O PAPÁ É INVISÍVEL?
Juro que às vezes parece, mas não é! O "oh mãe", constante que se ouve na minha casa, por tudo e por nada, até à exaustão, faz-me às vezes ter este desabafo, meio a rir: "mas o papá é invisível?", querendo saber quais os dotes de magia utilizados para se ter o dom da invisibilidade, nem que seja por um bocadinho pequenino, às vezes, ao telefone, numa fugida, numa pausa espontânea, num cantinho da casa que ninguém vê, numa conversa ao telefone (nem aí!!!), num duche que se queria privado!!! Qual quê!!! Missão impossível!!
Mas ele não é invisível! Não é mesmo! É um pai presente e muito atuante e sei que cada um dos meus filhos tem dele uma representação e uma ideia muito bem construída, saudável, importante, harmoniosa. O pai é o responsável, nas suas vidas, por setores essenciais que reconhecem como "pelouros" seus e sei que sabem que o pai divide/complementa com a mãe uma série de vetores que os completam como pessoas a CRESCER....
Seremos sempre diferentes. A mãe é emocional e explosiva, com os "apitos da panela de pressão" sempre a querer dar sinal (e a dar mesmo!!!), com o grito fácil e com aquela mania de falar com a voz, cara, mãos, braços, corpo todo... A mãe é intuitiva e perspicaz, atenta a tudo e sabedora de segredos que a vida traz e a vida leva, mais importantes, ou menos importantes, ao sabor do crescimento, dos corações, das emoções da idade e do momento. O pai é racional, pragmático, ponderado. Gere as emoções de forma diferente, com calma, deixando as coisas carburarem e ganharem forma, de modo que as possa exteriorizar com ponderação, que quase sempre conduz à sabedoria. É assertivo e eloquente quando fala do que lhe vem do fundo... procura a mãe para confirmar o que já sabe, os segredos que descobre, intui, perspetiva no ar. O pai reforça, salienta, exterioriza o que é mesmo importante e que a mãe já disse vezes sem fim, como se soubesse que só a palavra final do pai fosse pôr uma conclusão definitiva no assunto. O pai é tantas vezes o pragmatismo e razão que a mãe precisa e procura e a mãe é muitas vezes, o sal e emoção que a vida também precisa para ter todos os sabores. E eu acho que os miúdos percecionam no ar, todas estas diferenças e cumplicidades, crescendo num mosaico engraçado e maravilhoso...
Cresci neste paradigma, de os pais ajudarem, serem pares, serem referências ativas na educação dos filhos. Não sei se a minha mãe cresceu com este paradigma, mas cresci a ver o meu pai a sê-lo e por isso, para mim, isto é natural "como a minha sede"... o pai dos meus filhos sempre atuou, ajudou, colaborou, participou e foi (e é) referência ativa e atuante na vida deles. É um pilar estruturante, como sinto que o meu pai foi (e é...) para mim...
Pronto, mas o que há a fazer? Apesar de tudo isto o oh mãe continua a ecoar pelos céus desta casa, como se me perseguissem pelo cheiro, mesmo quando já estou exausta e impaciente e aborrecida e sedenta de um bocadinho para mim, e egoísta e stressada e sonolenta e cansada e indiferente e, e, e, e.... Ufa! Ainda bem que tenho um ombro ao meu lado, daqueles bem deliciosos...
Não pude deixar de pensar nos "pais" e "mães" homofilos - se esta palavra existe assim- pois não há dúvida que a complementariedade, do que é diferente, é que produz, parece-me, equilíbrio e harmonia. Acho, entretanto, que o pilar "explosivo" q.b. que tu és beneficia da tranquilidade do outro pilar, mas acho que a harmonia só acontece exatamente porque assenta num amor com a grande e porque se completam exatamente. Daí resulta benefício evidente para os "pupilos" que gastam o nome da mãe. Mas, convenhamos até o cão da família só obedece ao pilar masculino....porque será? Beijinhos desta terra sempre fria....
ResponderEliminarRetrato bem tirado da minha casa, amiga!! Como só nós duas sabemos!!!
ResponderEliminarUm bj apertadinho
Rosaria