sexta-feira, 29 de janeiro de 2016





COMO DE PÃO PARA A BOCA


E sim, sou do caraças, sempre com resposta pronta pronta lhes dar, muito intuitiva e tal, com perspicácia para lhes adivinhar os olhares e as expressões, com sensibilidade e firmeza para lhes apontar caminhos, mais ou menos estreitos, mais ou menos libertos, pois sim, mas o que é certo é que preciso de ti como de pão para a boca para reforçares assim ao teu jeito, junto deles, a sintonia que sei que temos. Serás sempre a parte mais racional da minha emoção e ainda bem. Ela fica muito mais forte. 
É que isto de ser mãe sozinha, aparte algumas vicissitudes da vida que a isso poderiam obrigar, para mim nunca seria opção. É muito mais fácil ser mãe contigo, sem comparação! 
(e muitíssimo melhor!)



segunda-feira, 25 de janeiro de 2016





COM FERVOR


E pela primeira vez, foi connosco votar, ontem. Afinal, o estatuto de maioridade confere direitos e deveres, ou, prefiro inverter a ordem, DEVERES e só depois direitos, não será?
Não sei se sentiu alguma espécie de euforiazinha, de vaidade pelo estatuto que a maioridade dá, de orgulho por poder expressar OFICIALMENTE uma opinião, qualquer que ela seja. Não sei, não lhe perguntei, mas posso adivinhar...
Quanto a mim, não me inibi de enaltecer o momento, quanto mais não seja por respeito a quem nos precedeu e que tanto lutou por isto, quanto mais não seja por não nos anularmos, pela luta de tantos antes de nós, pela conquista da história, pelas mulheres, sim, - porque se tivesses nascido há um século atrás, nem poderias estar a votar- , pela democracia, pelo acesso que TODOS temos à escolha, à opção.

Sim!! Fui uma mãe completamente fervorosa na defesa do civismo nesta história de direitos e de deveres. Afinal, há verdades inalienáveis, ou não será?
E não dizem que é também assim que as mensagens passam? Também acho... É que há direitos que nos dão DEVERES muito sérios e isso vou dizer-lhes sempre. Com fervor!


quarta-feira, 20 de janeiro de 2016





PAIXÃO # AMOR
AMOR# PAIXÃO
(Quem disse que onde há um não há o outro?)




O amor lava e cozinha... pois... não passa, permanece colado a nós, apesar das coisas chatas que temos que fazer todos os dias e nos desgastam sem fim (como o lavar e cozinhar). 
O amor lava e cozinha, porque persiste, mesmo com o passar dos dias e mesmo com o peso que esses dias podem trazer, carregados, às vezes, de azedumes, mágoas, pressas e zangas.
O amor lava e cozinha,  porque se afirma, teimoso, à espreita de mim e de ti e do projeto que abraçámos. É como se não quisesse ser só fugaz, efémero, ardente, fácil e de pouca dura. O amor lava e cozinha, porque é tão certo como o outro lavar e cozinhar de todos os dias.
Foi este o sentido que dei a esta frase. Quando olhei para ela lembrei-me de nós. Um amor tão antigo já, tão certo na minha vida e tão persistente. Um amor que tem passado neste teste do desgaste dos dias, dos anos. Acredito mesmo que isto é um teste e que muitos reprovam, assim como sei que muitos passam.

Não sou imune ao tempo, à canseira, ao desalento e desencanto, às voltas próprias que a vida nos dá, mas sei que um amor verdadeiro tem que passar para além da paixão só. Esta, é mais imediata, fácil, muito mais fácil, mas se, coitada, não der lugar depois ao amor, então passou mesmo, evaporou-se, foi-se, intensa e rápida como uma brisa, que nos perturbou encantadoramente, mas que não ficou
E o maravilhoso é quando, depois de ela passar por nós nos deixa o amor e aí depois, nele, tão verdadeiro e tão disposto a arriscar, quem disse que não cabe a paixão? Ah isso agora...

quarta-feira, 13 de janeiro de 2016








POR HOJE É ISTO...







Estou sempre a dizer aos meus filhos que sou um bocadinho ET e tal e que assim e que assado e hoje vi esta frase.
Fiquei a olhá-la... 
Fogo! Estou muito mais descansada agora...

segunda-feira, 11 de janeiro de 2016




RECEITA PARA ALINDAR

ALINDAR
v.t. Tornar bonito ou mais bonito, lindo, acrescendo ornamentos; aformosear, embelezar.




Entrei lá hoje pela primeira vez. -Meia torrada  e um garoto, por favor. Seguiu-se um atendimento caloroso, com muita simpatia da senhora e vários sorrisos a povoarem-lhe a cara. Vou voltar lá, é certo.
Serei sempre sensível à simpatia. Sei que haverá sempre gente mais simpática e gente menos simpática. Sei que há sempre pessoas para quem a simpatia é natural, como respirar ou beber água e outras para quem nem por decreto. Pois, eu sei. Mas serei sempre sensível à simpatia dos outros. Quando falam, quando respondem, quando perguntam. É que depois é assim, a simpatia entra pelas pessoas adentro e alinda-as e a nós faz-nos vê-las com outro olhar, faz-nos achá-las bonitas, mesmo se não o forem e a falta dela (a simpatia) tira tanto brilho a tantas lindezas que por aí andam, assim, ôcas.
Pois é... E o melhor de tudo é que se calhar, sem muito esforço, podemos ser simpáticos todos os dias um bocadinho e ficarmos ainda mais bonitos.  É como ter em casa uma receita antiga da nossa avó.
'Bora?


P.s Sejam sempre simpáticos sim, mais até do que supra-sumos da inteligência. De que vos servirá essa, se não tiverem mais nada?

Sim, também sei que sou um bocadinho ET, mas não faz mal, a sério...







sexta-feira, 8 de janeiro de 2016





HÁ DIAS PERFEITOS?


Numa das rádios da manhã perguntavam aos ouvintes como seria o pequeno-almoço ideal, perfeito, em que ambiente, com que alimentos. Ouvi ainda duas, ou três intervenções engraçadas, acerca de dias perfeitos, ambientes perfeitos, companhias perfeitas, em suites de hotéis, com um sol radioso a entrar pelas janela, serviço de quartos e tal. Pois, ok, puxam-nos a imaginação e dá nisto...

Para mim, hoje, o dia perfeito teria que ter tido mais horas de sono (para variar), teria um bom momento numa boa esplanada, mesmo com um sol frio de inverno, um almoço fora se me apetecesse, umas horinhas egoístas (poucas) sem ninguém, um livro, talvez um daqueles que está em lista de espera há tanto tempo e um bocadinho de ti também, egoística e deliciosamente, só para mim. 
Se calhar vou comprar o livro hoje e pronto, desta parte fico resolvida. Quanto ao resto, não será como idealizo. A correria impiedosa de dia da semana e logísticas sem fim não se compadecerá com cenários ideais, nem almoços fora, nem horinhas só para mim, ou desfrute do sois de inverno, não se compadecerá e não trará ao de cima uma mãe serena, calma e sempre gira, com respostas sempre ponderadas e cheias de assertividade, como se vê nos filmes, antes trará ao de cima a mãe que sou, com todos os defeitos que sei que tenho mas, a par do livro que cá cantará e dos meus três filhos que estão sempre comigo e por isso me amam como sou, podias também vir cá ter onde estivesse, um pedaço. Fugíamos assim à tal rotina impiedosa dos dias normais e iguais a todos os outros, dávamos-lhe um pouco a volta, fintávamo-la e transformávamos um bocado de dia qualquer, num momento maravilhoso.
É que sabes-me sempre bem, tu...



Isto, acho que consigo para hoje...

quarta-feira, 6 de janeiro de 2016






PUTO GINGÃO


 


-Nunca escreves sobre mim - dizes-me às vezes com o teu ar despreocupado de puto gingão, travesso e agitado. E voltas costas e vais à tua vida, dando ao que disseste a inocência da tua idade.
Nunca penso nisso. Sabes, como costumo dizer, esta minha aventura de escrita não tem guião, freio, ou regras muito apertadas. Escrevo porque sim, porque sempre o fiz em caderninhos pretos, daquilo que me surge na hora, sem grandes preocupações, ou antecipações e tu, porque vives assim, despreocupado e feliz, preenches-me de forma leve e intensa, suave mas profunda, completa e total. Estás em mim de forma tão completa, que é como se fizesses parte de tudo aquilo que escrevo e sou e quero.
Quando olho para ti, em perspetiva, como se estivesse de fora a ver um filme, vejo, na tela da vida, tantas parecenças comigo, no feitio, na resmunguice,  na rapidez, no espírito prático, na doçura e no gosto pelas línguas, história, leitura e desporto. Vejo-te parecido com o teu avô materno, tão loiro e rezingão, como tu, mas tão genuinamente bom e autêntico. Tão maravilhoso, no fim, como aquelas e aqueles que deixam sempre uma marca profunda.
Meu amor pequenino. Estarás sempre nos meus posts. Estarás sempre no que escrevo, porque sabes, o que escrevo tem pedaços de mim, cheios daquilo que vocês os três me dão.
E esta minha aventura da maternidade, a maior de todas em que me verei envolvida, só faz sentido também contigo. E só assim estou completa. 

Estás a ver como escrevo sempre sobre ti?
 Pois...

segunda-feira, 4 de janeiro de 2016



PARA TI, PAULINHA...




Ia escrever no blogue, como sempre faço quando estou de alma cheia. Ia dizer como foram maravilhosos estes dias festivos, esta fuga à rotina entre família e amigos do peito, fora de horários e trabalho, despertos para outras coisas e outros cheiros e pessoas e sítios e conversas e modos de estar. Ia selecionar fotografias e tentar escolher aquela que melhor encaixasse naquilo que tento expressar, ia recordar momentos e consolidar a certeza de que os tempos somos nós que os fazemos e os paraísos na terra somos nós que definimos, assim como se tivéssemos a possibilidade de estar na Brândoa e imaginar Nova Iorque, como já disse aqui, inspirada por aqui.
Pois é, poderia dizer isso tudo, mas o meu pensamento vai para ela, de quem gosto tanto  e para o tamanho da dor que deve estar a viver e aí recuo neste meu desfiar de egoísta felicidade e presto homenagem sincera à dor que sei que sente.

Gostava de lhe dizer tantas coisas agora e não importava que fosse por aqui. Gostava de lhe dizer que sei que essa ferida que a vida lhe abriu não vai fechar nunca completamente e que, em momentos marcantes, vai sempre escancarar-se sobranceira e imperiosa. Gostava de lhe dizer que sei que o irreversível da perda, da falta e da ausência, fere como uma faca afiada que nos corta a pele e nos deixa sem ar e sem escapatória possível. Gostava de lhe pegar na mão e dizer que as lágrimas não secam, nem lavam o tamanho da dor, mas que chorar faz bem, faz o luto fazer-se e espraiar-se na vida de todos os dias, fá-lo ficar mais suave a cada dia que passa, fá-lo deixar-nos falar de quem partiu, recordando e lembrando e doendo e contando o tanto de bom que se teve e que se partilhou. Gostava de lhe dizer que depois, devagarinho, esse luto vai tomando forma e torneando, embalado pelo tempo, de uma crosta suave, a tal tamanha ferida, deixando-nos já sorrir quando lembramos e enternecer quando falamos. Gostava de dizer a esta minha amiga que a morte não nos levará nunca aquilo que de melhor vivemos com quem partiu, porque isso é nosso e só nosso e vive no reduto mais sagrado de cada um, tomando forma de lembrança e de herança a cada dia que passa e revestindo-se do melhor que somos e partilhámos. Gostava de lhe explicar que estas palavras parecerão ôcas perto da grandeza do que sente, mas que se calhar é por falarmos delas que voltamos a ser normais perante a vida. Gostava de lhe afirmar que sim, ficamos às vezes atordoados com o injusto e inevitável que essa vida também tem, tornando-nos peões impotentes de um xadrez que não é nosso, mas que sei que depois, a seguir, a toda a hora, ela nos dá tanto de belo e de lindo que ficamos atordoados outra vez...

Gostava de tanto te dizer, Paulinha, mesmo correndo o risco de nada te fazer sentido agora.
Não consigo imaginar o tamanho da dor que agora sentes, mas consigo imaginar a perda, o irreversível, o vazio e sei, que a melhor lembrança que guardares do Zezé, será aquela que melhor honrará a sua memória, será aquela que o trará, todos os dias, um bocadinho, de volta para ti.
Tenho a certeza, que ele iria gostar disso.
Um grande beijinho, só...
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