sábado, 9 de março de 2013




TULIPAS AMARELAS


Hoje ofereceram-me tulipas amarelas. Adoro tulipas amarelas, mas bem, tenho que ser completamente sincera, a cor foi escolhida por mim, pois de três ramos diversos que se me apresentaram, eu escolhi as amarelas. As tulipas, para mim, têm que ser amarelas, não sei porquê, tal como as papoilas são vermelhas e os malmequeres brancos. Nem os imagino de outras cores, que se calhar existem na diversidade botânica deste mundo... 
Gostei do ramo, gostei da cor, do cheiro e, sobretudo, da atitude de quem ofereceu. O pai de uma menina da minha sala, quando a foi buscar, levava três ramos de tulipas para oferecer às três adultas da sala. Surpreendeu-me a sua atitude, já que é um pai não muito próximo, com quem nem estou sempre, ao contrário do que se passa com outros. No entanto, o mais interessante de tudo, foi o que ele me disse a acompanhar o presente. Tem um português "arrevesado", já que é de outra nacionalidade e então, a sua fluência da nossa língua, não é boa. Tenho que me aproximar muito e ouvi-lo com muito cuidado para tentar entender tudo o que diz. Não sei se no seu País de origem valorizam mais esta data, do que aqui em Portugal. Eu, pessoalmente, nunca dei importância a esta efeméride, sou muito seletiva nestes festejos e às vezes já não tenho paciência para tudo o que se tem, "quase obrigatoriamente" que festejar. Este dia resume-se para mim a umas graçolas ditas e/ou ouvidas "aqui e ali", a assistir, levemente irritada aos relatos histéricos de jantares, banquetes de grupos onde, muitas vezes, algumas mulheres parecem doidas que nunca saem para lado nenhum senão neste dia, e a uma lembrança muito, muito ténue, quase inconsciente dos motivos históricos para a instituição deste dia, como o dia internacional da mulher. Imaginar aquele grupo de mulheres, numa fábrica de Nova Iorque, a fazerem valer os seus direitos e a fazerem a primeira greve da história feminina, num mundo laboral tão masculino, é quase épico, de filme e para quem gosta de apontamentos históricos e de "mergulhos" nas épocas especificas para imaginar como seria, como se viveria, como se conquistariam as coisas que agora, tantos anos depois nos parecem já tão normais, tão corriqueiras; é interessante, no mínimo! 
Então, mesmo não dando especial importância, ou relevância à data e mesmo sabendo que, apesar das "nossas mulheres" do século XIX não poderem nunca imaginar que cento e tal anos depois, muitas mulheres do século XXI continuariam a ser maltratadas, marginalizadas, desconsideradas em relação aos homens e etc, etc, etc; quero dizer aqui o que o "tal" pai desta história me disse, enquanto me estendia, com um sorriso, o ramos de tulipas... Olhando-me nos olhos e bem-disposto, disse-me num português deficitário: ..." - Sabe, Paula, eu tenho quatro filhos e só assisti ao nascimento dos dois mais novos, pois no meu país de origem isso não era permitido... só o pude fazer, já aqui em Portugal... e sabe o que pensei, enquanto estava ao lado da minha mulher, que estava em trabalho de parto? Sabe o que vi, ali, naquele momento, com uma clareza maravilhosa?" 
- "Não - respondi - não sei!
Continuou:  - "Pensei que os homens poderão querer continuar a conquistar o mundo, de várias formas e em vários tempos, mas o mundo, será sempre das mulheres, não acha?"
Que bem que me cheiraram aquelas TULIPAS!!!!!

2 comentários:

  1. Oh como chegam aqui esse cheirinho dessas tulipas...!

    ResponderEliminar
  2. Para esse homem e pai, o Dia da Mulher tem uma grande importância.
    beijinhos

    ResponderEliminar