MOTHERHOOD
Sempre fui maternal... embora não ligue nada ao Zodíaco, julgo saber que o meu signo (caranguejo) esteve sempre ligado à maternidade, ao lar, à família e eu, mais ou menos desatenta e pouco informada sobre estas lides zodíacas, não posso deixar de achar alguma piada, porque de facto, eu era assim e hoje, sou assim. Embora em pequenina fosse "estouvada", endiabrada, aventureira, não gostasse nada de estar sossegada, fosse "alérgica" às lições de croché da minha doce avó Lurdes, nunca tivesse tido paciência para aprender ponto de cruz e outras coisas que ela gostaria de me ter ensinado, adorava, a par da bicicleta, dos patins, das subidas às árvores, dos jogos de berlinde (eu jogava ao berlinde, sim senhora!!!), brincar com bonecas, como as outras meninas da minha idade, às casinhas, aos cozinhados. Não me parece um paradoxo. Hoje, adulta, mãe e Educadora de Infância, acho graça ao facto de algumas meninas (cada vez mais) serem assim, estouvadas, decididas, aventureiras, práticas, mas muito femininas, ao mesmo tempo, projetando nas suas brincadeiras, o jogo simbólico que fazem das suas casas, dos seus lares, das suas mães, (ou adultas cuidadoras) quem sabe? Esta sua feminilidade não se resume só a estas brincadeiras, cada vez mais é impregnada de uma série de outras encantadoras características que associamos de imediato às meninas (capacidade de fazerem várias coisas ao mesmo tempo, gerirem as tarefas de uma forma mais célere, enfim, penso que não correrei o risco de estar a exagerar, salvas as sempre devidas exeções, claro!)
Quando me imaginava adulta, nunca me imaginava sem filhos! Não sei porquê, mas isso fazia parte da minha ideia de felicidade, de projeto de vida. Isso para mim não era redutor, era uma coisa que sentia como quase uma certeza, a par de uma realização profissional que ansiava.
E hoje, tenho três filhos e sinto-me uma mulher muitíssimo realizada a esse nível, a par de outros níveis de realização pessoais e profissionais que sinto e que me fazem sentir uma gratidão imensa por tudo o que tenho, que é tanto, tanto!
Este sentimento de gratidão incluí o sentir-me parte de uma rede de mães (conhecidas e desconhecidas) que sentem e vivem isto desta forma, tal e qual a minha. Tenho tantas amigas que sentem isto e com quem me identifico e com quem falo tantas vezes, com tanto e tanto prazer! Tenho depois outras amigas que não sentem nada disto, mas que são, tal como eu, imbuídas de um respeito enorme pela vida de cada um e pelas opções de cada um e conheço depois também, uma série de mulheres que vivem a MATERNIDADE desta forma plena, autêntica e intensa. Esta intensidade implica as várias vertentes de amor, mas também de exaustão (sim, esta às vezes domina-nos!) a que este cargo vitalício nos obriga! A mãe cuidadora, a mãe vigilante, a mãe atenta, a mãe polícia, a mãe galinha, a mãe coruja, a mãe também mulher, a mãe também esposa, a mãe também esgotada, cansada, saturada, stressada, a mãe calma, preguiçosa, egoísta porque hoje só quer estar sozinha um bocadinho, a mãe cozinheira, a mãe, a mãe, a mãe... acho que as vertentes não acabariam nunca, tal e qual o amor que lhes temos!
Sou muitas vezes um bocadinho de todas elas e consigo (oh, Natureza, Natureza...) às vezes, ser um bocadinho de todas elas quase em simultâneo, como um polvo, com vários tentáculos, virando-se em várias direções! Às vezes sinto que sou polícia vezes demais, extenuando-me a impor-lhe regras de vivência diárias, de arrumação, de cuidados domésticos e outros, sentindo que os resultados não se vêm, não se ouvem, não se sentem, mas acreditando, no íntimo que a "semente" está lá e fará a diferença quando for preciso; às vezes sinto que sou a galinha, a coruja, muitas vezes a stressada, a irritada; sempre, a cozinheira, e infinitamente sempre, sempre, sempre a MÃE, só a MÃE, com a unicidade que só ela tem, buscando como só ela sabe, um equilíbrio que surgirá naturalmente, como se a Natureza tivesse previsto esse "metabolismo emocional" necessário às múltiplas solicitações que tem e que, de certeza, os seus filhos vão aprender a respeitar, reconhecer ao longe e amar, muito, muito!
Acredito que o "saldo" deste amor, será sempre positivo...
"-Mãe, vais ser sempre a mais bonita!" - Pedro
Bonita reflexão na qula me revejo!!!!
ResponderEliminarBeijos
Tal como a tua mãe, também me revi nas tuas palavras. A maternidade dá-nos super poderes, amolece as almas mais duras e dá forças a quem pensa ter a força de uma borboleta. Já tinha lido o teu post à pressa mas não o tinha comentado. Adorei.
ResponderEliminarbeijinhos (os teus filhotes estão lindos, lindos)