quinta-feira, 1 de maio de 2014



COLO QUENTINHO DE PAI...
(hoje o meu pai faria 72 anos e foi do colo dele que me lembrei!...)



Dia chatinho, este... O calor insuportável a vir com uma força desmedida, sem me dar tempo para que me habitue a ele e o metabolismo a cair, a pique, pondo-me naquela dormência irritante que já conheço muito bem. A toque de cafés, a coisa lá foi andando até ao final do dia, a toque de tarefas inadiáveis, a genica lá foi voltando, impondo-me este fenómeno metabólico estranhíssimo, que já conheço, porque é meu e que é o de ir espevitando à medida que o dia vai terminando, enquanto deveria ser ao contrário, mas enfim!
Levei o dia a lembrar-me dele, que hoje teria feito 72 anos, mais trinta do que eu, era fácil saber-lhe sempre a idade na ponta da língua por causa desta mnemónica. De vez em quando vinha-me à ideia a sua expressão e tantas coisas de que me lembro, que me estruturaram como pessoa, que me fizeram ser o que sou hoje. Tenho tanto dele, no feitio, na maneira de ser, no sentido de justiça e educação que lhe reconhecia à distância e sempre, com uma postura no trato que tento imitar! Tenho tantas saudades dele que nem consigo explicar, ou verbalizar. É mesmo como se ficássemos com uma cicatriz incrustada na pele, metida lá dentro, misturada connosco e para a qual estamos sempre a olhar, a ver, a sentir se passarmos por lá o dedo.
As saudades que tenho do meu pai são assim, estão sempre, sempre, lá. Não magoam, porque estou pacificada, mas são tão reais que não desaparecem nunca, vão estando por ali omnipresentes.
E ao final da tarde, quando ouvia o desabafo do mais-que-tudo, quando recebia no colo a tensão acumulada e lhe observava, em silêncio, a gestão que fazia dos incómodos e contrariedades, não evitei uma lágrima fácil que ali espreitou e que logo tentei engolir. De repente, tive medo de não ser grande já para gerir tantas coisas de gente grande e a lembrança dele surgiu tão enorme, como sempre acontece quando fragilizo, como se fosse a luz de um farol lá ao fundo que me guia quando já está escuro e o que me apeteceu mesmo, mesmo, com uma força desmedida que extravasou tudo, foi ter outra vez 8 anos, como nesta foto, e saltar para o seu colo que era sempre tão grande e seguro e quente e maravilhoso e doce e forte. Aí, tudo se resolvia...
Hoje fazias anos, papy e sabes, estás mesmo sempre comigo!







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