terça-feira, 11 de dezembro de 2012

 
 
 
FRONTALIDADE, PRECISA-SE...
 
Dizer as coisas "olhos nos olhos", nem sempre é fácil, sobretudo se temos ao nosso dispor milhares de formas de comunicar virtualmente, sem vermos o recetor da mensagem, ou pelo menos, sem o vermos de forma palpável, próxima. Esta distância pelo meio facilita-nos muito a vida porque nos dá um dispêndio de energia preguiçoso e egoísta, controlado só por nós, transformando-nos nos únicos agentes controladores do tempo que se leva a dizer o que se quer, o sítio onde se diz, o que se diz, o destaque dado a isto, ou àquilo. 
Por outro lado, não existe, genericamente falando, de forma completamente assumida por todos como prioridade e valor a explorar, a "cultura da frontalidade", ou porque temos o cuidado (às vezes excessivo!) de sermos consensuais, ou porque não queremos ferir suscetibilidades alheias, ou porque é mais fácil, ou porque "logo se vê o que dá", ou porque não queremos denunciar a "fonte", ou porque "amanhã já lhe passou", ou até porque "me terá passado a mim, quem sabe?"... e os assuntos passam, são ultrapassados por uma vida que não pára e por uma rotina de tempo que corre ao nosso lado, anestesiando-nos e fazendo-nos adiar, muitas vezes, o que deveria ser urgente e quase inadiável! E os assuntos, no dia seguinte, na semana e mês e anos seguintes já não são urgentes, já não são prioritários, alguns até já não são significativos. E este fomento da frontalidade, que nos faria crescer um pouco, quem sabe, perdeu a sua oportunidade! Isto aplica-se a todas as esferas da nossa vida: relações inter-pessoais mais ou menos próximas, amorosas, profissionais, informais, familiares, ETC, ETC, ETC.
Como fugir a esta rotina "centrifugadora", que é a vida que levamos, é quase impossível (porque somos pessoas normais, integradas numa vida normal de todos os dias, com cores e cheiros, ritmos e pressas próprios...), há que priorizar isto, criando momentos, predisposições, intenções de... sermos frontais, transparentes e verdadeiros! ASSERTIVAMENTE, SE POSSÍVEL...
Às vezes penso nisto! Não só porque já fui confrontada com a irreversibilidade da ausência de pessoas muito, muito queridas e importantes para mim, uma irreversibilidade dolorosa, porque definitiva, transformada numa ausência forçada (não sei como seria se tivesse a certeza de ter ficado, para com essas pessoas, com coisas por dizer...); como também porque tenho filhos em idades que exigem de mim, como mãe, atuações constantes, vigilâncias apertadas, na retaguarda, "achegas" frequentes relativas às suas formas de sentir (ainda bem que tenho um PAR à altura para esta vitalícia e dura e desafiante e constante e árdua e deliciosa tarefa de educar...). Com os meus filhos, tento sempre que não caiam na tentação de se escudarem atrás do virtual, tão comum e tão inevitável... tento que falem "olhos nos olhos", que enfrentem os problemas, que sejam frontais, que não fujam de realidades nem sempre sorridentes. Não sei se irão seguir o meu/nosso conselho, mas tenho a certeza de que este é o caminho... mais duro, mas mais certo! No fim, sei que se sentirão melhor!
 
 
 


1 comentário:

  1. Tal como comentei no outro meio virtual (FB), ultimamente, ando demasiado frontal e sinto que isso me prejudica. E porquê? Porque o consenso e a tentativa de assertividade diária e que as minhas funções obrigam, me fazem ir enchendo o saco até que eu expluda e aí, não há mais bon-senso nem assertividade. Na procura de um bom ambiente ou tentativa de não ferir suscetibilidades e de pensarmos que amanhã nos passa a nós ou passará a outras pessoas, vamos deixando algo por dizer 8e que até era pertinente e importante) e depois, dizemo-lo quando a paciência já não existe. Já fui mais tolerante e menos frontal, já fui ao contrário, já voltei a sê-lo e agora, já nem me aturo a mim própria.
    Enfim, posso dizer e desculpar-me que é uma fase. Mas até quando durará. no meu caso, a "frontalidade" prejudica-me. Mas de facto, fico em paz com a minha consciência, antes do arrependimento que vem a seguir.
    beijinhos grandes

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