PASSINHAS DO ALGARVE
"Expressão que sugere a ideia de uma enorme provação, da passagem de um mau momento..." (...)
Carlos Rocha, in CIBERDÚVIDAS DA LÍNGUA PORTUGUESA
A conversa telefónica que tive ontem com ela não me sai a cabeça e porque tive um fim-de-semana só com a minha mais velha que já é a menos absorvente, tive tempo para mim, para as minhas séries da Fox e AXN gravadas de empreitada, para os meus filmes, para o meu cinema sozinha, com espaço para me encher com as tramas da tela, até os pulmões e o cérebro estarem cheios deste prazer às vezes solitário mas tão bom; mas reconheço que o eco da conversa com ela ia-se fazendo ouvir, sempre, sempre e a minha admiração por ela crescia cá dentro e o meu orgulho por sermos amigas preenchia-me de forma real e palpável. Quando assim é, faz-se click por aqui...
É baixinha, magrinha e tem uma cara de boneca. Pariu três filhos sem epidural, o que durante séculos foi a coisa mais natural desta vida. Não parece ter a idade que tem, é vivaça, desenrascada, moderna, gira, vive a maternidade de uma forma plena, com a qual me identifico, tem uma profissão que adora, o que se reflete no seu trabalho e resultados, é célere e prática na gestão das brutais logísticas materno-filiais, tem um casamento sólido, com estruturas fortes que, como os casamentos da vida real e não virtual, não são imunes às crises, desentendimentos e divergências, mas são cúmplices na rota, no projeto e isso é o mais importante. É minha amiga há muitos anos e às vezes recordo a forma como nos conhecemos e a simpatia que lhe reconheci logo no primeiro dia, como se ela soubesse que essa é a qualidade que mais admiro e que mais me prende. Temo-nos acompanhado ao longo destes anos todos, temos percursos de vida parecidos e cumplicidades que não se disfarçam. Esta minha amiga querida, baixinha e com cara de boneca tem passado por passinhas do Algarve bem amargas, ultimamente... duras, sofridas, de grande pressão emocional, mas tem-se aguentado, não sem sofrimento e angústia, mas com uma busca incessante de fazer sempre o melhor e por isso pergunta, questiona (se), interroga...
E eu, como acho que ela tem uma série de ferramentas interiores que a capacitam para o discernimento e clarividência emocional, como sei que isso é meio caminho andado para o sucesso e como sei que é inteligente, fui assistindo ao seu "deserto", àquela caminhada pela areia quente, àquele sofrimento que ela ia processando, processando, como um sistema operativo lentinho, mas eficaz, para no fim, retirar dele só o melhor. Se calhar fui, também com outros, um CATO pequenino, que lhe ia temperando a sede com uma água reservada, mas na verdade, o mérito é todo dela, porque tem sido ela e só ela a descobrir o trilho certo e hoje estou orgulhosa disso e por isso aqui vai, via blogosfera, um beijo do tamanho do mundo, mesmo que ambas saibamos que o deserto, às vezes, é longo, muito longo...
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