VIDA REAL
Hoje li um post, num dos blogs que sigo (vidademulheraos40@blogspot.pt), que falava de "mães reais, como nós" e depois referia-se a essas mães como mulheres que têm empregada a tempo inteiro, que organizam jantares, que fazem drenagens linfáticas regularmente e que cuidam imenso da imagem. Estarão sempre lindas, maravilhosas, cheirosas, glamourosas, presumo... Não tenho nada contra isso. Às vezes (muitas vezes!!) suspiro por uma empregada a tempo inteiro e por mais tempo para mim, mas não pude deixar de me lembrar de algumas mães assim que conheço tão bem e que depois, deixam esfumar de imediato esse glamour, assim que abrem a boca e deixam no ar uma sensação de vazio, de nulidade! - O glamour tem que ter conteúdo, pensei, e esse virá também do que se é, de verdade!
Lembrei-me das milhentas tarefas que tenho para fazer em casa, do caos reinante, embora às vezes organizado, que por lá impera, da falta de tempo que tantas vezes sinto, da falta de uma empregada a tempo inteiro que QUASE SEMPRE sinto, dos gritos que às vezes dou porque não concordo com o que dizem, ou fazem e porque sou assim, de génio fácil, da insistência que tenho para que ajudem, para que façam, da necessidade que sinto de que se oiçam uns aos outros, de que não imponham os seus programas individuais aos outros, como se aqueles fossem um dado adquirido, imune a quem por ali vive, da cordialidade que os obrigo a ter quando pedem para ir aqui, ali e acoli, porque quero que saibam que os seus programas têm que ser encaixados numa vida familiar DE TODOS e não só deles, da importância que dou ao ser, em vez do parecer, da imagem que lhes tento passar de que a mãe, e também o pai, os têm como absoluta prioridade, mas que têm vida própria e interesses e gostos e espaços e tempos que têm necessidade de preservar, sob pena de ficarem quase na corda bamba da insanidade mental...e de tudo isto me lembrei a propósito das "mães reais como nós..."
Mesmo não tendo a tal empregada a tempo inteiro, ou a marcação na drenagem linfática, ou tendo o cabelo, às vezes, em modo selvagem, sinto-me uma mãe real, como tantas que conheço e depois, veio-me à ideia esta imagem da Mafaldinha, que será sempre maravilhosa, mesmo não sendo ela ainda, ao que se saiba, uma mãe...
É que é mesmo assim, às vezes, O QUE É MARAVILHOSO, pode ter outro tom...
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