terça-feira, 29 de dezembro de 2015



GENÉTICA

Sim, sei que às vezes chocamos de frente, porque somos igualzinhas, só por isso, porque falamos com o corpo todo e porque temos a emoção à flor da pele. Sim, não somos racionais, ou contidas como o papá, ou a mana, ponderadas e metódicas, como eles. Sim, somos mais como que um-vendaval-numa-noite-de-verão, que arrasta consigo tudo o que vê à frente, impiedoso e rebelde. Sim, sentimos as coisas com essa força que só nós sabemos dar, inflacionando-a e tornando-a gigante. 
Pois, sei que é assim, ja tenho dito isto aqui. Assim como sei que és maravilhosa e podes ter o mundo na mão, com a força dos teus 15 anos. Basta quereres e mesclar isso com doçura e humildade, respeito pelos outros e humor, muito humor, aquele que te faça rir de ti própria e do que te envolve. Aquele que te deixe também perceber todas as lições que podes tirar do que te rodeia.
É assim, às vezes dá-me para isto e sei que também nisso somos parecidinhas.

A genética é tramada, não foste tu que o disseste?




P.s. Adoro esta foto...

domingo, 27 de dezembro de 2015





O SOM DO SILÊNCIO


E sossego, o que mais gosto, cada vez mais é de sossego, um bom filme, um bom livro, pantufas nos pés, um chocolate quente e nada de horários, pressas e confusão! Assim, quase que a ouvir o silêncio. É que ele tem som, a sério...
Fogo, 'tou mesmo a ficar velha...  ( ou então mais exigente, sei lá...).







sábado, 19 de dezembro de 2015





FELIZ NATAL
(e sorte grande...)


O sossego devolve-nos a calma e a forma certa de olhar para as coisas, dando-lhes tudo aquilo de bonito que elas têm, como se tivessem todas uma cor e um cheiro que só com calma vêm até nós. A pressa de todos os dias se calhar tira-lhes um bocadinho do verdadeiro tom e da verdadeira cor. 
Pude preguiçar hoje sem hora marcada de manhã. Pude estender-me numa esplanada de sol algarvio e deixar o pensamento organizar-se por cada um dos assuntos pendentes que por aqui paira. Pude organizar-me sem ter de ir a correr para sítio nenhum. Pude almoçar muito tarde, sem culpas de atrasos chatos que andam sempre atrás de mim. Pude sentar-me contigo no jardim de casa sem ser preciso falar. Pude sentir que sim, a felicidade acontece assim do mais simples que há e às vezes sem falar. Pude olhar para tudo e ver nestas coisas um bocadinho de nós, com história e peso e tanto para contar. Pude ver que sim, as coisas têm o peso e sentido que nós lhes quisermos sempre dar. Pude sentir-te ali assim, quieto ao pé de mim, só ali sem mais nada. Pude saber que sim, que é esta a sorte grande, a de te ter, comigo, todos os dias, assim só, inteiro, grátis, completo e só para mim. 
Pude sentir o Natal, aqui já tão perto e saber que se calhar ele é só assim... simples e terno, quieto e seguro, forte e sentido. E é só este Natal que quero hoje partilhar.
Às vezes, basta só isto...



FELIZ NATAL

segunda-feira, 14 de dezembro de 2015







SABORES

(daqueles que perduram em nós...)






E pronto, agora acho que vou ficar assim quietinha a digerir a ENORMIDADE de coisas boas que este dia teve. Com estas que ponho aqui e tantas outras, enchi o coração e agora preciso, a sério de digerir isto, assim como se estivesse ainda a saborear, de tão bom que foi.
Há dias felizes, mesmo...

quinta-feira, 10 de dezembro de 2015





AI, A TERNURA....

A minha mãe comentou no meu último post..." a revolução da ternura traz sempre realismo e beleza à vida"...
Pois é... a ternura! Gosto de imaginá-la a impregnar os heróis românticos dos filmes, dos livros e da vida de uma aura de não-sei-o-quê que os torna irresistíveis, mesmo que bravos, duros e (suposta e erradamente) maus. Gosto da frase, atribuída a Che Guevara, "nem o maior revolucionário abandona a ternura", gosto de imaginar que teremos sempre essa capacidade de nos enternecermos e de enternecer, mesmo quando às voltas com as maiores revoluções, nossas e dos outros... Gosto de constatar que sempre gostei disso num homem, que isso sempre fez a diferença...
Sim, sou lamechas, eu sei... mas e agora? Acho que já não mudo...


segunda-feira, 7 de dezembro de 2015



FORMIGUINHA


Estás a dias de fazer 18 anos, como é possível? Supostamente deveria escrever este post nesse dia, seguindo a tradição da alma cheia nos vossos dias de anos, mas este blogue nunca terá um guião rígido de escrita, será sempre temperamental como aquelas atrizes de cinema que enchem a tela e parecem querer sair, diretas para o coração da gente.
Sim, minha princesa, estás prestes, prestes a fazer 18 anos. Tenho um mundo de coisas para te dizer e um mundo de coisas para te oferecer, daquelas que não se vem, ou quantificam, mas que pesam na vida da gente e colam os vários pedacinhos uns aos outros, tornando-nos inteiros. 
Vou guardando essas coisas todas para mim, no segredo do meu coração, fazendo aquilo que só as mães sabem e conseguem: velar por ti mesmo acordada, de olhos bem abertos para ti e para a tua vida de todos os dias.
No dia em que fizeres 18 anos não te vou ver de forma diferente; vais continuar a ser para mim, a minha formiguinha, o meu primeiro bebé, aquele com quem eu aprendi a ser mãe, um pedacinho, preparando-me para este dom que me preenche inteira e que se completa com os teus irmãos.
Oferece-te à vida, minha linda, recebe-a sempre, com a generosidade própria de quem tem 18 anos, com a alegria e doçura que sabes pôr naquilo que te rodeia.
Para mim, vais continuar a ser a minha pequenina, mesmo que tenhas 18 e mais 18 e mais 18, até seres velhinha e já não precisares de mim.
Acho que vou aproveitar estes dias até AO DIA DOS TEUS ANOS para te namorar assim, acordada, enchendo o coração de muitas coisas boas. Afinal, não é o que todas as mães fazem, mesmo quando não se faz anos? 
Pois...



sexta-feira, 4 de dezembro de 2015




PROFESSORA, POSSO DIZER-LHE UM SEGREDO?


Não há receitas únicas para o sucesso, nem há uma linha reta que nos faça ir em frente, sem desvios. Não há certezas de nada, nem situações ideais e tão perfeitas que nos tirem o ar. Não há só umas maneiras certas de trabalhar, nem soluções imediatas para casos difíceis, nem escolas de revista, com sistemas de ensino brutais, de tão (quase) perfeitos que são. Não há só colegas simpáticos e cooperantes e abertos. Não há só coisas simples que não nos tirem o tempo para eles e para elas e para só estar e gostar de estar. Não há uma sensação avassaladora de dever cumprido todos os dias. 
Não, não há nada disto, não há só isto, mas quando sou abordada, como fui, por um aluno com NEE, que me escolhe a mim para desabafar e para abrir o coração, em particular, professora, porque estou muito nervoso, estas coisas todas ganham sentido e volta ao pensamento a esperança e a confiança e a certeza de que sermos referência, qualquer que ela seja, será sempre caminho certo para a aprendizagem e envolvimento.
Ah, pronto, as tais parvoíces que não concorrem para as metas, o tal exagero, se o miúdo até é NEE, faria isso com qualquer pessoa, ah e tal que inflacionamento de um episódio tão banal. Pois, ok... mas o olhar que me passou e a escolha que por mim fez, o tremer das mãos e a voz entre cortada, o rubor na cara e o olho de confiança, esses já ninguém me tira e é a isso sim senhora que me quero agarrar e é disso sim senhora que tiro todas as outras ilações, só porque isso me devolve sentido e só porque isso reveste isto que faço de significado.
O resto, pois o resto, cá estarei para enquadrar, que remédio!



P.S Por NEE leia-se Necessidades Educativas Especiais.

terça-feira, 1 de dezembro de 2015




E PORQUE JÁ É DEZEMBRO...




Sim, sei que é um cliché e sim, sei que nesta quadra aparecem milhentas coisas destas: canções novas, vídeos novos, spots publicitários que apelam ao melhor de nós, anúncios que nos lembram tudo o que devemos ser e tudo o que não fomos (somos) ao longo do ano. E tudo isto acompanhado com músicas apropriadas e que puxam ao sentimento, àquele tantas vezes esquecido nos outros dias todos do ano. 
Eu sei.. é verdade, isto. Mas este vídeo, para além de entrar nesse contexto todo, trata também de uma realidade nua e crua da nossa sociedade ocidental: a velhice e a solidão, juntas, juntinhas, ligadas com um nó invisível e pesado que pode tornar a primeira deprimente e a segunda inevitável.
Ora eu não quero considerar a primeira deprimente, nem a segunda inevitável. Quero continuar a ter uma ternura enorme pelos velhinhos, mesclada com sensações de reverência e respeito pelo peso dos anos que carregam e pelas experiências que podem contar e tornar-me melhor. Quero sonhar que terão o estatuto de anciãos, sábios e chefes, como nas tribos e cultura africanas. Quero continuar a achar que nos vão encher a vida de afetos, como eu dizia aqui e não a ser fardos pesados de uma sociedade que não sabe o que lhes há-de-fazer. Quero dizer aos meus filhos que os avós (e todos os mais velhos, por analogia) merecem o seu respeito e consideração e que devem priorizar nas suas vidas preenchidas os momentos para estarem com eles, como se isso fosse uma verdade inabalável. E também não quero considerar a segunda inevitável e (quase) resultado linear e inexorável da primeira.
Gosto de imaginar vidas de filhos assim, adultos, vibrantes, preenchidos, ocupados, mas cheios do mais importante também: respeito, ternura e, sobretudo, prioridade por quem lhes antecedeu e a quem, provavelmente, devem tanto e tanto.
Só assim fará sentido isto tudo... o brilho, as cores e tudo o que anda agora à nossa volta... e nos intoxica um bocadinho, acho...