MODO "OURIÇO-CAIXEIRO":
(para todas as colegas que têm a "profissão mais doce do mundo"...)
Tenho uma profissão que me permite sentar no chão com uma série de meninos e falar com eles... sempre gostei dos momentos de "roda", "tapete", "reunião", "conversa"... considero-os cruciais em Jardim-de-Infância, para se ouvirem as novidades, para se cantar, para se estruturar o dia, para se fazer o balanço do que foi feito, para se ouvir uma história, para se aprender a ouvir o OUTRO, para se sentir o grupo como nosso, de todos. Penso que todas as minhas (muitas!!!) colegas Educadoras de Infância concordarão comigo, independentemente do peso que dão a esse momento diário e rotineiro em Jardim-de-Infância. Eu, pessoalmente, dou-lhe MUITA importância. É mesmo, dos meus momentos preferidos e sinto-me abençoada quando consigo rir, genuinamente, daquilo que me dizem, ou quando consigo ver nos seus olhinhos o gosto que estão a ter naquilo que se diz/partilha/conversa...Independentemente das dificuldades de grupos cada vez menos concentrados, mais dispersos e diferentes emocionalmente, continua a ser um momento delicioso!
Hoje, de "rabo no chão", juntinhos numa rodinha, com o céu enevoada lá fora, com o barulho da chuva a cair (ainda consegue haver algum sossego e é tão bom!!!) contei-lhes a história do Ouriço Caixeiro! Completamente inventada, sem livro ou outro suporte visual, só com voz, gesto, expressão, fantasia, improviso... O Ouriço estava tão fechado, tão fechado, tão fechado que parecia uma pedra dura e espinhosa. Os bichinhos vizinhos nem se atreviam a aproximar-se, porque aqueles espinhos pareciam-lhes muito maus, até que resolveram fazer-lhe cócegas com uma folha de Outono sequinha, que encontraram por ali... As primeiras cócegas não resultaram, as segundas também não, mas as seguintes, certeiras, porque perto do nariz, fizeram-no começar a estremecer e a deixar-se descobrir num gigantesco espirro!!! Todos se afastaram apavorados, mas ficaram à espreita: afinal o Ouriço era engraçado, redondinho e com ar simpático.... afinal, podiam ser amigos e ele até lhes explicou porquê que, de vez em quando, se enrolava em "conchinha fechada" e só deixava os piquinhos de fora!
Enquanto lhes contava a história, os recantos do meu cérebro iam saltitando pelos seus olhares e sorrisos (que bom, que bom!!!) e aqueles recantos aos quais chamamos às vezes subconsciente, iam-me dizendo que estou/estamos (?) tantas vezes em "modo Ouriço-Caixeiro"... só com os picos de fora, fechadinhos, fechadinhos, em bolinha redondinha e compacta! Esses mesmos recantos do cérebro, mostravam-me com muita clareza quais os "bichinhos" que, às vezes, me tentam despertar dessa anestesia teimosa e em modo perspectiva, agradeci-lhes de coração o "espirro" que às tantas, pela sua insistência, também dou!
Apeteceu-me dizer aos "meus meninos" que, também eu sou um Ouriço, às vezes (muitas vezes...), mas preferi deixá-los com aquele brilho nos olhos que só as histórias e o faz-de-conta dão!
Que história gira e que análise deliciosa. Quantos ouricinhos caixeiros terias lá na roda sentadinhos no chão? Aquelas caixinhas fechadas que só muitos espirros conseguem fazer sorrir...
ResponderEliminarO mundo está cheio de ouriços-caixeiros. Mas às vezes, é preciso sê-lo.
Fico tão feliz por teres criado o gosto.
beijinhos
Fiz um post especialmente para ti.
ResponderEliminarhttp://cantinhodomartim.blogspot.pt/2012/11/do-ramo-da-arvore-das-partilhas-nasceu.html
Adorei. :)
ResponderEliminarBom fim-de-semana!