sábado, 31 de dezembro de 2016





12 PASSAS


Acho que o meu sentido prático de todos os dias, faz-me viver as datas e as coisas com isso mesmo, um sentido prático, despido de pompas e circunstâncias que às vezes só atrapalham. Assim, tenho alguma dificuldade em encher de solenidade datas como as de hoje, fazendo retrospetivas exaustivas do que foram os dias para trás deste (esquercer-me-ia decerto de alguma coisa importante e que chato seria isso...) e elencando desejos e anseios para os dias que se lhe seguirão. Vivo o dia de hoje e pronto. Confesso até que o início de cada ano letivo, 1 de setembro, é para mim esse sim, o início de um verdadeiro novo ciclo de rotinas, movimentos, ritmos e atividades depois da longa e deliciosa anestesia de férias.
Mas pronto, não retiro completamente ao dia de hoje a carga que o calendário civil lhe dá e procuro vivê-lo com a festividade possível e rotineira. Até levo as 12 passas e beberico o espumante como manda a tradição. 
E assim, rodeada de amigos, muitos, e a confusão saudável e habitual, passarei a meia-noite e fecharei os olhos para num trago de 12 passas resumir todos os anseios possíveis e desejados para o novo ano. Será um momento rápido e nunca exaustivo, esse da meia-noite e sei que o resumirei a uma ou duas palavras sentidas cá dentro, determinadas e gerais para nelas tudo o que anseio caber, assim como sei que uma onda suave de nostalgia me vai passar pelo pensamento em flashes, porque me lembrarei do Nuno e do meu pai, porque os quereria ali perto de mim, porque a lágrima fácil disso me lembrará, porque sou assim e não há nada a fazer e porque não sou completamente imune a estes determinismos de calendário que nos incendeiam o coração.
Mas também sei que estarei com este coração cheio e agradecerei todas as graças do ano que acaba e pedirei todas as outras para o ano que começa e que desconheço. E isto, contigo perto de mim, talvez até com a minha mão na tua, ou com a cabeça no teu ombro. Aí, nesse momento caberá tudo aquilo que quiser sentir. Sem ser preciso mais nada. 
Há maior graça?

FELIZ 2017



 

quinta-feira, 22 de dezembro de 2016




                                                                    


 -Cativar quer dizer o quê? - perguntou o Principezinho.                           
- É uma coisa que parece que toda a gente esqueceu- respondeu a raposa. -Quer dizer criar laços...                                                             
In, O Principezinho





CRIAR LAÇOS 


-Mas gosta, sim, acredito que goste. Mas quando se gosta, isso por si só não basta. Exige também algum esforço, alguma atitude da nossa parte, se não, é um gostar egoísta, é como que desequilibrado. De que importa o gostar se depois não se acompanha isso com atitudes de complemento, de atenção, se não há um esforço para regar esse gostar? Mesmo que seja um esforço pequenino, proporcional àquilo que podemos dar?
Acenava, concordando.
Esta conversa com ela fez-me pensar em tantas relações que existem assim. Relações variadas, entre pessoas variadas, pautadas por vínculos preciosos que ligam as pessoas entre si. Tantas relações que são egoístas, desregradas, calculistas, de certo modo. Gosta-se, mas desde que isso seja fácil, sorridente, descomplicado. Gosta-se desde que isso não exija esforço nenhum, gosta-se num mundinho confortável de zona de conforto bem definida, onde aquilo que passa a fronteira X e Y já não cabe nesse GOSTAR, porque dá trabalho, porque incomoda, porque chateia.
Pois é... E assim se vai vivendo, acreditando-se piamente que se gosta e que se faz tudo por esse gostar. E às vezes quase nos convencemos mesmo de que estamos certos, certíssimos, numa sobranceria egoísta que nem nos faz pensar. 
E é importante termos consciência disto, assim como é importante sermos verdadeiros nas relações, dizermos o que pensamos, não abdicarmos do que nos é essencial, termos uns afetos transparentes e sinceros. Afetos sinceros. Afetos transparentes. Afetos saudáveis. 
É que um gostar a sério é isto, sabias? Esta mistura de verdade e transparência, transparência e verdade. Se assim não for, gosta-se a brincar, só. E não ficamos equilibrados, acho eu...

P.S. E estas coisas do GOSTAR aplicam-se a todas as relações na vida que quisermos criar... a todos os laços que quisermos unir... e isso é a parte mais gira. 

terça-feira, 20 de dezembro de 2016




PRAZERES

Andava no quinto, ou sexto ano, já não sei bem. Lembro-me da escola exata em que era e por isso sei que só pode ter sido no quinto, ou no sexto ano, pois foi nessa altura que andei nessa escola. Lembro-me da sala onde tínhamos a disciplina de Português e lembro-me da Biblioteca de Turma que fazíamos. Qualquer coisa como um sistema de papelinhos onde escrevíamos o nome do livro que nos era atribuído e a responsabilidade que tínhamos depois de o comunicar à turma, de forma oral, expressiva, por palavras nossas. Não sei já precisar muito bem como fazíamos, penso que era rotativo, este sistema e lá íamos nós ficando viciados no livro a ler e a transmitir depois à turma. Não sei se a periodicidade era semanal, quinzenal, ou mensal, já não me lembro. Lembro-me bem da professora e do entusiasmo que punha nisto, de como nos arrastava para esta paixão pelos livros. Não me lembro de todos da turma, não me lembro se esta adesão era de todos, ou só de alguns, mas lembro-me do MEU ENTUSIASMO. De como desejava que aquelas aulas chegassem e de como devorava os livros que me eram atribuídos. Assim como me lembro da coleção dos CINCO que eu e o Nuno fizemos, comprando os livros à vez, com as nossas "semanadas". Assim como me lembro da coleção da Condessa de Ségur que devorei na infância, da PATRÍCIA, um pouco mais tarde e de tantos e tantos outros que me ficaram na memória. Até hoje. Esta paixão nunca mais acabou. Este formigueiro, esta agitação para ir ler a história, para estar sozinha com o livro, para desfrutar deste prazer individual e tão único que um bom livro me dá. Esta escapadela para ler mais um capítulo, este acompanhar das personagens, este beber da mensagem, filtrando, absorvendo para mim, construindo conhecimento, selecionando informação.
Talvez tenha tido a professora certa na idade certa, o livro certo, no momento certo, talvez tenha vivido numa altura em que, não havendo tantos focos de dispersão como há hoje, a leitura tenha assumido o seu pleno papel, talvez tenha nascido assim com este gosto já... Talvez. Mas o que é certo é que é um prazer do caraças, este, fogo...



P.S. E agorinha vou ali ler mais um capítulo ou dois, que não resisto. Por isso é que é um tormento levantar-me cedo de manhã...
Pois... prazeres!

terça-feira, 13 de dezembro de 2016



E PORQUE...

https://www.facebook.com/carlos.ferrinho.9/videos/1393930367304093/

E porque no final de diazinhos difíceis e intermináveis, o melhor que tenho és tu, são vocês.
E porque no meio de tarefas que não acabam, enfastiantes e chatas o meu pensamento voava para ti, que fazes anos.
E porque é isto que faz sempre um coração de mãe.
E porque o segredo de muitos dias é este: dar-lhes na mesma sentido, mesmo quando as horas não correm como queríamos.
E porque a felicidade pode estar assim, metida em dias difíceis.
E porque há 19 anos que preenches a minha/nossa vida de forma tão plena.
E porque tenho tanto orgulho na menina/mulher que és.
E porque és uma filha querida que me ajuda a ser mãe.
E porque te amo daqui até à lua.
E porque, não podia deixar de vir aqui hoje, nos teus anos, escrever-te.
E porque adorei o vídeo que o papá fez.
E porque não resisti a pô-lo aqui.
E porque...

É isto...

LUV U.



segunda-feira, 5 de dezembro de 2016





"MAMÃZICES"

Tens uma maneira de falar que é muito agradável de ouvir, quando tens tempo e quando estás "virada para a conversa". Expressas-te muito bem e tens uma capacidade de análise apurada, que te faz ser eloquente e lúcida. Para além disso, és organizada e ponderada. Revejo-me um pedacinho em ti, nalgumas coisas, que a senhora genética, aproximou-te mais do lado paterno que do meu, é certo, mas revejo-me sim, na expressividade e simpatia que julgo, serem tuas imagens de marca, na maturidade e discernimento. E depois, és especial, acho eu, como acharão certamente todas as mães do mundo, de todos os filhos que tenham. E hoje, não são para aqui chamados os defeitos que, na graça de Deus, também tens, como eu.
Os teus irmãos enchem a casa e povoam-me ao seu jeito avassalador, barulhento e ENORME (neste momento, a tua irmã estuda Filosofia, em voz alta, no quarto e o teu irmão canta - deve ler-se GRITA - no banho). Sinto-me uma mãe afortunada, pela saúde que todos têm, pelo quê de especial de cada um, pelo seu jeito, a sua forma, pelas coisas que vejo em cada um deles, pelo crescimento e rapidez com que a vida os/vos preenche. 
E esta segue, descontraída e apressada, os dias surgem uns atrás dos outros, sempre agitados e cheios de coisas para fazer. Vivo de coração cheio e sinto-me descontraída e pacificada com a tua ausência. Afinal, é uma ausência relativa, suavizada por duas horas de distância e por Skipes e outros que tais
que nos ligam a uma rede de proximidades diárias. Depois, também não sou uma-mãe-muito-lamechas-acho-eu, mas tenho saudades tuas, o que queres e isso, acho que vou sentir sempre... de cada um de vocês, sempre que saírem de perto de mim. Afinal, acho que vou ter sempre esta asa de galinha gorda ...



Um bj, princesa.

sexta-feira, 2 de dezembro de 2016






SELFIES PARVAS EM DIAS NORMAIS



O dia acordou preguiçoso, como eu acordo sempre quando posso dormir até tarde. Choveu bastante de manhã e o tempo passou-se por entre afazeres e preguiça doméstica. Tão boa, esta sensação de casa-e preguiça-e-preguiça-e-casa...
Não fizemos nada de especial no resto do dia, ou de deslumbrante, ou de inesquecível, ou de mágico, insólito, exêntrico. Não fomos a nenhum sítio hit, cheio de gente. Não fizemos compras de Natal. Não corremos atrás do relógio para cumprir compromissos parecidos aos que sempre temos. Não nos afogueámos em pressas sem sentido.
Não. O que fizemos foi tão normal, que corre o risco de ser desinteressante. Mas é esta normalidade que te devolve a mim, àquilo que conheço de ti, àquilo que gosto em ti, àquilo de que não prescindo.
E é desta normalidade que é feita a redescoberta que faço sempre: o amor precisa de toque e cheiro e dia-a-dia e conversas e risos e diálogos e projetos e zangas e perdões e sorrisos e expressões e de outras coisas normais e é assim e só assim, nessa normalidade, que ele sobrevive de verdade. 
Foi um dia maravilhoso.

P.S. A foto não é das melhores, mas o céu estava lá atrás de nós, azul e deslumbrante.

quarta-feira, 30 de novembro de 2016





FOGO MÃE, ENGANEI-ME...

- Oh mãe, fogo... enganei-me! "Não vou poder, este "poder" é com O, não é? Eu sabia!
- Ai Pedro!!!! Claro que é com O!! "Puder", "se eu não puder" é que é com U!!! Não acredito que escreveste mal...
- Pois! Escrevi...
Risadas... Minhas e dele... 
Acrescentei: -É um erro muito comum, mas é uma pena escrever-se mal... já sabes como eu sou com este assunto e pronto, já sabes o que eu acho: lês pouco, escreves pouco e isso treina-se, ouviste? Sabes o que o meu professor nos fazia?
-Sim, já sei... - e lá repetiu o que tantas vezes lhes conto. As "palavras difíceis" iam para casa como "deveres", ou TPC, como se diz agora e o que é certo, é que a fotografia da palavra ia ficando, devagarinho, colada a uma destreza ortográfica que íamos construindo. 
Têm hoje muitas outras competências, eu sei. Outras destrezas e capacidades "oleadas" por um acesso à informação e ao conhecimento que nós não tínhamos, mas o poder da sistematização, da leitura, do treino da capacidade de expressão oral e escrita, esses são intemporais.

Por isso, Pedrocas, ri contigo sim, do jeito rápido com que arrumaste este assunto. És parecido comigo, também no riso que fazemos de algumas falhas que temos e no registo "despachado" de muitos assuntos. Isso é saudável, faz-nos purgar erros e dar-lhes (SÓ) a importância que têm, mas que essa leveza saudável, não te faça retirar aos assuntos a importância que também têm e escrever-se sem erros é (quase) uma obrigação.
Tenho dito! 


P.s. E foi assim, com esta cara, que tudo se deu...


segunda-feira, 28 de novembro de 2016




PEDESTAIS


-Vais fazer um posto no blog, já sei... - disse-me meia a sorrir.
Pois! Já sabem como é e pelos vistos, lêem-me mais do que eu imagino...
E foi assim, num pedaço pequeno de tarde de sábado que lá fomos, vê-los a todos àquele Lar, numa etapa final de vida. Os olhares perdidos, a demência expressa, a limitação física, a extrema velhice de alguns, o abandono, a solidão no meio de tanta gente, mas também o contentamento de (quase) todos, por nos verem, por poderem sorrir para a nossa juventude, por nos ouvirem cantar, por cantarem connosco, por se sentirem queridos por um pedacinho. A mão que agarrava a nossa com vigor, a palavra que não se entendia mas que saía para nós, direta como uma flecha num comunicar que se queria fazer, mesmo sem se entender, o sorriso sincero que nos dirigiam.  E foi tão fácil e foi tudo tão simples. Sem preparações, ensaios de maior ou grandes antecipações. Só fomos e estivemos. De coração, acho...
Para mim, (e julgo que para nós todos... ) foi também a descida dos nossos pedestais de juventude e vivacidade, tão cheios de nós próprios, tão insuflados de certezas, tão sem tempo e com pressa e o confronto com uma realidade que nos rodeia: a da velhice e do abandono. 
O poder dar um pouquinho de mim, do meu tempo, do meu sorriso, da minha festinha na cara ou na mão, o poder inspirar humildade e gratidão que me eram devolvidas a cada instante, o ver que afinal é fácil agradar, se quisermos e pudermos. E podemos tantas vezes...
E estes exercícios de humildade têm que nos tornar melhores, a sério, fogo...
E aqui deixo a foto possível.



sexta-feira, 25 de novembro de 2016






A TUA VIDA

Daremos às datas sempre e só o que quisermos, assim como daremos às datas-que-não-são-datas, também o peso que quisermos. E é bom sermos assim senhores do nosso tempo e daquilo que queremos fazer e celebrar. Sem convenções parvas. Só porque sim e porque nos sentimos bem com isso.
E hoje esta data é especial, porque se celebra a TUA vida. 47 anos da TUA vida, que é um bocadinho nossa também.
Utilizarei sempre este blog como assento de notas de felicidade, apontamentos críticos, opiniões e reparos. Servirá sempre como folha de papel para passar para palavras coisas que sinto cá dentro e que não me importo de partilhar com a blogosfera, que é quase como dizer, com o mundo.
E hoje sinto-me muito grata por ti na minha vida, pelo projeto que temos juntos, pela serenidade e clarividência que me dás tantas vezes, pelo pragmatismo que alivia a minha tensão emocionada sempre, pela tua matemática que tempera a minha emoção, pela ideia de futuro que me/nos dás, pelos filhos que me deste e que eu te dei, pelo amor que me tens e que me estrutura, pelos momentos bons e maus que passamos juntos, porque junta é a nossa vida, pelo homem que sei que és, por aquilo que eu sei que também te dou e por tantas outras coisas que caberiam agora em 47 anos de vida, da TUA vida. 
E é tão bom essa vida ter um bocadinho de minha também.
FELIZ ANIVERSÁRIO, meu amor.

P.S. Não estavas sozinho nesta foto, mas cortei-a, porque hoje o dia é só teu...

terça-feira, 22 de novembro de 2016






PREGO A FUNDO

Precisei ontem de conduzir por metade do Algarve, na Via do Infante. O céu estava assim, naqueles fins de tarde maravilhosos, em que o céu se põe desta cor e em que olhamos para o horizonte e vemos esta púrpura maravilhosa. 



Estava sozinha e conduzia depressa. Aliás, tenho por hábito (mea culpa) conduzir depressa. Gosto de sentir o carro, de ouvir música e de descomprimir assim, embalada pela condução. Fez-me lembrar os tantos anos em que tinha que conduzir às meias horas para cá e para lá para ir trabalhar e o bem que isso me sabia, ao contrário da maioria das pessoas, que sentiam a condução como um fardo. O meu prego a fundo ajudava-me a mudar de registo, a passar de uns cenários vividos para outros a viver no momento seguinte, a descomprimir, a cantar alto, a não pensar em nada. Sim, ontem revivi essas alturas maravilhosas. 
Embalada por esta recordação pensei no bem que me fez andar de escola em escola nesses tempos: conhecer pessoas novas, perceber novas formas de trabalhar, aprender a questionar, apurar a intenção pedagógica que define procedimentos, relativizar aquilo que se julga já saber, crescer, crescer, crescer.
Pois é, todas estas sinapses passaram pelo meu pensamento ontem, enquanto conduzia, ouvia música e aí de prego a fundo... E o bem que isso me soube!

sexta-feira, 11 de novembro de 2016






NÚCLEO





E este será sempre o meu núcleo mais profundo. Aquele onde vou buscar sentido, mesmo sem me aperceber e aquele que me define como pessoa. Aquelas quatro existências que, a par da minha própria me compõem como se eu fosse uma peça de puzzle que só faz sentido se estiver completo. E para minha graça, está completo. E é cheio. E forte. E significante. E barulhento. E vivo. E bom.
E como alguém me dizia por estes dias... " só isso importa, Paulinha, só isso importa..."
Pois é...


P.s. Adoro estas duas fotos...





quinta-feira, 3 de novembro de 2016





'BORA LÁ...




A crónica da Laurinda Alves, Desmotivadores militantes, no Jornal online OBSERVADOR, fez-me pensar. 
"Muita gente acha que ser verdadeiro é dizer absolutamente tudo e não guardar rigorosamente nada, esteja quem estiver. Nada mais demolidor." (...)
Pois é...
O desafio que sinto é o de conseguir encaixar estas verdades descritas, diariamente, a toda a hora, mantendo os níveis de motivação em alta, ou média, utilizando repetidamente aqueles filtros que criamos para sugar só o que importa e rindo, rindo muito, que dizem ser sinal de inteligência. 
Isto sei que só depende de mim e isto sei, fará toda a diferença.
'Bora lá...

sexta-feira, 28 de outubro de 2016





LEMBRETES

Nem imaginas o bem que me tem feito ver este lembrete saltitão que puseste no meu telemóvel e que de vez em quando aparece no ecrã principal e lá fica.
És terrível, tu... 
Tem-me sabido a mel, isto, nestes dias (mais) difíceis em que a descortesia, nos entra pela vida adentro e nos faz sentir assim como que extra-terrestres de uma galáxia diferente, só porque tentamos ser sempre corteses, delicados e simpáticos. É que acredito que atrás disto vem sempre a educação, sabes, e firmeza nenhuma nos é retirada por sermos assim.

Mas pronto, é a vida que temos, o mundo que temos, as pessoas que temos. Que, graças a Deus, vão sendo uma minoria ainda.
E quanto ao meu lembrete saltitão, tem servido para isso mesmo: adoçar-me a vida com aquilo que é mesmo importante e que dá sentido a tudo o mais e o resto. 
Thank you sweetie...



quinta-feira, 20 de outubro de 2016






E QUANDO...

E quando perco o chão é em ti que continuo a pensar, em busca daquela segurança que tu me sabes dar, mesmo sem te dares conta, dando-me chão, espaço e tempo para viver sem medos. Como se a minha (aparente) segurança só fosse completa contigo.
E quando me sinto cheia de tudo o que traz ruído, é do silêncio seguro do nosso amor que preciso, como se precisasse de voltar ao que é simples para tudo ganhar sentido. 
E quando os meus sentidos ficam cheios de informação que atordoa, é também  do riso simples contigo que tenho saudades, aquele riso dos 18 anos que nos caracterizava e, quero crer, nos caracteriza até hoje, nos dias bons. E por isso é ainda hoje bom rir contigo.
E quando o peso dos problemas me faz vacilar, é também do que já construi contigo que me recordo, como se esse fosse um dos rochedos seguros ao qual me quero agarrar. E agarro.
E sim, fica tudo um pedacinho melhor. A sério...




quinta-feira, 13 de outubro de 2016





DESCOMPLICAR

(continua a precisar-se!)

Uma amiga minha costuma dizer que Deus não nos dá nada que não possamos suportar. Acredito profundamente em Deus e acho piada à frase que retira algum fatalismo ao que nos vai acontecendo, acho, tornando-nos agentes na primeira pessoa da nossa história. Também nunca fui muito de matutar nas coisas. Acontecem e pronto! Acho que é o meu espírito prático (herança absoluta da minha mãe) e um interruptor de descomplicar que tenho. Acho sinceramente que é isso. Se assim não fosse tantas coisas seriam um drama e tantas coisas seriam muito mais complicadas do que são. Depois, o facto de ter três filhos seguidos, o meu percurso profissional em variadíssimas escolas, o contacto com tantos e tantas colegas diferentes e tantos e tantas formas de trabalhar, as minhas mil outras tarefas que tenho extra trabalho, a coerência entre o descomplicar e o manter o rigor e a seriedade (maior dos desafios, este!), acho que tudo contribuiu para um espírito prático apurado que me tem levado a filtrar e absorver (por esta ordem) só o que é necessário. E sou feliz assim.
E por isso me lembrei hoje deste post antigo e deste porto seguro com cheiro e cor dos meus onde chego todas as noites e que me ajuda a descomplicar e me estrutura como pessoa. 
Pois é! Há coisas que já não mudam... 



terça-feira, 11 de outubro de 2016




TEMPERO FORTE

Provavelmente vais odiar a foto que escolhi para este post, mas já estou habituada a que discordemos muitas vezes nestes assuntos de fotos e gostos. Gosto desta foto porque gosto do teu ar, senhora de si e sabedora das tuas verdades e certezas. Olhando em frente, determinada. É bom ser-se determinada e convicta. Dá-nos um tempero forte, isso e afirma-nos, às vezes, no meio de tanta gente sem sal. 
Sim, e hoje em que, por vários motivos, me lembrei tanto da cortesia, pensei em ti e quis dizer-te que, tudo o que temos vindo a conversar, sobre cortesia, educação, o sermos diferentes, elevados, especiais, vai obrigar-nos sempre a fugir da mediania, a procurarmos a diferença e a sermos elevados de espírito e de alma. Não é fácil, mas é o único caminho.
E com isto, princesa, não ficas menor. Antes ficas especial e maravilhosa e se a isso juntarmos esse teu ar, então serás irresistível.
LUV U!


domingo, 9 de outubro de 2016






PEIXINHOS DENTRO DE ÁGUA AZUL





Esta foto faz-me lembrar os almoços ao domingo, na casa da minha mãe, tua avó, onde fazemos selfies parvas e vocês ensinam a avó a instalar aplicações no telemóvel. Onde os primos brincam e nós, adultos, deitamos conversa fora. Onde se vêm, espalhadas pela casa, fotos antigas, minhas, dos meus irmãos e dos meus Pais. Onde se respiram afetos, numa família barulhenta que fala toda ao mesmo tempo. Onde se abraça a avó, quase a estalar-lhe os ossos. Onde se pode ser o nosso EU mais autêntico: barulhento, sincero, agitado. Onde a nossa raiz se afunda, para nos dar a segurança de sermos o que somos. Onde nos sentimos bem, porque parecemos peixinhos dentro de uma água azul. Onde ficamos de frente com uma receita tão simples para ser feliz.
Já o tinha dito aqui que a casa da minha mãe tem este duplo sentido. E que um simples almoço de domingo se pode transformar, se quisermos, numa coisa muito séria. 
E para ti, que agora que nem sempre lá podes ir connosco, sei que continuará a ter estes sentidos todos e mesmo à distância, te estruturará como pessoa, fazendo-te perceber que a simplicidade da vida e dos momentos pode dar-nos, às vezes, o mais importante. 
E eu, que sou tua mãe, te digo que isso é mesmo verdade...

quinta-feira, 29 de setembro de 2016





GOSTO TUDO DE TI...


Nunca li um livro do Lobo Antunes. Só as crónicas da VISÃO. Mea culpa, se calhar, mas de facto, nunca "colou" o tipo de escrita dele. A exeção única, foi o livro "D'este viver aqui neste papel descripto" - Cartas de Guerra -, da D. Quixote, 2007 (ver link), uma coleção das cartas (de amor) que escreveu à sua primeira mulher durante a sua comissão na guerra colonial em Angola, quando tinha 28 anos e da qual resultou agora a adaptação ao cinema, com o filme "Cartas de Guerra".
Lembro-me, desse livro lido há muito, sobretudo da intensidade do amor vivido à distância forçada, da necessidade de pautá-lo diariamente com um registo diário de saudades, feitos e desventuras, do papel e importância da escrita para registo de memória futura do tamanho das saudades, da ternura, do que se sentia e lembro-me também de uma expressão usada pelo autor, que era GOSTO TUDO DE TI.
Gosto tudo de ti. E este GOSTO TUDO DE TI substituía o GOSTO MUITO. E ele dizia-o sem parar, imprimindo ao que escrevia uma carga de sentimento que, me dizem, ser apanágio deste autor.

Esta expressão ficou-me na lembrança. Sim, lembro-me muitas vezes dela e uso-a também. Uso-a com a consciência plena de que é uma expressão feliz, porque GOSTO MESMO TUDO DE TI.  E isso sobrevive às vezes que me irritas, às vezes em que estou estou zangada, às vezes em que ficamos assim, longe um do outro com a carga dos dias a pesar sobre nós. GOSTO TUDO DE TI, porque apesar de tudo isso, dessas coisas do dia-a-dia de pessoas (e casais) normais, este gostar subsiste e enche-me a alma de forma plena.
GOSTO TUDO DE TI... acho que já te tinha dito!



P.S. Estamos bem mais novos nesta foto, mas claro, não se nota nada... 
 

terça-feira, 27 de setembro de 2016





SEM DRAMAS


A partir dos meus 13, 14 anos não me lembro de ir com a minha mãe às compras de roupa. Quando tínhamos de o fazer, ela marcava-nos um limite de podem gastar X e nós íamos aviar-nos, sem dramas, comprando ao nosso gosto, sem stress, com uma supervisão atuante, mas à distância, de uma mãe super prática. 
Acho que lhe herdei o espírito prático e ainda bem. Em tudo na vida tem-me sido de uma mais-valia suprema. Descomplica procedimentos, agiliza-os, torna-os responsabilidade maior dos próprios sujeitos e não faz colidir gostos pessoais.
Faço o mesmo agora com as minhas filhas: "- Meninas, o que vão comprar? Ok, hoje o plafond é de X..." e lá vão elas, satisfeitas e eu, espero-as, satisfeita também.
Há coisas que não se podem mudar. Feitios, paciências e maneiras de pensar. 
Continuarei a não ser uma mãe típica de adolescentes nesta área e elas continuarão a saber aviar-se sem mim colada atrás delas. É que estou lá, presente à mesma, atuante, opinativa, mas de forma mais indireta, cá atrás, sim, porque pedir-me para andar atrás delas de loja em loja e outra vez e mais outra e outra ainda, é como pedir-me para ir arrancar um dente. E isso nunca é agradável, acho eu. E também acho que deve ser mais ou menos esta cara que faço quando o tenho de fazer.




Lembrei-me que há 4 anos,  no primeiro post deste blog, já eu dizia isto!
Pois... Coisas que já não mudam!

Ah e P.S. Quando tenho de o fazer, faço-o, sobretudo quando sei e vejo que isso lhes é importante e faço-o sem dramas também, mas como dizia neste post antigo, elas já me arrumaram bem nas suas cabecinhas e eu agradeço-lhes!

quarta-feira, 21 de setembro de 2016





MALHAR EM FERRO QUENTE?
Valerá a pena?

(sempre achei que os ditados populares encerram sabedoria... da certa!)



Opá, não resisti a vir logo aqui escrever isto. Identifiquei-me completamente com o que aqui se defende.
Identifiquei-me com este projeto e com esta forma de trabalhar. Percebi a dificuldade de fazer passar uma mensagem à qual não é fácil aderir. Percebi a dificuldade de se arranjar uma equipa assim e de se poder, de forma sistémica, entrar na estrutura do ensino e mudar paradigmas. Percebi quanta coragem é necessária para isto, quantas adesões a esta forma de trabalhar, quanto empenho e "desbravar de mato" que se tem de fazer. Percebi, porque não sou ingénua, quanta sorte se tem de ter à mistura, para se conseguir "caldear" todos estas factores de forma favorável. Pensei nos meninos e meninas que conheço tão inteligentes, tão capacitados, mas tão desenquadrados, tão resistentes a aderir a este sistema antigo e desadequado de ensino, punitivo, espraiado em metas e competências que não lhe são significativas. Pensei em todos os meninos e meninas que podiam brilhar, cantar, dançar, pintar, na escola e que não o podem fazer, porque se desenha para eles um esquema de ensino balizado principalmente em algumas áreas e não noutras. Percebi a importância de se trabalhar com os Pais, com as famílias, trazendo-as e sobretudo, envolvendo-as com a escola. Percebi que tudo isto leva tempo, para testar, aplicar, maturar. E percebi que tempo, é uma coisa que quase já não há. Para nada. 
Mas pronto, gostei deste senhor diretor e desta escola pública. É a prova de que existe gente desta por aí. Sei que há muitos outros diretores, muitas outras escolas que quereriam poder aplicar também tudo isto e que não podem, não conseguem, não têm tempo, não têm o tal dado da sorte a ser-lhes favorável, não têm a equipa adequada. Eu sei... 
Mas, mesmo assim, quero louvar aqui a coragem deste e de muitos outros que conseguem. É que não podemos mesmo continuar a malhar em ferro quente! Há coisas que não funcionam mesmo e já todos vimos isso há muito...



P.S. Lembtrei-me desta foto de uma atividade de  Pré-Escolar , onde o IMAGINAR/SONHAR/RIR/ esteve tão presente...
TENHO TANTAS SAUDADES DISTO...

terça-feira, 20 de setembro de 2016






PALCO GIGANTE





Às vezes lembro-me desta foto e da ternura que me inspira. E hoje, passou-me pelos olhos...
Nunca tive uma irmã (tenho dois irmãos maravilhosos), mas esta foto inspira tudo aquilo que sempre imaginei que duas irmãs pudessem ser. Cúmplices, amigas, parceiras de confidências, leais, diferentes, sim, diferentes uma da outra, mas complementares no amor e na vida que possam partilhar. Porque o amor toma forma e é verdadeiro, mesmo na diferença. 
O mar lá ao fundo inspira-me ao futuro, reservado à sobranceria de quem não se revela, mas certo, certinho como um tiro que nos espera a todos. E o vosso abraço, inspira-me à ternura que espero que vos ligue sempre. Mesmo com arrelias, mesmo com irritações próprias de duas irmãs que são (muito) diferentes. Mesmo com diferenças de idade, de postura, de formas de encarar o mundo. Mesmo com espaços e tempos próprios de cada uma. É assim que deve ser. Um palco gigante onde os afetos subsistem e vos ligam. E eu, como vossa mãe, intuo que é assim que será. 

P.S. Juro que vou amarrar o Pedro e tirar-vos uma foto assim aos três!    

terça-feira, 13 de setembro de 2016



RISCOS NO CÉU

E agora pronto, é deixar-te voar e seres tu a fazer os riscos no céu. 
Cá por mim/nós ficamos cá por baixo a aquecer-te o ninho que continuará sempre a ser o teu. 
Bons vôos, princesa!!



P.s. Haja coração-plástico-de-mãe-que-tem-que-estar-preparado-para-isto... Ufa!!

sexta-feira, 9 de setembro de 2016







ESCADINHA

Disse-me ontem que eu "lhe tinha ensinado" que aquilo que dizemos aos filhos, fica sempre lá, mesmo reminiscente, para mais tarde, ou mais cedo se manifestar como uma semente boa que dá sempre fruto, mesmo quando a terra não presta. (Fui eu que te ensinei isso, tia querida?? Não terás sido tu a mim?)
Mas pronto, quero crer que sim. Quero acreditar que as vozes da mãe (e, no meu caso, por osmose, do pai) irão sempre fazer eco nas suas vidas como uma ressonância teimosa, que os devolve às raízes, à essência maior do seu núcleo. Quero crer que tudo o que a mãe lhes diz, mesmo que tenha agora ares e vozes de parvoíce sem sentido, possa orientar-lhes os passos no futuro, como se nós tivéssemos sempre que voltar a uma raiz forte que nos segura à terra, nos dá o norte e nos permite depois voar.
Pois é! Na escadinha de filhos que tenho, na diferença de feitios, personalidades, maturidades, formas e modos de estar, tenho que ser mestre nisto de não me anular, dizendo-lhes sempre o que penso, com palavras certas e claras, olhar seguro e tom firme, observando e ouvindo na retaguarda e agindo, por instinto e razão, sempre que acho necessário, não deixando esquecer assuntos, mesmo que nem sempre se encontrem os momentos certos para os abordar, já que aqueles nos parecem fugir.
E sobretudo, tenho que acreditar, acreditar muito que algo lhes fique, como se o seu degrau na escadinha dos irmãos, tivesse sido encerado, ao longo do tempo, com uma cera especial. Daquelas que brilham sempre e cheiram bem.

Pois!... Coisas de mãe, estas. Mas é isto, é mesmo isto, não há volta a dar!

sábado, 3 de setembro de 2016






SAUDADES






Hoje farias 46 anos e as saudades que tenho de ti são sempre incontáveis e não passam, mesmo arrastadas pelos anos. Por isso, foi para esta foto da minha e tua doce infância que olhei de manhã, lembrando-me deste dia, no Jardim Escola "A Luzinha", vestidos (ou semi vestidos, que a paciência da mamã para estas coisas não era quase nenhuma...) de Carnaval! 
Gosto de ver os nossos braços dados e o meu sorriso de irmã mais nova que, apesar de mais nova, arrastava-te tantas vezes para aquilo que eu mais gostava de fazer. E tu ias, ias sempre. 
Tenho muitas saudades tuas, Nuno e queria ter-te aqui perto de mim, a contar-te as coisas da minha vida, a ouvir-te rir, genuíno, como te rias, a ouvir-te falar e a saber o que achavas de todas elas. A seres o meu irmão companheiro, tão diferente de mim, mas tão meu, tão cúmplice. A seres comigo irmão e irmã do nosso João pequenino, agora homem. A estares comigo, connosco, aos domingos na casa da mamã. A recordarmos juntos o papá...
Gosto da espécie de anjinho gordo "de moldura" que nos segura aos dois.
Quem sabe seja perto de um destes que tu estás. Bem, claro, claro que sim, porque o céu merece pessoas como tu, eu sei...
Mas tenho saudades, só isso e por isso, este dia vai ser sempre especial. 
LUV U! 



domingo, 28 de agosto de 2016




CENÁRIO PINTADO

que mais gosto nas férias é de andar de chinelo no pé. De não ter de me preocupar com o cabelo. De andar sempre super, hiper prática, de estranhar já quando tenho que pôr um simples rímel.  De escorrer o tempo em hábitos simples e rotineiros. De não ter horas. De saltar refeições só porque sim. De enganar biorritmos porque se contraria o habitual. De ter uma praia deserta a 300 passos de mim, se eu quiser. De estar na ria, ou na costa, ou no café, ou em casa, ou na rede, o que me apetecer. De ter sossego, dado também por filhos já grandes. De ler sem fim. De tudo isto que já tenho dito e que forma e completa as minhas férias. E disto já não abdico, pronto, finezas da idade!
E depois tu, que estás sempre lá, como se completasses um cenário pintado que já é o meu.
Os tempos que gosto de passar sozinha e que me estruturam, não compensam aqueles em que estou contigo, nestes cenários das nossas férias, ou em quisquer outros, como se o equilíbrio se encontrasse nesta dualidade.
Pois é! Fazes-me parte. Fazes parte. De chinelo no pé, ou de rímel nas pestanas e cabelo arranjado.
E é tão bom, isso...
LUV U!



domingo, 21 de agosto de 2016





ESTRANHICES
(cada um com a sua...)

Sinto-me um bocado estranha, às vezes, com esta minha compulsão da leitura. Sentir que prefiro mil vezes, às vezes, ficar com o meu livro de momento, a fazer aquela viagem única e só minha, do que ir aqui, ou ali. Às vezes, a sério, acho que tenho que dosear isto, para não parecer maluquinha de todo. Vou dizendo para mim própria que a idade me vai trazendo menos paciência para o que não gosto de fazer, mais impertinência para espaços e tempos que não vou suportando já tão bem e também aquela sobranceria tranquila que a maturidade traz, que é a de fazer MESMO aquilo que gosto. 
E depois, tenho amigas que partilham comigo este gosto, esta compulsão e, à boleia de conselhos trocados e/ou sugestões partilhados, caem-me no colo assim coisas destas, como este que acabei agora de ler, O ROUXINOL, de Kristin Hannah. 
Sendo uma leitora (quase) compulsiva, não sou expert em literatura, nem tenho um conhecimento exagerado de muitos autores, correntes, ou estilos. Leio porque gosto, porque me envolvo nas histórias, porque gosto de imaginar as personagens nos cenários descritos, porque enceto viagens para mundos que vou conhecendo melhor. Mas sou, sobretudo, sensível a uma boa história, que junte uma boa narrativa a um enredo interessante, personagens densas e acontecimentos decisivos, cenários inventados, ou reais, trama, suspense e humanidade. 
E este livro, que tem por detrás os factos históricos de uma França ocupada, traz até nós a vida de duas irmãs que representam outros tantos e tantas que sobreviveram e resistiram ao jugo nazi.
Sendo cada leitura uma viagem única e absolutamente pessoal (por isso é que há tantos livros e autores tão significativos para uns e tão indiferentes para outros) atrevo-me a remoer (e aconselhar) este, relembrando a história e o papel decisivo que as mulheres tiveram nos palcos mais esquecidos ( ou mais importantes) da guerra.

É que gostei mesmo do livro! E ler aqui, só pode ser bom, já agora...



terça-feira, 16 de agosto de 2016






AGOSTO


 


Para o bem e para o mal será sempre o meu mês de férias. Aquela altura do ano para a qual guardo projetos, decisões, descansos. Ou simplesmente aquela altura do ano em que me sinto anestesiada pelas ondas, calor e torpor, próprios de um verão a pique e de (alguma) inércia. Não luto contra isto. Estes dias sem horas e estas horas sem pressa. É assim, talvez um chamado do corpo a reclamar descanso, calma e tempo. Deixo-me levar sem fazer ondas. Sei que isto passará veloz, com um raio, mal me dando tempo para tudo a que me propus. Sei que breve, breve virá uma reentrada louca nos tempos e horas e prazos da vida de todos os dias.
E então deixo-me ir indo, nesta anestesia prazeirosa das férias, dando ao corpo aquilo que me vai pedindo e dando-me a mim, o imenso prazer (consciente) de estar anestesiada. 
Sem culpas...

(E tanto que me identifiquei com esta crónica...)
 


 

sexta-feira, 12 de agosto de 2016





WOW

(gigantesco...)


Letargia, anestesia, dormência. Podiam ser estas algumas das palavras que me caracterizam por estes dias. Após um ano intenso de trabalho e pressões várias e depois da viagem de que falei aqui, este descanso sabe-me a mais que merecido e toma laivos de egoísmo teimoso, porque sim, porque mereço, porque quero que persista, porque acho que é devido, porque não quero que me chateiem, porque, porque, porque...
Mas, e porque não vivo numa bolha, nem numa realidade virtual, acompanho o que se vai passando para lá deste meu mundo egoísta de férias. Incêndios, Olimpíadas, aviões russos, metas do défice e emigrantes lesados do BES, vão-me chegando aos ouvidos num ruído de fundo que nos devolve a outra vida, aquela que deixámos para lá das férias. Acompanho outros temas e assuntos, mais de foro pessoal e familiar, alguns com tons de perda, dor e menor alegria. Todos eles compõem este leque variado de vida, da vida que é minha também.
Mas volto ao meu egoísmo de férias e deslumbro-me com estas dunas e este mar que me rodeiam. Com este pôr-do-sol gigante todos os dias à minha porta. Com este vento na cara e este mar a 25 graus. Com esta areia fina e limpa. Com este eco do mar. Com estes hábitos simples que me equilibram: o ler na praia, o caminhar na areia molhada, o conversar com amigos, o estar às vezes sozinha só comigo e com as minhas coisas, o ler o jornal, o não ter horários, o escrever... Sem muita gente, sem muita confusão, sem festas top e gente famashow. Que bom, que bom.
Preciso disto! Como do pão para a boca. Talvez tudo isto me devolva a capacidade de encaixe para o que está para além de mim, para aquelas coisas que me chegam em ruído de fundo pelas notícias. Talvez tudo isto me prepare para novos arranques em setembro que está já aí. 
Pois é! E enquanto isso não chega, vou andando de espanto em espanto com o que esta natureza maravilhosa me dá, aqui, a toda a minha volta.
Este WOW gigantesco é mesmo maior que eu. Acho que me vou render a ele. E será mais que suficiente...



quarta-feira, 10 de agosto de 2016



E ENTÃO?
(os 22 anos depois?)

Tenho estado desejosa de me sentar a escrever este post, agora que a mega logística de um pós-viagem a 5 se vai apoderando de mim e a rotina que conheço vai tomando lugar, instalando-se sobranceira e espaçosa, agora para coisas minhas, muito minhas. 
Assim, 7 máquinas de lavar roupa depois e outras coisas que tais e já instalada no meu reduto familiar de férias, começo a processar a informação de tudo o que se passou durante esta viagem que fizemos de 8 dias. Apetece-me constatar que sim, 22 anos depois, esta viagem, a este sítio, teve, na mesma, o doce sabor e encantamento esperados: deslumbrei-me outra vez com as paisagens de postal que a Suíça oferece, olhei à volta e vi que não havia cantinho de que não gostasse, observei o sentido de organização oferecido, limpeza, ordem e disciplina, vi gente e mais gente e mais gente, unida por um ideal universal de fraternidade, que é o Escutismo (e que bom passá-lo para os meus filhos!), constatei interiormente e a cada minuto, que aos 44 anos reparo em coisas e em pormenores que aos 22 não reparei (e assim deve ser... será sinal de normalidade, certo?), revejo-me na alegria e reações das minhas filhas, deslumbro-me com uma Natureza exuberante, grandiosa e soberba que me devolve a cada minuto a sensação de pequenez que devo, para justa reflexão, ter, rejubilo com o facto e privilégio de estar a viver esta experiência a 5, com aquele núcleo que é meu, nosso, partilho com amigos estas sensações e colo mais uns mosaicos de coisas boas numa memória pessoal.
Haveria muito mais a dizer sobre esta viagem. Haveria até a possibilidade de se considerar que não foi uma viagem de sonho, já que teve a reboque uma logística grande que cansa e extenua, podendo ter-lhe tirado o sabor, mas acho que os sonhos são teimosos e  do tamanho que temos, que é o mesmo que dizer que têm a forma e cor que lhes quisermos dar e então, mesmo guardando a ideia de viagem de sonho para outra viagem que venha ainda a fazer, de KANDERSTEG, 22 anos depois, vou guardar uma doce e linda sensação. 
 LIVE THE DREAM, dizia-se por lá, no chalé Escutista. Pois é! E nestes 8 dias, o sonho foi do meu tamanho e dentro dele, coube tudinho o que por lá vivi. Mesmo...!