quarta-feira, 21 de janeiro de 2015




LOVE WRITTING


Havia numa das ruas, uma descida íngreme, quase a pique. Uma das minhas primas tinha uma bicicleta de corrida, daquelas que hoje achamos antiquadas, mas que na altura era um verdadeiro must, com os punhos enrolados muito para a frente, obrigando o condutor a curvar-se mais que o habitual. Eu não teria mais de 11 anos e os pés quase não me chegavam aos pedais que tinham uma armação em ferro à volta, para que os pés ficassem bem presos. Eu, destemida e aventureira (a quem será que a minha filha do meio sai?) adorava descer por ali em alta aceleração, querendo prolongar a sensação de velocidade (que permitia largar as mãos do guiador), do fresco do vento na cara, mas sobretudo do eco do meu grito que ressoava pela descida, como um rádio teimoso ligado lá longe. Adorava aquilo! E repetia, vezes sem fim a descida, perante o olhar apavorado do Nuno, mais tranquilo e temeroso que eu.
Esta e outras memórias povoam o meu álbum de recordações de infância, estas, minhotas e calorosas, na aldeia do meu avô.

Hoje lembrei-me do ECO. Deste que ouvia enquanto descia, provocado pelos meus gritos de prazer e risco e também dos outros ECOS, aqueles que provocamos nos outros. E lembrei-me disto por causa do que ela me disse hoje...  - Gosto tanto de ler o que escreves! Nunca comento, mas adoro, parece que estou a ver tudo... 
Não sei porque gosto de escrever, ou porque o faço. Só sei que é tão natural em mim, tão rápido e tão facilitado que o faço sempre que me apetece e apetece-me muitas vezes. Quando escrevo, sinto um prazer silencioso e magnífico, deleitando-me com a caneta a correr sobre o papel, ou com o click- click das teclas no computador. E como sinto prazer, repito o gesto quase sempre, preenchendo vazios de esperas, ou processando informações variadas da minha vida variada e um pouco louca. E é assim este prazer. Mas maior que ele é aquele que sinto em agradar um pouco quem me lê. Por isso, para ela e todos os outros, obrigada por estarem desse lado, porque é bom este ECO que vou dando e que também vou recebendo... como um rádio teimoso, ligado lá longe!

Obrigada!

P.S. Juro que não ponho a língua de fora...



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