segunda-feira, 27 de julho de 2015

 
 
 
 
O TUTANO DA COISA...
 
 
Há algum tempo enviaram-me um mail que andava girando pela Net, com um artigo chamado "Teremos sempre Nova Iorque".
Escrevi um post depois de o ler. Foi assim um click inspirador, como alguns outros, que às vezes, me caem no colo.
 
Acredito que sim, que somos nós que fazemos os lugares, e que o nosso estado de espírito quando deles usufruímos, ditará para sempre o tutano que lhes tiramos, como se o chupar até ao âmago da essência da coisa nos desse dele, do lugar, tudo o que tem de bom. Aí, nesses lugares, somos nós próprios, mais autênticos, mais felizes, mais soltos, mais leves, mais animados, quase sempre... Desses lugares, fica-nos num cantinho da memória e da mente, um suave print, como que tatuado...
 O post da Marta, no seu blog que sigo com TANTO prazer, fez-me ver que há outros que também pensam assim.
Às vezes imagino-me a ir a sítios onde ainda não fui, explorar novas cidades, novas experiências, ver coisas diferentes, ter coisas novas e excitantes para contar. Pois é, deve ser giro isso também, mas confesso que cada vez mais me surge como tentadora, a sensação de quietude, rotina, calma e tranquilidade que os lugares que já elegi como MEUS me dão, como se nada pudesse competir com essa avassaladora sensação de felicidade, pessoal, ou a dois, ou a três, ou a cinco. É sempre assim aqui..., ou aqui..., ou ainda aqui...
Sim, porque afinal, no mais fundo de mim, é assim que sou mais feliz... contigo, convosco, juntos.
E no fundo, teremos sempre a (s) nossa (s) Nova Iorque (s), porque a outra, a verdadeira, não foge, acho eu e pode esperar...
 
 
Boas férias!!
 
 
 

sábado, 18 de julho de 2015




CANÇÃO DE EMBALAR


Não conseguíamos hoje chegar à praia, com tantas coisas para resolver, tantas delas alheias à nós, mas pronto, lá fomos para uma das nossas praias de eleição, com acesso (quase) restrito a poucos (ainda!).
Miúdos connosco, barulho e confusão. Fomos dar um mergulho à costa. Dunas e mar, só. Ninguém no horizonte mais próximo... Água quente, um caldo, mergulhos sucessivos e corpo logo, logo seco. Deitei-me na toalha e ouvia-te respirar ao meu lado. Pus a cara naquela curva que adoro, que vem do teu queixo até à dobra do ombro. Sentia a tua barba a picar-me e enlevei, embalada pelo barulho do mar, o vento e nada mais. Sei que passei pelas brasas, assim sem mais nada. Sei que esses minutos duraram pouco. Sei que os miúdos ouviam-se ao longe. Sei que consegui descansar um bocadinho. Sei que logo voltei à realidade. Sei que me soube bem.
A felicidade não tem receitas... pois não, de facto, não tem... mas terá momentos destes, assim, pequenos em minutos, mas grandes de outras coisas que lhes damos.




E aqui fica a foto possível, ainda tu dormias, embalado pelo mesmo mar...

segunda-feira, 13 de julho de 2015




PALMADINHA?

(tenha ela a forma que tiver...)

Eu esperava por vez no multibanco. À minha frente, ela ia fazendo a operação enquanto falava ao telemóvel. Espantada, no final, verifica o talão e começa a insurgir-se contra ela, a mãe, que assim, que assado, que não lhe pôs dinheiro na conta, que agora vai ver o que lhe vou dizer, que agora é ela que paga, quero lá saber, que sim, é uma parva, o que é que ela pensa, que ando aqui a dormir?, que é sempre a mesma coisa, que 'tou farta disto, que é mesmo estúpida, caraças, tou farta mesmo! 

Estava mesmo irritada e falava da mãe, sim, que repetia-o à pessoa do outro lado da linha, disso não havia dúvidas. Sei que já estava eu na minha vez e ainda a ouvia, ali mais ao lado e o tom de desdém mantinha-se. Pobre mãe, tive pena dela!
Conheço a miúda daqui e dali. É da idade da minha filha mais velha. Anda na mesma escola e frequenta, provavelmente, os mesmos sítios de miúda normal. Fogo, foi um choque para mim aqueles modos e a forma como falava da mãe. Acho que nada justifica aquilo. Foi inegável para mim que uma miúda de 17 anos que fala assim da mãe, com aquela ligeireza desagradável e com aqueles modos, foi menina que poucas vezes deve ter sido repreendida e que deve ter vivido sempre com o síndrome princesa-que-tudo-pode-e-tudo-faz-porque-tem-sempre-alguém-que-faz-por-ela-e-que-lhe-apara-os-golpes-todos-de-menina-mimada. Calculo que com a mãe, ao vivo, também fale assim, de certeza, tal foi a ligeireza.
Pois...
Tenho 3 filhos... pois é! Não sei o que a vida me reserva... pois não... mas sei que nunca lhes admiti que me falassem num tom menos próprio e choca-me, com esta idade que já tenho, ouvir miúdas e miúdos da idade dos meus a referirem-se aos Pais com aquele desdém...
É que, digam o que disserem a palmada no rabo na hora certa, ou o firmar de autoridade materna/paterna nunca fez mal a ninguém e dá créditos para o futuro, acho eu...
Tenho dito!

E pronto, como eles são parte do meu futuro... aqui ficam!

terça-feira, 7 de julho de 2015




PAULAAAAAAA!!!

Estou irascível, eu sei, há alturas em que me sinto insuportável, sem paciência, impertinente e longe, longe daquilo que deveria ser na maior parte das vezes. Culpas? Algumas sim, que não sou inflexível e sei que o primeiro passo para melhorar é sempre o reconhecimento. Pronto, há alturas assim, é o que é e ninguém é perfeito. O cansaço de um ano letivo, o terminar de logísticas sem fim, este calor abrasador que me reduz a zeros, tudo contribuirá, penso eu...
Hoje, outra vez com um calor pastelento, daqueles que levantam mortos do túmulo, sentei-me numa esplanada da praia para beber um café. Respondi a três e mails, resolvi alguns assuntos pendentes e preparei-me para vir embora quando os vi e ouvi... - PAULAAAAAAAA!!! Iam em fila indiana, em grupo, todos para a costa. Um deles viu-me e gritou. Acenei e parei logo o carro, que já me vinha embora. Assim que pus o pé de fora, tinha-os aos dois em cima de mim e o terceiro um pouco mais atrás, menos expansivo, mas com uns olhos de alegria e espanto por me verem ali, fora do contexto de uma sala de aula.

Quase me fizeram cair, tal foi o abraço. Falaram de um fôlego, todos ao mesmo tempo, com palavras de todos e gestos de um deles. Lá lhes respondia como podia. Estive com eles 5 minutos e prometi-lhes uma visita para breve. Terei mesmo que o fazer. Segui no carro e pelo espelho via-os a olhar para mim, ainda, de esguelha, à minha procura, seguindo o meu trajeto. Fiquei inundada de ternura por este bocadinho que me suavizou o mau humor...

Parece que não teve nada de especial, este encontro. Parece que foi banal e muito rápido e de facto, foi. Mas nestes minutos pequeninos em que este encontro aconteceu, vi como não lhes sou indiferente e vi que, afinal, alguma (grande) coisa lhes passei. 
Este ano letivo que agora vai terminando teve algumas coisas muito boas e esta, este afeto destes meninos, passado assim por estes olhos de amor e por este correr para mim, foi sem dúvida, das melhores de todas.
Hoje vi, de esguelha, um post no Facebook que dizia que a neurociência demonstra que o elemento essencial da aprendizagem é a emoção...
Pois... e não é que concordo? Tanto, tanto, tanto?


P.S. Afinal, a vida deve ter mesmo, todas as cores!!!




quinta-feira, 2 de julho de 2015




'BORA SORRIR?

Lembro-me como se fosse hoje: iria haver um desfile e o meu vestido era horrível, achava eu... Parece que ainda o estou a ver: azul clarinho, de cavas, com uma faixa do mesmo tecido a fazer de cinto, descaído e pequenas listinhas amarelas, quase douradas. Não estava no meu elemento, que vestidos não eram muito comigo, mas lá fui desfilar com as outras. Não ganhei o prémio do melhor vestido, ou dos sapatos mais bonitos. Ganhei o prémio do sorriso mais lindo e aquilo, a sério, soube-me a prémio de consolação, como se não houvesse mais nada para ganhar e me dessem aquilo para não ficar triste.
- É o melhor prémio, disse-me a minha mãe... O sorriso andará sempre contigo, é o único prémio genuíno, é uma coisa tua, de verdade!
Não me souberam a nada, aquelas palavras. Queria era ter ganho o vestido mais giro, agora o sorriso!... Todas temos na infância uma fase Barbie, acho eu e eu, no alto dos meus 8, 10 anos, estaria lá em cheio, mesmo preferindo subir às árvores e jogar ao berlinde. Acharia já eu, nessa altura e sem saber, que isso se poderia conjugar....

Tenho um sorriso fácil, pronto. Para o mal e para o bem, sai-me facilmente, aquele e às vezes, quando me falam do meu sorriso, lembro-me desta história longínqua da minha infância feliz e percebo-a agora com outras cores e traços. De facto, ainda bem que sei sorrir, ainda bem que o faço com facilidade e ainda bem que, sobretudo, rio e sorrio de mim própria, muitas vezes. Dizem  que isso, é sinal de inteligência. Será?  Não sei, mas que às vezes é terapêutico e exorciza mau-estar, ah isso é certo!!

E que seja sempre sincero, este meu sorriso, já agora, que isso é o mais importante!!

'Bora sorrir?