DOCE CLICHÉ
Todos os anos é a mesma coisa, é como se de um cliché se tratasse... uma ideía que se repete, as mesmas palavras de sempre, expressões que, de tão utilizadas e repetidas, quase se desgastam e se afastam do significado original... assim parece que se vive o Natal, aquele que nos circunda por todo o lado. Sinto sempre uma certa anestesia, nestes dias, sobretudo naqueles que o antecedem. Aliados a esta "dormência", um certo nervoso miudinho e muita, muita falta de paciência (cada vez mais...) para tudo o que constela à volta da quadra: compras, correria, campanhas de boa-vontada, peditórios, etc, etc, etc. Ouve-se dizer (e penso que é um dado quase científico!) que a idade nos vai alterando. Céus, então devo mesmo estar a ficar velha, diferente... ou então, mais seletiva com o que realmente me importa, não sei! Sinto até um certo alívio quando tudo passa, quase como se o voltar à velha rotina de todos os dias, fosse um remédio certeiro para a normalidade da vida, que é tão boa, tão terapêutica, tão feliz!
Por outro lado, "feridas antigas" reecruscedem nesta quadra, exarcebando-se de tal forma que quase tomam conta de mim... uma saudade grande, grande de tesouros que já não tenho e que fizeram (e fazem!) parte da minha vida, da minha história, uma nostalgia que paira no ar à minha volta, enfim, uma atmosfera de "lágrima ao canto do olho", só interrompida pela agitação própria de três vendavais que vivem comigo e de um ombro enorme, quentinho e saboroso que me acompanha e ampara quando fragilizo! Esta sensação de segurança contrabalança a outra, de alguma tristeza e olho vezes sem conta para um presépio pequenino que tenho na sala, feito com figuras de barro pintadas de cores alegres, com uma velinha acesa sempre ao centro e centro-me (tento, com força!) naquela simplicidade ali retratada e assimilo que essa deve ser a mensagem de todos os Natais... tão simples, tão fácil, tão feliz, tão gratuita...
E assim vivi estes dias: um pouco afastada da rotina e "pairando" por aqui...
E ao reler o que acabo de escrever, pergunto-me se não estarei a ser exigente demais... se calhar, a melhor maneira de serenar será aceitar tudo isto, sem procurar uma exuberância de sentir, que nem sempre se consegue ...sentir!
E assim, aceitando esta "resmunguice interior" e deixando de lutar contra ela, fico talvez preparada e não posso deixar de sorrir e de agradecer (muito, muito!) perante aqueles clichés tão verdadeiros e nada prejurativos: o passear na praia todos juntos, o tirar fotografias palermas sem sentido, o beber café nos mesmos sítios saborosos de sempre, o sentir daquele sol de Inverno delicioso e daquele ventinho, irmão da brisa, o acordar mais tarde com mais alguns de nós enroladinhos uns nos outros, tipo "salsicha em lata", o ver filmes antigos, ou novos no sofá da sala, o fazer e inventar receitas de Natal, o inalar de cheiros conhecidos, o acender a lareira, o andar de pantufas todo o dia, o ler livros pendentes, ou descobrir novos, o burburinho constante de uma casa sempre cheia de gente!
E aí, quando faço isto, parece que a mensagem feliz daquele presépio pequenino se agiganta e toma agora conta de mim, e pergunto, "cadê a lágrima teimosa?"
Um sorriso natalício para todos...
FELIZ NATAL!
Que palavras tão doces, que pensamento tão genuíno. Feliz Natal, minha doce amiga.
ResponderEliminarbeijinhos grandes grandes
Esta noite sonhei com as tuas palavras tal foi a intensidade com que me tocaram.
ResponderEliminarbeijinhos
Fico feliz por te ter chegado ao coração, minha tb doce amiga....
ResponderEliminarBeijinhos e FELIZ NATAL!
Não me canso de te ler e de partilhar cada pensamento, cada frase, cada saudade....e de, fixando-me no teu presépio singelo de cores garridas e alegres, também eu, reforçar interiormente a certeza de que, por causa Desse Menino Pequenino, os nossos queridos de lá, se juntam a nós, de cá, numa alegre assembleia, sustentada pela maravilhosa comunhão de que o Menino é garante e cantam connosco: Glória a Deus nas alturas e paz na terra a toda a humanidade!!
ResponderEliminarU grande beijinho de tua mãe
Obrigada amiguinha pela partilha destas palavras que tocam tão fundo e deixam no coração um misto de paz, confiança, serenidade...
ResponderEliminarUm bom ano para ti.
Beijinhos
Graça Ribeiro
Pois é Querida Sobrinha também eu me revejo nessas fragilidades que se apoderam de mim nesta época de união familiar, onde os que partiram, os que estão longe,estão intensamente presentes na minha vivência destes dias.
ResponderEliminarVou partilhar contigo um "segredo" ... dou por mim a inventar mil ocupações, de forma a minorar essa nostalgia que teima em ficar. Obrigada por esta cumplicidade.
Um grande abraço.