terça-feira, 22 de abril de 2014






OUTRA VIDA

(há momentos em que a vida nos é mostrada assim, de forma tão simples, mesmo de pés no sofá...)






E num destes dias, por acaso, foi assim: o vídeo antigo, antigo, foi trazido de uns confins imensos onde estava, a caixa das velhinhas cassetes, enormes e nada modernas foi trazida para dentro, do fundo de um armário e uma curiosidade urgente dos três, misturada com curiosidades que os assaltavam... -oh mãe, as máquinas faziam isso, assim, mas já filmavam assim? - querida, isto não foi no século passado, não somos assim tão velhos, que coisa!
E lá começámos a ver essa nossa outra vida, aquela que nos fez ser aquilo que somos hoje. Riram imenso quando se viram, quando nos viram, tão diferentes, tão novinhos, eles tão bebés, tão pequeninos, os amigos comuns, já comuns nessa fase e outros que passaram pelas nossas vidas, as coisas que diziam, o que faziam, aqueles que existiam connosco e que agora já cá não estão, a doce sensação de recordá-los e senti-los assim, com risos e alegria, o fio condutor que iam seguindo e percebendo pelas imagens, o rosto desta família de cinco e também a mais alargada, que é a de todos eles. 

Rimos todos imenso, acho que gostaram de ver, naquele pedacinho, raízes de todos, às quais nos agarramos, ao mesmo tempo que eu, eterna delico-doce, sentia uma nostalgia teimosa e secreta a invadir-me, não uma nostalgia triste e desejosa de que velhos tempos voltem atrás, não sou assim, mas uma nostalgia suave e ternurenta, pois assim, de pés no sofá, numa tarde perdida de um dia qualquer, em que por acaso estávamos os cinco, vi um projeto de vida ser passado à minha frente, entre imagens difusas (algumas) e memórias agora vistas no ecrã. Percebi que, como um velho amigo me disse há pouco tempo, é impressionante a velocidade vertiginosa como tudo avançou de há uns anos para cá, imprimindo diferenças abissais nas coisas, sendo essa velocidade muito maior que o tempo efetivo que marca os dias, mas acho que será disto feita a felicidade: projeto de vida, memórias e, sobretudo, estarmos juntos. Acho mesmo que isso é o mais importante! 

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