!Adoro o teu blogue!
    Parabéns e obrigada pela partilha!!
    Tenho uma mãe assim... sou uma mãe assim... tenho a sorte de ter um pai assim... e dos meus filhos terem também um assim!!!...
    MAS... o cheirinho a mustela... pertence MESMO às Mães!!!(e que recordações me traz esse cheirinho bom!!!!)
    bEIJINHOS
    Fátima

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  2. Minha querida prima!!
    Estou deveras orgulhosa, envergonhada e encantada com esta tua veia, melhor dizendo esta artéria aorta, de escritora.
    Orgulhosa, porque além de seres a minha primoca, gosto do que leio, e bastante.
    Envergonhada, pois como tua prima é uma vergonha não ter conhecimento de tal talento, nem alguma vez ter tido 2 segundos para tomar mais atenção ao que colocavas no "face"...
    Encantada, pois lê-se tão facilmente, sem deixar de me fazer sentir um misto de alegria e nostalgia, de certos momentos da vida que já passaram...e a maneira como bem encaixas as letras e formas lindos textos. Parabéns minha prima, daqui para a frente vou dar um pouco mais do meu tempo e atenção ao teu blog. ADOREI!!

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    1. Sandrinha, querida! não tens nada que te sentir envergonhada, ou constrangida, ou assim, ou assado! A escrita sempre foi para mim tão natural, rápida e sentida, que sempre a encarei como parte de mim e nunca tinha parado para pensar que a podia "partilhar", assim, na blogosfera!!! Aconteceu muito naturalmente, "empurrada" pelo incentivo de muitos amigos! AINDA BEM QUE GOSTASTE! Também gosto muito de ti e fazes parte daquele cenário doce de recordações que tenho da minha infância, naquele corredor maravilhoso da casa da avó PAULA, MINHA BISAVÓ, TUA AVÓ... Quem sabe, um dia, faço um post sobre isso! bEIJOCAS!!!!!

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    2. Vou ficar à espera desse post, que há-de ser mágico, pela importância que a nossa avó, mulher única, e aquela casa tiveram nas nossas vidas.

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  3. Adorei. Sabes como vivo a minha maternidade e como acho imperdoável se falhar nalguma tarefa... Como gostaríamos que todas as crianças tivessem presentes. Apesar de achar que os pais são muito mais maternais do que antigamente, não é comparável a "ausência" da mãe e os danos que essa ausência pode fazer. Mas é de "louvar" que os pais de hoje, independentemente do modelo que tiveram, assumam o papel deles, de forma tão ativa no que toca à educação dos filhos.
    beijinhos

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