- Oh mãããeeee...
Ter duas filhas adolescentes é uma descoberta diária e uma caminhada que não tem receitas, ou estratégias definidas. Não valerá a pena nunca dramatizar: nunca será tão fácil como se quereria, mas também nunca é tão mau como se pensa! Ainda por cima, as minhas filhas são duas adolescentes completamente diferentes uma da outra e são diferentes desde bebés, em tudo, o que nos dá a todos lá em casa um "palco" de cenários" diários de reações e atitudes diferentes perante as coisas. Às vezes até me rio porque me consigo rever um bocadinho em cada uma delas, como se a genética se tivesse preocupado em fazer uma distribuição equilibrada das minhas características por uma e depois, por outra. Se fisicamente são muito mais parecidas com o pai do que comigo (resta-me o mais novo para me dar esse "alento" da parecença fisíca comigo... ou, pelo menos com o lado materno...), em termos de feitios e atitudes perante as coisas, partilham as coisas parecidas à mãe...
Lembro-me que não fui uma adolescente difícil. Tinha as minhas rebeldias (e ainda bem!) que, comparadas com muitos dos problemas a que hoje se assiste, eram "brincadeirinhas de crianças", fazendo-me agora até esboçar um sorriso quase inocente quando as recordo. Os meus Pais eram absolutamente vitais na minha vida, tinham um papel complementar, mas diferente, como se cada um de ocupasse de uma área da minha vida, mas estivesse sempre a par de todas as outras, como aqueles puzzles em que uma pecinha só encaixa numa outra, mas contribui para todo o resultado final... e tinham um papel muito bem definido, seguro e atuante sempre que achavam necessário. E isso fez-me muito bem! Incutiam-nos autonomia, mas também responsabilidade, decisão, mas também apoio de retaguarda, iniciativa e brio naquilo que fazíamos, mas também a preocupação de nos mostrar que nos amavam tal e qual éramos, sem espetativas infundadas e ilusórias... ao mesmo tempo, tentavam sempre que criassemos espetativas plausíveis de nós próprios, encaminhando-nos para uma vida com sonhos (sempre essenciais), mas realidades também, daquelas que moldarão em grande parte, os nossos futuros.... Lembro-me que apesar desta cumplicidade de retaguarda, não eram os meus confidentes de eleição... as amigas e amigos sim, esses eram sempre os escolhidos, nas diferentes fases da vida, para os primeiros desabafos e conversas mais difíceis e hoje, adulta, consigo dizer que ainda bem, é assim que tem que ser... como se o passarinho tivesse que voar sozinho antes de voltar atrás, ao ninho de origem...
As minhas duas filhas adolescentes, diferentes, procuram-me para desabafar, para me contar alguns (sei que poucos, os que bastam no seu entender...) segredos e para me pedirem a opinião, às vezes, muito seguras de si, com ares de sabedoras de tudo, como se o perguntar à mãe fosse só o confirmar (ou não) daquilo que já sabem... tenho que ouvir sempre, gerir os timmings das respostas e procurar um equílibrio nem sempre fácil entre o dizer-lhes o que penso com segurança e também o acolher/ouvir/processar/ o que me dizem, por muito disparatado que pareça (e tudo isto sem lhes fazer perceber como tudo é tão previsível!). Tenho que acolher sempre, não me anulando a seguir, mesmo que a resposta não seja aquela que querem ouvir, mesmo que finja um ar desinteressado que lhes facilita o desabafo, mesmo que me ria por dentro da dúvida, da questão... tenho que lhes prometer sempre que fica entre nós, incluindo sempre o pai "nesse nós" tão grande, fazendo-lhes ver que ele é também uma "peça" absolutamente vital nas suas vidas, mesmo que recorram sempre primeiro a mim, com um recorrente: -"Oh mãããããeeeeee!", seguido de sabes, mãe, tu é que entendes estas coisas..."
Quero acreditar que assim esteja a criar entre nós um elo de confiança que será importante para suportar crises futuras e ao mesmo tempo que lhes esteja a ensinar (sem livros, fórmulas em papel, decretos, ou receitas...) uma rede de relações de afeto que nos ligam a todos lá em casa e que nos tornam, aos bocadinhos e de vez em quando, todos responsáveis uns pelos outros.
Ter duas filhas adolescentes é uma descoberta diária e uma caminhada que não tem receitas, ou estratégias definidas. Não valerá a pena nunca dramatizar: nunca será tão fácil como se quereria, mas também nunca é tão mau como se pensa! Ainda por cima, as minhas filhas são duas adolescentes completamente diferentes uma da outra e são diferentes desde bebés, em tudo, o que nos dá a todos lá em casa um "palco" de cenários" diários de reações e atitudes diferentes perante as coisas. Às vezes até me rio porque me consigo rever um bocadinho em cada uma delas, como se a genética se tivesse preocupado em fazer uma distribuição equilibrada das minhas características por uma e depois, por outra. Se fisicamente são muito mais parecidas com o pai do que comigo (resta-me o mais novo para me dar esse "alento" da parecença fisíca comigo... ou, pelo menos com o lado materno...), em termos de feitios e atitudes perante as coisas, partilham as coisas parecidas à mãe...
Lembro-me que não fui uma adolescente difícil. Tinha as minhas rebeldias (e ainda bem!) que, comparadas com muitos dos problemas a que hoje se assiste, eram "brincadeirinhas de crianças", fazendo-me agora até esboçar um sorriso quase inocente quando as recordo. Os meus Pais eram absolutamente vitais na minha vida, tinham um papel complementar, mas diferente, como se cada um de ocupasse de uma área da minha vida, mas estivesse sempre a par de todas as outras, como aqueles puzzles em que uma pecinha só encaixa numa outra, mas contribui para todo o resultado final... e tinham um papel muito bem definido, seguro e atuante sempre que achavam necessário. E isso fez-me muito bem! Incutiam-nos autonomia, mas também responsabilidade, decisão, mas também apoio de retaguarda, iniciativa e brio naquilo que fazíamos, mas também a preocupação de nos mostrar que nos amavam tal e qual éramos, sem espetativas infundadas e ilusórias... ao mesmo tempo, tentavam sempre que criassemos espetativas plausíveis de nós próprios, encaminhando-nos para uma vida com sonhos (sempre essenciais), mas realidades também, daquelas que moldarão em grande parte, os nossos futuros.... Lembro-me que apesar desta cumplicidade de retaguarda, não eram os meus confidentes de eleição... as amigas e amigos sim, esses eram sempre os escolhidos, nas diferentes fases da vida, para os primeiros desabafos e conversas mais difíceis e hoje, adulta, consigo dizer que ainda bem, é assim que tem que ser... como se o passarinho tivesse que voar sozinho antes de voltar atrás, ao ninho de origem...
As minhas duas filhas adolescentes, diferentes, procuram-me para desabafar, para me contar alguns (sei que poucos, os que bastam no seu entender...) segredos e para me pedirem a opinião, às vezes, muito seguras de si, com ares de sabedoras de tudo, como se o perguntar à mãe fosse só o confirmar (ou não) daquilo que já sabem... tenho que ouvir sempre, gerir os timmings das respostas e procurar um equílibrio nem sempre fácil entre o dizer-lhes o que penso com segurança e também o acolher/ouvir/processar/ o que me dizem, por muito disparatado que pareça (e tudo isto sem lhes fazer perceber como tudo é tão previsível!). Tenho que acolher sempre, não me anulando a seguir, mesmo que a resposta não seja aquela que querem ouvir, mesmo que finja um ar desinteressado que lhes facilita o desabafo, mesmo que me ria por dentro da dúvida, da questão... tenho que lhes prometer sempre que fica entre nós, incluindo sempre o pai "nesse nós" tão grande, fazendo-lhes ver que ele é também uma "peça" absolutamente vital nas suas vidas, mesmo que recorram sempre primeiro a mim, com um recorrente: -"Oh mãããããeeeeee!", seguido de sabes, mãe, tu é que entendes estas coisas..."
Quero acreditar que assim esteja a criar entre nós um elo de confiança que será importante para suportar crises futuras e ao mesmo tempo que lhes esteja a ensinar (sem livros, fórmulas em papel, decretos, ou receitas...) uma rede de relações de afeto que nos ligam a todos lá em casa e que nos tornam, aos bocadinhos e de vez em quando, todos responsáveis uns pelos outros.
Não sei o que é ter adolescentes em casa e acho que é boa a proximidade entre mãe e filhos, apesar de achar que cada um tenha o "seu papel". Os pais não podem ser "os melhores amigos dos filhos", não têm uma relação de igual para igual. Essa hierarquia é importante.
ResponderEliminarMas não há dúvida que é importantíssimo que saibam que podem contar connosco sempre e que lhes diremos a verdade, o que pensamos, nas horas certas.
Adorei esse post.
Que saudades..! sempre gostei da idade da adolescência embora não me possa queixar dos meus filhos, sempre foram gratificantes, para os pais, no seu crescimento1 Espero o mesmo das minhas netas agora e seguramente que assim será.
ResponderEliminarBeijos