sexta-feira, 22 de fevereiro de 2013

 
 
TRAMPOLIM
 
 
Há profissões muito chatas, maçudas, entediantes, que constituem para quem as executa, uma mera obrigação que facultará, ao final do mês, um vencimento, necessário à vida de todos os dias. Há depois outras proffisões que não são entediantes, mas que também não são aquilo que gostaríamos a 100% de fazer... enfim, têm qualquer coisa que não é completamente aborrecida, até têm alguns aliciantes diários, mas não correspondem à nossa vocação mais verdadeira, são já um hábito, uma formalidade que cumprimos todos os dias com um misto de obrigação e semi-prazer. Depois há também outras profissões que se revelam como descobertas interessantes, mostrando-nos e/ou revelando-nos prazeres novos, surpreendentes e inesperados. Essas, constituem "amores" recentes que (re)vitalizam e fazem carregar baterias...
No final deste "cenário", há um "pano", uma "baínha" escondida, mas muito presente: a das regalias e/ou direitos inerentes a cada uma das profissões e esta "baínha" às vezes é áspera e muito desconfortável, "pica" constantemente, porque nela cabe tudo: regalias a menos, desproporcionais àquilo que se faz e muito insuficientes se atendermos à nobreza, importância e acutilância de muitas profissões e também direitos suprimidos, outrora conquistados com tanto esforço e luta, por gerações anteriores à nossa. Tudo isto, agora, de forma completamente involuntária para nós e por forças externas que não podemos controlar nem contra as quais podemos lutar, é delapidado num ápice, ficando-nos um "amargo de boca", constante, constante, que faz enegrecer a NOSSA profissão, mesmo contra nossa vontade.
De facto, tudo é um retalho muito grande de muitos pontinhos e de certeza que, à nossa volta, conhecemos alguns destes exemplos! Não nego isso, mas hoje, pude ter 10 minutos de um prazer inesperado que a minha profissão me deu, a par de muitos outros que lhe reconheço, talvez porque é aquela que escolhi, de coração e porque é aquela que, para mim, é a mais bonita!
Hoje, durante 10 minutos, esqueci os direitos perdidos, ou nunca alcançados, as injustiças persistentes, as regalias desproporcionais, as incongruências crónicas de sistemas que não funcionam, ou que funcionam mal... Hoje, no final da aula de ginástica do meu grupo, ao saltar num TRAMPOLIM gigante (sim, eu saltei hoje num T R A M P O L I M  gigante!!!), juntamente com todos os meninos e meninas da minha sala e mais dois colegas adultos, tive 10 minutos de felicidade, em que ri, caí, rebolei, vi os olhinhos de todos (adultos incluídos) a brilhar, ouvi risos de quem gosta de me ver assim, tão PAR e pensei que afinal, até tenho muita sorte, apesar de tudo.... e foi tão bom!!! Sabem? apeteceu-me ficar lá o resto da manhã e pensei "em segredo", que esta é mesmo a melhor profissão do mundo!
 


3 comentários:

  1. Estive a ler o texto , que a minha mãe leu e está muito bonito.
    Quero dar-te os parabéns deste texto muito engraçado que acabei de ler.

    Pedro Ferrinho

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  2. Embora seja parca em comentar, pois sigo-te num ápice e às vezes por preguiça não o faça. Hoje não posso deixar passar esta...há lá melhor crítico que o SR PEDRO FERRINHO?
    Esses são também bocadinhos de felicidade, como dirão "enjoy it". Beijos

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  3. Embora seja parca em comentar, pois sigo-te num ápice e às vezes por preguiça não o faça. Hoje não posso deixar passar esta...há lá melhor crítico que o SR PEDRO FERRINHO?
    Esses são também bocadinhos de felicidade, como dirão "enjoy it". Beijos

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