segunda-feira, 19 de novembro de 2012

 
 
 
 A ROSINHA MAIS BONITA
 
Há oito anos que não trabalho em Faro. Tenho tido a sorte de não ficar colocada longe de casa, o que é muito bom nos dias de hoje e esse fator faz com que as minhas idas e vindas para o trabalho resultem em viagens de 15, 20, ou 25 minutos, conforme a escola de colocação, o que tem resultado em  transformação do tempo de condução em tempinhos de "profilaxia mental", ora de arrumação das ideias, ora de mudanças de registo mental, ora de ouvir música nas rádios preferidas,  ora de ir acompanhando, em flash, as notícias, ora de pôr as conversas telefónicas em dia sem miúdos (filhos...) atrás de mim a gritar : "MÃAAAAAEEEEE!".... Nunca terei para os meus filhos o "dom", às vezes tão conveniente (podia ser só um bocadinho... às vezes... rápido...), da invisibilidade!!
 Tenho a graça (e digo graça, porque acho que é uma sorte...) de mudar COMPLETAMENTE de registo antes e depois do trabalho. As viagens de carro servem para, se for para lá, ir "entrando" na logística de lá; e se vier para casa, para ir "entrando" também na logística de casa, o que me faz "desligar" o interruptor de forma quase total, dentro da medida em que isso é possível. Considero isto uma sorte, de facto, pois com a vida profissional (absorvente!!!) que tenho e também com a vida pessoal ocupadíssima, entre filhos (sempre prioritários!) e outras ocupações extra trabalho, seria muito complicado se trouxesse uns assuntos para "dentro" de outros, quase como se ficasse enredada numa teia elástica de coisas para resolver. Assim, "compartimento" o cérebro, os tempos livres e o que há para fazer, em função das prioridades de tempo! Será uma defesa que o meu organismo arranjou, acredito...
Nestas viagens de carro, nunca muito longas, dou por mim, tantas vezes a imaginar chegar a casa e ter tudo feito: jantar, mesa, compras, cozinha, máquinas de lavar, roupa, lancheiras, mochilas, etc, etc, etc... Imagino a sensação experimentada por algumas amigas do que seria ter uma vida assim: poder ocupar-me só dos meus filhos, tratar com eles dos seus assuntos, ir buscar, ir levar, ficar a ver sem ter de ir ao supermercado pelo meio, estar sempre calma porque sem pressas, ter a casa sempre arrumadinha, enfim, enfim, enfim... nessa mesma viagem de carro, imagino logo a seguir que isso, me tiraria o que hoje tive! E aí vem aquele pensamento, um pouco cliché, mas verdadeiro: "a rosa mais bonita também tem espinhos"!
Cheguei a casa muito cansada... normalmente à segunda-feira isso acontece, é o rescaldo de fins-de-semana que nunca são "pasmacentos", é um final de dia quase interminável com uma série de outras coisas que se seguiram ao trabalho e é um sem número de coisas que há para fazer em casa, a essa hora fatídica, o que, mesmo com muitas ajudas que vou tendo aqui do meu núcleo familiar, se transforma sempre num pensamento... cansativo!!!
O jantar programado até era simples, as miúdas estavam divididas ainda nas atividades, com o pai à sua espera e estava só com o meu filho mais novo que RESOLVEU querer ajudar-me a fazer o jantar! -"Ai não, filho, que levo mais tempo, isto está uma confusão, a mamã sózinha faz mais depressa, vai brincar um bocadinho, blá, blá, blá..." Ele insistiu veementemente (hoje estava para aí virado) e ainda bem... reconheço que às vezes a vida nos mostra pedacinhos de coisas boas assim, destas formas inusitadas, sem estarmos à espera, ou programados para isso. Enchi o peito de ar e intuí (lá está a "amiga" intuição...) que seria bom acolher a sua vontade, mesmo que levasse mais tempo, mesmo que me sujasse tudo, mesmo que tivesse que ir buscar o banco da despensa porque não chega ao balcão e que estava com uma tonelada de coisas em cima, mesmo que não se calasse um segundo, mesmo que não me deixasse ouvir a música que ponho sempre na cozinha enquanto cozinho, mesmo que, mesmo que, mesmo que... Foi tão bom!!! Ficou felicíssimo, com este NADA tão grande, assim que o pai e irmãs chegaram, foi a primeira coisa que lhes disse, eu esqueci-me do cansaço por momentos e vi esta minha "rosinha mais bonita" a encher-me de felicidade, mesmo com os espinhos diários do cansaço!
Agora, já se esqueceu e já voltou às suas diabrices de sempre, já estou outra vez "enredada" em tarefas domésticas para gerir, já me zangeui porque não levantaram a mesa, já chamei toda a gente porque eu e o pai não somos empregados, porque têm de ajudar, porque não sei a que horas vou sair hoje desta cozinha, etc, etc, etc, mas sabem, o cheiro da minha rosinha ainda perdura aqui no ar e então, eu não me importo... por hoje!!!


2 comentários:

  1. Eu estive a ler o texto que a minha mãe pôs no seu blooge e...acho que aquela rosinha mais bonita sou eu porque eu sou bonito e hoje dia 19-11-2012 eu ajudei a minha mãe a fazer o jantar e fartei-me de trabalhar.Eu adoro aminha mãe.
    muitos beijinhos da tua rosinha mais bonita.Que è?pedro ferrinho

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  2. O Pedro é um amor (mesmo sem o conhecer). O martim também adora ajudar-me na cozinha. De vez em quando, também quer ajudar-me no jantar e eu ainda consigo convencê-lo a ir brincar. Mas volta e meia, temos um programa de culinária os 2. A última vez foi a semana passada, ainda estávamos no porto e fizemos os scones para toda a gente para o lanche (logo no dia em que a avó estava doente) e soube-lhe pela vida comer uns scones feitos pelo neto.

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