quarta-feira, 2 de abril de 2014



Complicómetro
( Imagem de http://complicometroeoutrosdevaneios.blogspot.pt/)


COMPLICÓMETRO

(tens algum?)


Tínhamos combinado todas estar NAQUELE sítio, àquela hora para uma determinada tarefa do estágio. Eu tinha responsabilidade repartida com as outras, já que cada uma de nós era encarregue de uma determinada parte. Cada uma, sem as restantes, não daria seguimento ao seu trabalho, já que este funcionava como um todo, sendo boicotado se uma das partes falhasse. Era um trabalho importantíssimo que definiria a avaliação final daquela disciplina. Tendo perdido o transporte, fiquei muito perto de boicotar a todas as outras o desempenho desse dia e rapidamente me meti num táxi, SEM DINHEIRO suficiente e, muito pronta e despachada, pedi ao motorista que me levasse ao sítio em causa. Disse-lhe que não tinha dinheiro, mas que lhe pagaria mal chegasse, pois pediria às minhas colegas. Não fazia ideia se elas também teriam, mas arrisquei. Aproveitei para lhe contar, durante a viagem de mais ou menos meia hora, toda a situação. Lembro-me que falei sem parar e lembro-me que o homem se riu e achou piada àquela miúda extrovertida e hoje, à distância de mais de vinte anos e vendo esta cena em perspetiva, sem telemóveis ou outros suportes protetores, rio-me com prazer do meu desenrascanço. Ainda hoje, quando estou com estas colegas, este episódio vem à baila e rimo-nos todas ao lembrar a forma esbaforida, mas aliviada com que cheguei perto delas, à hora combinada, podendo TODAS ter feito aquilo a que nos propuséramos. Nunca lhes poderia ter falhado, pensava eu... Também me lembro de muitos episódios da minha infância em que este desenrascanço imperou, tornando-me numa miúda extrovertida, prática, rápida e com um quê de estouvada, o que me provocava, algumas vezes, alguns dissabores, confesso. Tenho uma fotocópia disto cá em casa, hoje, muitos anos depois e vejo na minha filha Sofia este espírito assim, ultra, mega, super rápido, muitas vezes inimigo da perfeição, eu sei, mas muito conveniente em tantas situações.

Se este episódio em si não tem nada de ULTRA extraordinário, não pode deixar de me fazer pensar nesta capacidade de improvisar, adaptar, criar soluções e por isso, quando estou com tanta e tanta gente complicada, que de tudo faz um caso, que do simples faz o difícil, que do prático e acessível faz o intransponível e inalcansável, apetece-me perguntar-lhes se têm o complicómetro ligado. É que, eu sei... cada um é como é, mas que esta perguntinha já esteve mesmo, mesmo para sair, ai isso é certo!

'Bora descomplicar???





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