quarta-feira, 6 de janeiro de 2016






PUTO GINGÃO


 


-Nunca escreves sobre mim - dizes-me às vezes com o teu ar despreocupado de puto gingão, travesso e agitado. E voltas costas e vais à tua vida, dando ao que disseste a inocência da tua idade.
Nunca penso nisso. Sabes, como costumo dizer, esta minha aventura de escrita não tem guião, freio, ou regras muito apertadas. Escrevo porque sim, porque sempre o fiz em caderninhos pretos, daquilo que me surge na hora, sem grandes preocupações, ou antecipações e tu, porque vives assim, despreocupado e feliz, preenches-me de forma leve e intensa, suave mas profunda, completa e total. Estás em mim de forma tão completa, que é como se fizesses parte de tudo aquilo que escrevo e sou e quero.
Quando olho para ti, em perspetiva, como se estivesse de fora a ver um filme, vejo, na tela da vida, tantas parecenças comigo, no feitio, na resmunguice,  na rapidez, no espírito prático, na doçura e no gosto pelas línguas, história, leitura e desporto. Vejo-te parecido com o teu avô materno, tão loiro e rezingão, como tu, mas tão genuinamente bom e autêntico. Tão maravilhoso, no fim, como aquelas e aqueles que deixam sempre uma marca profunda.
Meu amor pequenino. Estarás sempre nos meus posts. Estarás sempre no que escrevo, porque sabes, o que escrevo tem pedaços de mim, cheios daquilo que vocês os três me dão.
E esta minha aventura da maternidade, a maior de todas em que me verei envolvida, só faz sentido também contigo. E só assim estou completa. 

Estás a ver como escrevo sempre sobre ti?
 Pois...

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