quarta-feira, 25 de junho de 2014





GRILINHO DO PINÓQUIO


Pedi um BENEDICT só com salada. Confesso que me foi difícil resistir às batatinhas fritas redondas, fininhas e cheias de sal, mas lá ouvi o grilo do Pinóquio, coitado, que o calo tantas vezes!
Sentei-me numa mesa que dava para a frente, de onde vinha mais gente e agitação. Sempre achei que a refeição tinha um quê de social, assim como sempre achei que à mesa se vê tanto da pessoa, por isso acho um fenómeno observar a forma como tanta gente come...!

Pediram-me permissão para se sentarem, que aquilo estava à pinha e ficariam lá na pontinha, ao fundo. Sim, concerteza, estou a acabar...
Sentaram-se e os miúdos, dois rapazes, por ali ficaram enquanto os Pais foram buscar a comida. Entretiveram-se a brincar, como dois miúdos absolutamente normais, mais ou menos impacientes e, quando os Pais vieram, depois de distribuídos os tabuleiros por cada um, sussurraram-lhes: - não se esqueçam de dar graças antes de comer... Os quatro baixaram muito discretamente a cabeça, uniram muito discretamente também as duas mãos e fecharam os olhos por três, ou quatro segundos. Iniciaram então a refeição, de forma normalíssima.

Nunca tive o hábito de dar graças antes das refeições, embora saiba que é uma tradição cultural de muitos povos e que pode, por vezes, nada ter a ver com religião, mas a discrição e elegância daquele gesto e, sobretudo, o cuidado que lhes senti de que não o impusessem aos outros, nomeadamente a mim, que estava logo ali ao lado, porque o fizeram com discrição e num sussurro quase silencioso, tiveram em mim um efeito agradável e ao mesmo tempo espelho em mim própria: sou tão egoísta, às vezes e esqueço-me tantas outras vezes de agradecer pelo tanto e tão bonito que tenho na vida e esqueço-me também tantas vezes da discrição, do sussurro quase silencioso, como se achasse, à força da louca vida que levamos, que a intensidade do som, da voz, da frase, da afirmação, do argumento, do pedido é que lhe dá a firmeza e a consistência... Realmente, há verdades mesmo longe daquilo que damos por adquirido e por isso hoje, deixei o grilo da história falar bem alto e, de mão na consciência às vezes pesada, agradeci por tanto, mesmo por aquelas nuvens grandes que me apareciam à frente na estrada... e não é que elas só me fizeram lembrar uns belos flocos de algodão?

sexta-feira, 20 de junho de 2014





E QUANDO O CORAÇÃO SE ENCHE ASSIM?


Este post vai parecer já no dia 20 de junho, porque só depois da meia-noite me sentei para as minhas coisas (!!) e insuflei de ar os pulmões e o coração com a tua lembrança presente na minha vida de todos os dias e também neste dia (19), do teu aniversário. 
A minha logística diária será sempre assim, comigo a sentir aquela necessidade de alguns dias terem mais um par de horinhas. Não faria mal nenhum e dariam um tremendo jeito. Confesso que nem todos os dias sinto isto, mas nestes assim, cheios de pensamentos bons, pintados com caras de pessoas que são importantes para mim, nestes sim, podiam as horas durar mais uns pedaços, ou então serem esses dias isentos daquelas tarefas HO-RRO-RO-SAS relacionadas com certas lides domésticas que me levam tanto tempo e adiam o meu mergulho naquilo que gosto MESMO de fazer.

E assim, em modo polvo com vinte braços, que chega a vinte coisas, deambulei por este dia comprido com a lembrança de ti na minha vida e como sempre digo por aqui, o que me enche tanto não cabe nestes textos, extravasa daqui para fora, como a corrente de um rio afoito, feroz e indomável. Por isso, não vou falar muito de ti agora. És tão verdadeira em mim, embora tão diferente, tão presente, tão próxima, tão lúcida, tão sentida, tão assertiva que fazes parte da minha existência, influenciando-me um bocadinho para bem, acho, (que bem preciso), dando-me a tremenda soberba (esta, maravilhosa...) de nem ter que te expôr nestas linhas, porque não é necessário...
Mas hoje, dia 19, fizeste anos e, como em todas as festas, maiores ou menores, mais ou menos faustosas, foste a referência da lembrança, da mensagem, do telefonema, da presença. Às vezes, quando o que se sente é tão grande, o melhor mesmo é oferecer o simples. Será sempre melhor e então, digo-te outra vez "parabéns", desta vez para esta blogosfera universal e ofereço-te esta imagem do Snoopy, tão conhecido e velhinho para mim...
E, oh mummy, diz lá se ele não está a dizer tudo?????
LOVE YOU....



quarta-feira, 18 de junho de 2014


ESTREPTOCOCO...

(não queres chatear outro, oh tu?)



E às vezes é assim, uma dorzinha irritante, do lado direito, lá ao fundo da amígdala, rodeada por um vermelhão, com dois pontos brancos sarampintados por ali... 
E quando já nos conhecemos e receamos as chatas das amigdalites, que começam assim, sem avisar e sem dar tempo ao mau estar para se instalar?
Uhum, o melhor é mesmo atacar já isto, que não há tempo, neste mês de junho de reta final de quase tudo em termos de trabalho, para ficar doente... Vou ali buscar um anti-inflamatório e já venho, pode ser que me escape..... 

segunda-feira, 16 de junho de 2014



A TUGA QUE HÁ EM MIM...


Mesmo sem gastar grandes energias com o futebol, vibro com a seleção, sobretudo em fases finais de campeonatos importantes como este. Fico ligada a milhões, unida numa vibração irracional, sentida e constante que me faz gritar, pintar a cara, comentar passes e lances e espantar o meu filho, que vê que a mãe, afinal, pesca qualquer coisinha disto.
E por isso me irrita a eficácia alheia quando, sem grande estética, vão lá à frente uma ou duas vezes e marcam golos redundantes que me deixam fula de raiva!
Apetecia-me que Portugal ganhasse todos os jogos, que nos enaltecessem a alma lusitana, que formássemos um coletivo de sonho, invencível, eficaz e memorável, mas hoje, a meio do primeiro jogo dos nossos, a irritação pela eficácia alheia, hoje alemã e o ressabiamento que senti pela nossa (sempre) falta de sorte foram maiores que eventuais resquícios de orgulho nacional que ainda por aqui andassem e assim para aqui vim, destilar a frustração neste AGRIDOCE... pode ser que assim, a irritação me vá passando e a TUGA que há em mim se alegre outra vez...
Domingo há mais... pode ser...!!! 

quinta-feira, 12 de junho de 2014



INÉRCIA DE SOFÁ E OUTRAS COISAS




Deitei o café dentro do copo de gelo e ouvi-o desfazer-se com estalinhos pequeninos, partindo-se, enquanto a bebida castanha se misturava pelo copo fora. Nos picos de calor sempre gostei de beber assim o café. Até aquele café de saco que a minha avó fazia e que agora a minha mãe também faz. Gosto de pô-lo gelado, com casquinhas de limão e bebê-lo assim, bem fresco. Sabe-me a mel, mesmo não tendo açúcar nenhum!

E esta repetição de gestos comuns e de gostos de sempre, obrigou-me a rever mentalmente um esquema de férias que, repetidamente, também, vai começando para a pequena maioria cá de casa.
-Terão de ler, terão de escolher um livro, qualquer que seja, para ler; terão tarefas domésticas sim, para combater a inércia de sofá; terão que rever/arrumar o armário dos livros/manuais escolares, selecionando-os, direcionando-os para outros donos e outras casas; terão que escolher qualquer coisa altruísta para fazer, se não em regime/forma de voluntariado ativo, então que seja mesmo em casa, connosco, predispondo-se a fazer qualquer coisa de fundo... selecionar roupas, sapatos, COISAS, arrumar armários, compilar fotos, o que quer que seja... 
Terão que me dar contas de tudo isso, que SÓ será supervisionado por mim e, por osmose, pelo pai também; terão que articular os três nisso tudo, gerindo as diferenças de idades, maturidades, ritmos; terão que discutir, pois então, ou não fossem irmãos com idades quase iguais; terão que gerir a INÉRCIA apetecida (e merecida!) com uns Pais que AINDA não estão de férias e que, portanto, não têm ainda a disposição e a logística para aceder a programas coloridos; terão que....

E nisto pensava o meu cérebro pensador, a 1000 à hora, quando um alerta laranja disparou por estes lados!
-Calma!... Então eu acuso-os de porem a carroça à frente dos bois, de não viverem as coisas porque ainda estas não começaram e já estão a questionar que OUTRAS vêm a seguir e não estou agora a fazer exatamente o mesmo? Isto há coisas...

O meu mapa de férias está feito e mentalmente traçado, mas agora é justo, muito justo que gozem de alguma inércia de sofá, de algum ócio saboroso, ou pastelice teimosa. Afinal, as férias terão sempre esses pedacinhos de off com o mundo, mas pronto, qb ok? SE FOR DEMAIS, DEIXA DE TER PIADA....






sábado, 7 de junho de 2014



E DE REPENTE...


E de repente estávamos sozinhos, os miúdos distribuídos em afazeres para todo o dia. E de repente, sem esperar ou planear, pudemos fazer coisas os dois, sem horas, sem pressas, sem interrupções. E de repente, pudemos falar de tudo que vai estando por aqui e que, muitas vezes, anda atrás da pressa e não é dito. E de repente, ouvimos uma voz de dentro e de sempre que há tantos anos nos dá a certeza deste amor. E de repente, descobrem-se outra vez o homem e a mulher que se escolheram. E de repente, o SIMPLES torna-se MAIS e é maravilhoso. E de repente percebe-se que esta brecha inesperada de dia cai tão bem por aqui e é tão importante às vezes. E de repente sabe-se que a estrutura é sólida, só está é, muitas vezes, atrás da pressa. E de repente, o coração enche-se com este amor que toma conta de tudo e percebe-se que, mesmo sem se ser um Pedro e uma Inês, ou um Romeu e uma Julieta,  TAMBÉM há amor por aqui e esta história, pelo menos, poderá ter um final feliz.
E assim a vida vai tendo destas coisas... simples! 




quinta-feira, 5 de junho de 2014



HOJE O DIA FOI TEU...


E mesmo que a Sra Dona do post anterior ainda paire por aqui, embora de modo mais ténue, hoje enchi-me de novo de coisas boas, vividas com intensidade. O mérito foi teu, querida, pois do "alto" dos teus 14 aninhos feitos hoje, mostraste-me que essas senhoras donas existirão sempre sim senhor, mas quando um coração se enche assim, com estes amores tão simples, tão grandes e tão presentes, elas nem de perto aqui chegam...não devem achar piada à leveza que se sente.

E hoje, o dia foi teu, eu só lhe apanhei as cores!
PARABÉNS, FILHOTA!!!!!!! 



terça-feira, 3 de junho de 2014




SRA. D. ANGÚSTIA


E às vezes esta senhora assalta-nos assim e sobe pelo peito acima e tira-nos a fome, o ânimo e o sorriso. É como se o psicológico se aliasse ao físico, numa junção tão perfeita que se vê e cheira e sente. Chegou-me aos trambolhões, vinda com um problema que surgiu e que para mim é grave. Não a convidei, mas a intrometida e desenvergonhada instalou-se com largueza. E então assaltava-me por estes dias, de cada vez que um pedacinho de vida mais parado me fazia pensar, na espera no semáforo, na fila da farmácia, ou na pausa para o café. Não me largava e era teimosa, queria mandar em mim e é mandona e quer que me feche sobre ela, cristalizando coisas e deixando-as para sempre mal resolvidas. É tentador dar-lhe ouvidos, afinal, acho que o tempo pode sempre curar, mas às vezes, sabiamente, apetece mandá-la à fava com vigor. Dei-lhe aquele tempinho que lhe assistiu e depois, lá fui eu enfrentá-la com ar decidido e desempoeirado. Enfrentar o problema, será sempre a solução! 

Aí, esvaziamos o saco do desabafo, dessa coisa que nos fere e somos verdadeiros e falamos de dentro e enfrentamos o problema e ouvimos o outro lado e dizemos de nossa justiça. E depois, é um alívio que se sente e vê-se, de repente, a SRA. D. ANGÚSTIA lá ao fundo e vê-se, de repente, que já não nos incomoda, porque a largámos, de livre vontade, para longe. 
Não saberemos nunca se a forma como se percecionam as reações é a forma verdadeira, ou aquela que é mais igual à nossa, também não se pode ser ingénuo para pensar que tudo passará como num toque de magia, mas saberemos sempre que a sinceridade, a clarificação e o consenso são absolutamente verdadeiros e dignos.

E desses sim, não quero abdicar e isto, sim, é um alívio...