MENINO BONITO
É um rapaz lindíssimo, moreno, com o cabelo muito escuro, encaracolado, um sorriso aberto e muito meigo, uns olhos amendoados também escuros e uma irreverência que, acho, lhe fica bem. É o retrato de um rapaz bonito, muito bonito, com qualquer coisa de maravilhosamente exótica, misturada com uma doçura de trato, à qual sou sempre sensível. É desportista, moderno, culto e responsável. A irreverência que o caracteriza é como todas as irreverências que, quando em doses certas, são atraentes, saborosas, dão um quê de exentricidade que sempre me encantou e que, acredito, encantará também a muitos outros. É uma irreverência que não o afastou de um percurso académico normal e meritório, sempre concluído em cada ciclo com distinção e facilidade, o que lhe foi abrindo portas, fazendo espreitar oportunidades que não caém do céu, surgem, muitas vezes devidas a muito trabalho e a uma competência que se adivinha desde cedo. Tudo isto, parceiro de alguma sorte, mas também da responsabilidade, cultivada desde cedo por seus Pais. Para eles também o mérito, muito mérito! Este mérito, fê-lo ter algumas experiências várias relativas à sua formação e trabalho, algumas delas fora do País, o que, sendo hoje cada vez mais comum, pela falta de oportunidades que existem cá, é sempre, acho, um passaporte para uma visão diferente do mundo, das coisas, das pessoas, das gentes, sabores, saberes, cheiros, calores, ares e tal e tal, que nos faz maiores, com olhos de gigante para perceber aquilo que não cabe cá, neste retângulo pequenino, que pode também tornar pequeninas as nossas visões... por isso é tão importante "ir para fora", ver, ouvir, saber outras coisas, oferecidas aos sentidos pelas idas, as físicas e aquelas que são também dadas pela leitura, por exemplo, que é uma VIAGEM encantadora onde podemos também embarcar, que nos leva para fora de nós... Mas, voltando ao "protagonista"... a paixão que mostra pela vida, materializou-se também através de alguém que conheceu numa das suas idas e vindas. A maravilha da sua juventude, fê-lo abraçar esse amor pequenino que foi crescendo, arriscando, tentando sobreviver à distância, às dificuldades, às diferenças culturais, ao tempo que ia passando... e ele arriscou. Depois de algumas intempéries, decidiu e atravessou um oceano, indo atrás deste amor, propôs-lhe um projeto de vida, ofereceu-lhe um amor maior, aquele que ele próprio lhe poderia dar. E este amor, na sua total liberdade, recusou!
Esta história nada terá de extraordinário para todos e será igual a tantas outras que lemos nos livros, vemos nos filmes, mas quando ma contaram, fiquei embevecida por este rapaz que me diz tanto, e pela coragem e romantismo que teve ao ARRISCAR. A pessoa do amor deste rapaz, é-me completamente indiferente, não a conheço e não a julgo, pois terá as suas razões que, para ela, serão legítimas também. Calculo que nem ele próprio a julgue e sei que isto será uma aprendizagem muito válida, que o fortalecerá. Mas hoje, nesta reflexão quero centrar-me só no gesto que ele teve: risco, projeto, aposta, coragem, amor! Hoje, nesta reflexão, quero dizer-lhe que o que ele fez é digno de uma história de amor dos maiores e melhores escritores, ou guionistas, pois o amor será sempre intemporal e será sempre retrato das nossas vidas, tão banais, mas com tanto para refletir (já disse mil vezes que sou uma romântica!). Quero dizer-lhe que nunca se poderá prever tudo ao milímetro, todas as voltas, voltinhas, curvas e desvios que a vida sempre terá e que, por isso, se tem mesmo que arriscar, às vezes. E hoje, quero dizer-lhe também, na minha total liberdade, que acho que a pessoa do seu amor não o merece, pois o amor, aquele de que se está a falar aqui, exige risco (nem sempre com doses bem calculadas...), aposta, confiança e algum arrojo! Hoje quero dizer-lhe que tenho a certeza que a sua irreverência e romantismo sempre o irão acompanhar e caracterizar e que o completarão, como homem, numa vida de mérito e responsabilidade, mas será ao lado de alguém que feche os olhos, lhe dê a mão, respire fundo e o acompanhe, mesmo que com algum receio, mas com muita, muita confiança... lado a lado, como marcas deixadas na areia...