OREJA DE VAN GOGH , "JUEVES"
"Olhaste-me e o teu SORRISO prendeu-me..."
Hoje, uma das minhas filhas mostrou-me, entusiasmada, um pequeno vídeo do Youtube com uma canção de um grupo espanhol totalmente desconhecido para mim (Oreja de Van Gogh), música essa que é uma homenagem a todas as pessoas que morreram no atentado da estação de metro de ATOCHA, em Março de 2004, em Madrid. A música é bonita, entra facilmente no ouvido, mas foi sobretudo o pequeno vídeo que me chamou a atenção. Nesta história de pouco mais de três minutos são relatados encontros entre pessoas totalmente desconhecidas entre si, cujos olhares se cruzam naquele instante! O olhar... a importância deste "pequeno grande" pormenor... associado a ele, o sorriso, outro "pequeno muito grande"...... (acredito que o mundo será sempre dos "pequeninos"!)
É inevitável dar-me para falar agora sobre isto, sobretudo se associar às emoções rápidas que este pequeno vídeo me fez sentir, a constatação de que um atentado terrorista é assim, violento, inesperado, devastador e sobretudo, imparcial, atingindo o mais comum dos mortais, interrompendo histórias de vida que existem, ou que estão a começar, com uma violência inqualificável! A minha filha dizia-me: -"Ai mãe, só me imaginava ali, já viste?" Também eu, filhota, também eu me transpus para aquelas carruagens e/ou para aquelas plataformas de acesso e vi que, de facto, tudo aquilo acontece, pode acontecer... a normalidade de todos os dias (..."de lunes a viernes"...), as rotinas que nos anestesiam, mas depois, o inesperado daquelas pequenas grandes histórias de amor entre duas pessoas que podem começar assim, por um olhar, por um toque fortuito, por um acaso. Quando isso acontece, o tempo pára, a vida muda, como diz a canção (ponham no Youtube a versão com "lyrics" para irem acompanhando a história que é contada, cantando...), o acaso faz-se história, até que é interrompido pelo inesperado brutal que tudo destrói!
Essa imprevisibilidade da vida, esta rapidez com que ela pode mudar, esta NOSSA pequenez face àquilo que não podemos controlar, faz-me pensar na importância do SORRISO e do OLHAR. Nunca serão demais, nunca os acharei vãos, nunca verão o seu encanto genuíno substituído por mil palavras.... essas, leva-as o vento, mas se forem precedidas, ou acompanhadas por um sorriso, até parece que vemos a alma, lá ao fundo.
Há sorrisos falsos? Há olhares duvidosos? Certamente que sim... Mas se um sorriso faz conquistar o mundo e "saltar" um muro gigante? SEM DÚVIDA; e se um olhar faz ver um pedacinho da alma? Também acredito...
Esse vídeo tem tão de bonito como de triste. Muitas vezes me sentei em metros, tal como as personagens do vídeo, muitas vezes prestei a minha atenção num ou outro pormenor, num ou outro rosto. E um dia, por meia hora, livrei-me de uma explosão semelhante, era eu adolescente e vivia em Paris. Foi o tempo de chegar a casa, ligar a televisão e ver que, aquele local onde tinha estado, tinha acabado de explodir.
ResponderEliminarEsse vídeo relembrou-me da sorte que eu e a minha mãe tivemos.
beijinhos
sem dúvida digno de um texto, de uma reflexão...como só tu sabes fazer!!!Assustador e comovente...o lado doloroso da vida!!!
ResponderEliminarAdorei...como adoro todos os teus «textos»!UM BEIJO
rosaria