PIM PAM PUM
Nos "picos" de cansaço, parece que a minha veia de escrita fica assim, meio "entupida", obstruída com tantas e tantas coisas para fazer, em tantas frentes diferentes. Sinto, lá nas profundezas, um fluxo que corre, silencioso, já que há sempre assunto para escrever, o que não há é sempre, "assento" e disponibilidade interior... é com se a escrita fosse caprichosa e exigente e como se o fluxo fosse só uma moínha que está lá, um bocadinho adormecida e anestesiada, qual analgésico potente...
Se calhar, faço PIM PAM PUM aos assuntos e deixo fluir um bocadinho... costuma resultar!
E este PIM PAM PUM resultou na escolha de um assunto que já não é novo e que hoje, de novo, me chamou a atenção.
Ao sair do carro, de manhã, para me dirigir à escola, segui atrás de uma mãe que também ia levar o filho. A criança já não era pequenina, como aquelas que povoam a "minha" escola. Frequenta uma outra escola, perto da minha.
Num espaço de 20 segundos, aquela mãe, instintivamente, sem se aperceber e de "rajada", incapacitou o filho de fazer o que quer que fosse:..."- a mãe faz, espera, eu ponho, está ajeitado, vês?... a mãe segura, queres que eu vá lá dizer, pus-te aqui o lanche, é só abrires..."
Tenho a certeza que a senhora (que nunca lerá este blog, nem pôde imaginar que eu a seguia, ouvindo) não fez por mal, foi instintivo. Eu própria, também muitas vezes, na pressa das manhãs, dou por mim a fazer/dizer isso, mas devemos de vez em quando (porque a vida não é uma estrada direitinha, nem nós conseguimos fazer tudo como vem nos livros...) atentar nisto, pois tenho a segurança que estes comportamentos muitas vezes repetidos e sistematizados, produzirão adolescentes, jovens e adultos inseguros, mais incapazes e às vezes com algumas doses de cobardia, escusando-se a enfrentar coisas que agora são "pequeninas", mas que depois, empurradas pela vida, ficarão "grandes"!
Lido com muitas crianças, adolescentes e jovens. Crianças, porque sou mãe e Educadora de Infância, adolescentes e jovens, porque sou mãe, outra vez... e outra vez e também porque tenho algumas atividades extra-profissionais que me colocam num "palco" privilegiado para assistir a tudo isto e é, de facto, gritante e alarmante, o que se vê por aí... Os miúdos (gosto de lhes chamar assim...) são confrontados pela vida com imensas coisas, desde uma gestão de conflitos que têm que fazer, até decisões que têm que tomar, passando por escolhas/opções/atitudes que têm que assumir para serem autênticos, verdadeiros e é assustador o protagonismo que os adultos assumem, numa tentativa desesperada, mas infeliz de os ajudar.
Para eles, os miúdos, é cómodo, é fácil e vai-se tornando habitual e para os Pais/Educadores é muitas vezes, instintivo e mais rápido do que a lucidez ditaria...
Seria bom que de vez em quando estes clicks fizessem "luzinhas" no nosso comportamento, fazendo-nos perceber que só se cresce quando somos nós (sempre na proporção da nossa idade) a gerir as nossas capacidades e atitudes, sentindo o pai/mãe/adulto cuidador, ali ao lado, na retaguarda e pronto para avançar, mas cauteloso para não se sobrepôr a nós.
É tentador decidir pelo filho (a), fazer mais rápido e primeiro, protegê-lo (a) dos perigos que espreitam por todo o lado, escolher por ele (a) e por nós e pelo que achamos melhor, mas é altamente verdadeiro que há coisas (mesmo que nos pareçam menores) que têm que ser eles (as) e só eles (as) a gerir/escolher/decidir... mesmo que estejamos lá ao fundo, sempre à espreita...
Sempre à espreita... atentos.. mas deixá-los crescer, experimentar, cair e levantar-se...prontos para correr a ajudar, se for mesmo preciso!
ResponderEliminarGosto muito de te ler!!
Beijinhos
Fátima MBento