terça-feira, 31 de maio de 2016





PALCO VIVO





Parece que hoje é dia dos irmãos, dizem...
Desses calendários, impostos, ou criados não sei, o que sei é que é a maior e melhor herança que vos deixo... Terem-se uns aos outros.

E nesse palco vivo de afetos, tropelias, zangas, amores e confidências, que é uma relação de irmãos acho que essa herança de se terem, será a melhor de todas, quero crer!

P.s. E aqui fica um post antigo em que falo disto mesmo...

sexta-feira, 27 de maio de 2016





FOCO



Às vezes penso se o que sinto por ti se reflete no dia-a-dia louco que tenho, na maneira que uso para falar contigo, nas coisas que te digo e nas que te quero dizer, no cansaço que tantas vezes impera. Às vezes questiono se rego o suficiente este amor, se sou extremosa como deveria, ao invés de tantas vezes insuportável. Às vezes questiono se o que sinto passará, pelos póros, para os miúdos, assim como um ar que se respira pela casa e que os fará ter-nos como referência para ideias e vidas que possam construir no futuro. Às vezes pondero se com tanta coisa que temos não poderemos perder o foco um do outro, afastando-nos e levando-nos para áreas comuns, mas habitadas só por um de nós. Às vezes penso que, como normais que somos, se não estaremos sujeitos a tudo isto que se chama desgaste e que este, pode tirar, sem sequer nos apercebermos a cor, o cheiro, o toque, o olhar, o tom, aquilo que é ÚNICO num e noutro e nos cativou. Às vezes penso que estas coisas e riscos são verdade também para ti e que também os deves sentir.
Às vezes penso em tudo isto, como se isto fosse um risco fatal que passa ali ao lado, um risco que marca o limite de um precipício e que fácil seria um pé em falso, um desvio, um entorpecer, para se, para lá dele, resvalar.
Seria fácil, decerto, mas não provável. Pela força da história que temos, pelos alicerces que construímos, pelo foco que não perdemos, pela cor, pelo cheiro, pelo toque, olhar e tom que ainda achamos únicos, no fundo, por ainda não nos termos perdido um do outro. 
Sim, continuas lá e acho que esse é o segredo. 
E para já, vai bastando, mesmo nos dias loucos de cada um.

LUV U.

segunda-feira, 23 de maio de 2016




AMOR E OUTRAS COISAS






Sim, não somos sempre mães de revista, ou de catálogo, com filhos perfeitos, ternos, maravilhosos, educados, polidos, convenientes ou de reação sempre correspondente ao que aprendemos nos livros de psicologia, ou nos manuais de papel, (ou de vida) de BOAS MANEIRAS.
Sim, estamos às vezes cansadas e saturadas e egoisticamente a precisar de mandar tudo às urtigas e de nos esquecermos que outros (filhos e não filhos) estão sempre a precisar de nós. Apetecia-nos assim como que dar uma escapadela para um sítio deserto, só connosco, as nossas neuras e mazelas, nem sequer com rede Wifi para contar a história a ninguém. Tínhamos o tempo como amigo, para gerir a coisa e deixá-la passar.
 Sim, os filhos são às vezes (também) focos de grandes irritações e arrelias. 
Mas também centros, autores, personagens, protagonistas, agentes e figurinos de uma grandessíssimo e eterno amor. E aí, contracenamos juntos e isso é maravilhoso. 
Acho que com isto ficamos redimidos!
Ufa!

quinta-feira, 19 de maio de 2016




DOÇURAS

E quando uma velhinha deliciosa de 97 anos nos entrega uma coisinha destas e nos diz que gosta muito de nós e que somos muito assim e muito assado? E quando o postal tem lá dentro uma pequena mensagem, escrita à mão, com uma caligrafia antiga e bem desenhada? De livro, mesmo...?
Pois... Cá por mim, fiquei-lhe rendida! Pelo encanto que tem, pela delicadeza, pela humildade e, sobretudo, pela cortesia de ainda se deter a pensar nos outros, mesmo com a idade que tem!
É que são 97 anos
BOLAS...


O postal tem andado no meu pensamento e na minha mala e hoje presto-lhe, finalmente, a devida homenagem!

quinta-feira, 12 de maio de 2016




DOSES INDUSTRIAIS




Coração apertadinho. Pela miséria, pelo desalento, pela falta de estrutura, pelas dificuldades, pelos afetos desregrados e não estruturantes, pela falta de apoio, pela falta do essencial, pelo desnorte. Coração apertadinho por sentir que não tem nada lá fora, nada de produtivo, nada de interessante, estimulante, motivador. Coração apertadinho por sentir que a referência maior ainda somos nós, escola. Coração apertadinho por perceber que tudo isto ACENTUA ainda mais os comprometimentos que tem, como se lhe toldasse e entorpecesse um caminho que tem que fazer. Coração apertadinho por isso nos aumentar a responsabilidade, mas por nos devolver também a motivação e o desafio. 
Sim, hoje experimentei estes relances, ao mesmo tempo que os atendia e os ouvia. Sim, as minhas sinapses cerebrais devolviam-me, em perpetiva, estas sensações, ao mesmo tempo que ouvia e comparava e imaginava uma vida assim.
Sei que há vidas assim. Sei que sim. Oiço-as e vejo-as e sinto-as perto de mim, em todo o lado, a toda a volta. E se esta certeza não me devolver, em doses industriais, a HUMANIDADE, CARIDADE e LUCIDEZ, esta para respeitar, encaminhar corretamente, esclarecer, ensinar e não cair só no ciclo vicioso da lamentação, então não sei, não sei mesmo...

É que a escola também é isto, a cada dia que passa cada vez mais e eu tenho que estar na escola TAMBÉM para isto, a cada dia que passa, cada vez mais...
Acho que por hoje é tudo...

sexta-feira, 6 de maio de 2016




DE GINJEIRA

Expressão originária de zonas rurais e atribuída àqueles que, tendo trabalhado conjuntamente na apanha, ou no furto de ginjas, conhecem-se bem (...).

A. Tavares Louro, 2006
CIBERDÚVIDAS






Metemo-nos as duas no carro e lá fomos. Era o dia aberto do curso que quer, numa das faculdades da Universidade de Lisboa. - Sim, vamos, enquanto lá estás, eu passeio por Lisboa há sempre coisas para ver.
Lá foi e esteve. Sei que gostou. Contou tudo ao pormenor, no registo que tem, lúcido e ponderado, com ares de adulta curiosa e expectante.
Enquanto por lá andei, sozinha, senti o pulsar da cidade, da correria, da chuva que não parava, senti o pulsar de um sítio grande, cheio de gente, senti que daqui a uns meses, poucos, ela estará por lá, apressada adulta, senhora de si e pronta a agarrar o futuro que quer.
Apetecia-me conservá-la perto de mim, debaixo da minha asa de galinha gordacomo dizia aqui , resolver-lhe eu os passos, tratar-lhe eu do futuro e mantê-la juntinho a nós, neste puzzle familiar que escolhemos e que tem 5 peças. 
Pois... mas não dá, não pode ser. A vida corre o seu curso e a asa tem que abrir e deixá-la sair. Não há volta a dar a isto e eu, com o espírito prático que procuro ter em tudo na vida, terei que ter para isto também. Sem dramas.

E por isso, foi um ar desenvolto, prático e despachado que pus na cara enquanto por lá andei. Embora adivinhe em mim uma nostalgiazinha teimosa que virá por antecipação, também, já sei, ou não me conhecesse eu de ginjeira!
POIS...



terça-feira, 3 de maio de 2016





ABRAÇO AO FUTURO





És o mais novo e, por isso, também aquele que ouve em terceira versão o que repito vezes sem fim lá em casa: reparos na maneira de estar, na delicadeza, no sorriso, na educação. Reparos na relação que deves estabelecer com os outros. Reparos no filtro que deves ter sempre para avaliar e ponderar. Reparos nos afetos que deves saber construir de uma forma e de outra, ou de outra. Reparos na humildade e saber estar em vários contextos. Reparos na cortesia que não tem prazo de validade, nem destinatário único. Reparos na responsabilidade e brio que deves educar, para cumprires, para aprenderes. Reparos na atenção a alguns pormenores que, sei, passariam esquecidos. Reparos na construção de uma personalidade que não se faz só com conhecimentos. Reparos, sem fim...
Não sei o dia de amanhã e, fogo, ainda bem, mas tenho que acreditar que alguma coisa te/vos ficará.
É que o melhor está mesmo ainda por vir e os abraços ao futuro, fazem parte do presente... mesmo no coração das mães!


domingo, 1 de maio de 2016





NADA DE ESPECIAL





E hoje apeteceu-me mudar a foto de capa do meu perfil. Só porque sim.
Lembro-me perfeitamente do dia em que esta foto foi tirada e será sempre uma das minhas preferidas. Era um domingo de sol de inverno, parecido ao domingo de primavera de hoje onde tirámos montes de selfies parvas, como tirámos hoje. 
Não, não pus nenhuma das que tirámos hoje e não, não fui ver nenhuma das milhares que tenho com os três quando eram pequenos. Foi esta, assim, num domingo solarengo em que o nada de especial que se faz em família se torna o tudo e o tão grande que nos enche a alma e que nos leva a relativizar q.b tudo o resto que se passe fora desta esfera. Fogo! Ainda bem que se relativiza...
E assim se enchem baterias, a sério, com selfies parvas, domingos de sol, caretas para as fotos, e um nada de especial maravilhoso que fazemos juntos. Mesmo no Dia da Mãe.

'Bora agora comer caracóis?