quinta-feira, 30 de abril de 2015



FEELING


Nunca fui muito cocócócó (leia-se picuinhas...) com nenhum deles. Sempre me achei uma mãe desembaraçada e com um espírito prático que procuro manter até hoje e que me tem valido em muitas situações. Uma vida com três filhos seguidos, exigências profissionais, sítios de trabalho diferentes de ano para ano, outras atividades e ocupações extra-trabalho, hobbies diversos dos quais não abdico e tempos próprios para mim, que também sou alminha exigente, a isso obrigam e ainda bem, digo-o hoje, porque isso me tem feito manter a sanidade mental. No entanto reconheço que com a Beatriz, a primeira, tinha protocolos (leia-se manias...) que já não tive com nenhum dos irmãos e lembro-me com clareza de um episódio com um pediatra que estava, nesse dia, a substituir a minha pediatra, em que eu me desculpava veementemente por qualquer coisa, que já nem nem lembro bem, tentando que ele percebesse a minha atitude, que eu não era médica, enfim, mas achava que, parecia-me que, não havia nenhum indicador, mas era um feeling... e eu dizia isto quase a medo de levar um grandessíssimo raspanete e ele, com um sorriso que não esqueço até hoje, disse-me que nunca tivesse vergonha da minha intuição, porque a intuição de uma mãe era um dado clínico que qualquer pediatra devia ter em conta.
Utilizo este exemplo até hoje, em inúmeras situações e acho, até hoje, uma afirmação muito feliz.
A intuição... um sexto sentido que alguns temos em estado apurado e que nos dá lições de vida, nos transmite mensagens pelos poros, nos dá indicadores de ação, nos faz perceber mensagens que não saem pela boca. É qualquer coisa que não se quantifica, nem tem, julgo, instrumento de medida, mas existe e quando existe, dá-nos uma grandessíssima dose de inteligência emocional.
E pronto, dizem que este assunto agora está na moda, esta coisa da inteligência emocional e tal... disso não sei; o que sei é que há por aí tanta gente letrada, mestrada, doutorada, sabedora de tanta e tanta coisa, mas depois, emocionalmente, iletrada, ou mesmo analfabeta!
Valer-lhes-á de alguma coisa tanta sabedoria?
Pois é, cá para mim, o melhor é ter um bocadinho dos dois mundos, mas que a intuição é um dado clínico, é sim senhora e cá para os meus lados, ainda bem que há de sobra!  


P.S. Lembro-me da minha mãe, assistente social, contar que, nos atendimentos que fazia, se valia sempre de um sexto sentido, um feeling, que não podia quantificar, mas que lhe dava quase sempre segurança para o diagnóstico... e arriscava!
Se calhar, herdei isto dela, vá-se lá saber...



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