LETARGIA
"Inação, apatia, inércia, torpor, indiferença..." in, DICIONÁRIO DA LÍNGUA PORTUGUESA 2011, PORTO EDITORA
Não aguento tanto calor! Gosto muito do Verão, como já tenho dito aqui (http://agridoceedoce.blogspot.pt/2013/06/brilho-maior-lembro-me-de-ir-padaria-ao.html) mas este calor é demais! Sinto os músculos pesados, parece que estou sempre com sono, uma letargia grande, grande, como se flutuasse e não me conseguisse organizar no meio de tanta coisa que tenho para fazer inerente a uma conclusão de ano letivo. Lá as vou fazendo, à custa e apoiada nos papelinhos memorandos que me auxiliam nestas tarefas logísticas, no trabalho e também em casa, no meio de todos os assuntos pendentes que me perseguem... Depois, vão surgindo riscos, feitos a marcador grosso, que assinalam a morte de mais um pendente e vou pensando que, bem, afinal, não derreti ainda e lá vou sobrevivendo... a minha mãe diz que sou dependente do ar condicionado e sei que sim, mas sentir-me transpirada, com os cabelos colados ao pescoço, com a roupa também colada, a respirar um ar tão quente que parece queimar, não é, de facto, para mim! Admiro aquelas pessoas que conseguem, a meio de um dia de trabalho, estar esplendorosas cheirosas, penteadíssimas, arranjadíssimas e todos os demais adjetivos na sua forma superlativa absoluta sintética. Eu não consigo e sou de uma transparência translúcida, que o calor faz aparecer, estando em modo chique durante a primeira, ou no máximo segunda horas do dia. Mas pronto, resigno-me ao facto de não ter um termostato natural assim tão eficaz que me faça habituar, pacificamente a estas temperaturas! Depois, de forma que contraria a natureza, sinto um despertar de fulgor e vivacidade, à medida que o dia vai chegando ao fim. Aí, às vezes, dá-me um pico de energia que surpreende tudo e todos e faço as coisas num virote, rapidamente, sem hesitar. Não entendo isto, nunca me dão estas ânsias, de manhã, pela fresquinha, porque será?
E assim vou flutuando no meio desta canícula abrasadora, sorvendo sofregamente o que ela tem de bom: as esplanadas à noite, os gelados, os mergulhos no mar, as férias que vão chegando, o rever de amigos e amigas veraneantes, as conversas jogadas fora à beira mar, os panachês fresquinhos só porque sim, os pratos de tremoços, o cheiro a after-suns deliciosos, as saladas fresquinhas, o gelo nas bebidas e pronto, afinal, sobrevive-se a este calor quase mortal, é verdade, mesmo que não seja em modo chique...
Também lido muito mal com o calor excessivo. Houve tempos, por causa desse calor, preferia o inverno e outono. Mas agora não. Os programas de verão cruzam-se com a felicidade.
ResponderEliminarbeijinhos grandes