MODO VIDRINHO... quase cristal!
Dormi muito mal por causa do calor. Sim, sei que sou dependente do ar condicionado, refrigerado, climatizado, ou qualquer outra coisa acabado em "ado", mesmo que seja só refrescado, e então, dei voltas e voltas e voltas na cama sem conseguir dormir, o que é uma coisa que me irrita, porque, normalmente, é de imediato. Comecei a ficar irritada... o meu mais-que-tudo, dormia a bom dormir, indiferente a um ar que não se deixava respirar e eu, lá estava, efervescendo aquela irritação miudinha, que se ia tornando cada vez maior, à medida que a madrugada avançava. Resolvi vir deitar-me cá fora numa rede que temos pendurada na sacada desta casa que nos acolhe parte das férias. Essa rede balança-nos as sestas deliciosamente e foi aí, enlevada naquele embalo acompanhado de uma suavezinha brisa noturna e do barulho do mar lá ao fundo, que me fui deixando levar, adormecer lentamente. Claro que não foi um sono reparador, foi assim como que meio anestesiado, sensível aos barulhos que uma sacada, quase-rua não filtra, ouvia muita coisa que me ia fazendo acordar e fazendo mudar, oportunamente, de posição, mas tornou-se fresquinha esta noite, balançada, diferente... Amanheci meia estremunhada, claro, com vontade de ir lá para dentro para a cama grande, mas aí já não dava... barulhos diurnos, uma vida que se instala à porta de casa, o frenesim próprio do mar e da praia quase cá dentro, os miúdos a gritar, a solicitar, o calor a apertar e a apelar-me para um mergulho direto, ao qual não resisti...
Não sei se foi por isso, mas a falta de descanso fez-me estar toda a manhã meia angustiada, com uma lágrima fácil, pronta a sair, acompanhada de um tom de voz embargado, em modo vidrinho, quase de cristal... Uma sucessão de pequenos azares sem grande monta terão tido aqui algum peso, reconheço, mas não podiam explicar a onda nostálgica que me invadia! Esses azares não eram suficientes, até porque são inconsistentes quando postos ao lado das variadas e grandes e enormes sortes que tenho na vida e das quais tento sempre nunca me esquecer!! Mas a nostalgia persistia, envolvendo-me como um nevoeiro que, sem ser cerrado, me ofuscava o sol...
Decidi aceitar esse nevoeiro em vez de lutar contra ele... para quê estar sempre em modo felicidade/boa disposição/sorriso/desembaraço/altruísmo? Fui ficando melhor, como se mal tivesse desistido de lutar, me viessem levezas de novo e a nuvem foi-se dissipando, ao sabor também dos amigos e da descontração própria do Verão...
Sim, talvez fosse isso, mas claro, sei que a maior razão, a central de todas elas, aquela que estava lá no fundo, inconsciente, quase impercetível, mas muito viva para mim, era a já longa (para mim) ausência de uma das minhas filhas que chegaria hoje!!! Essa sim, era a razão do modo vidrinho all day long!!!
E pronto, ela chegou, sã e salva e feliz e de alma cheia e cansada e jovem e maravilhosa e com fome e com saudades de todos e com o seu jeito semi-docirezingão (palavra inventada agora...) e eu fiquei completa!!!!
Ai, ai, sei que isto foi uma pequena amostra de ausências que o futuro ditará e que a vida LHE ditará, mas pronto, isso é para depois, agora só quero mimá-la e querê-la só para mim e para os meus, debaixo da minha asa que sei que é grande e protetora, como a de uma coruja que olha em todas as direções para proteger os filhos, como já disse aqui (http://agridoceedoce.blogspot.pt/2012/11/maes-corujas-e-muito-comum-em-jardim-de.html),
sentindo-me gratificada por ter cá dentro, a pulsar, um coração elástico (...), que me faz sentir, a 1000% um amor igual e desmedido por cada um dos meus filhos...( http://agridoceedoce.blogspot.pt/2013/03/coracao-elastico-e-parede-de-espuma.html).
Um beijo filhota!!!
Deliciosa cumplicidade...! a quem sairias tu, pois então?!
ResponderEliminarMas é mesmo verdade, quando se deixa de lutar, ou melhor, quando se integra, interiormente, a luta, ela deixa de nos ferir...!
Beijinhos ás duas...!
As férias por vezes deixam-nos assim. Temos mais tempo para refletir, estamos 24h disponíveis para a família e acredito também que, a instabilidade profissional te deixa assim também insegura. Eu também vou começar um novo ciclo. Também me sinto assim um pouco insegura. Claro que o facto da tua menina não estar também contribuiu. Nem quero pensar como será quando chegar a minha vez.
ResponderEliminarbeijinhos grandes e boas férias