terça-feira, 27 de junho de 2017






BRUMAS

Mesmo entupidinha de coisas para fazer e a teclar de trabalho, teclar, teclar sem fim e mesmo com o coração em caquinhos pequenos que teimo em não deixar que se descolem, obrigando-me a exercícios constantes de serenidade e confiança perante o que se avizinha, (serenidade e confiança, serenidade e confiança, serenidade e confiança, serenidade e confiança, serenidade e confiança...) conseguiste ir passando pelas brumas do meu pensamento, brumas sim, que o pensamento está enublado, de espetativa, trabalho, receios, logísticas.
Isso não me tira o sorriso. Não sinto que tenha que carregar esta bruma, acompanhando-a de pesar, tristeza. Sinto que tenho que "educá-la", não a deixando toldar a alegria de dias felizes e luminosos, que este sol algarvio tão bem tempera.
E pronto, tu temperas também. Por fazeres parte da minha vida e por seres, se calhar, uma das causas de um equilíbrio que sinto e me ajuda a ser assim.
E mesmo nesta bruma toda, sabe bem ter-te comigo, beber um café ao fim da tarde, abanar a cabeça e deixar a bruma sair, pôr as logísticas e afazeres em standby um pedaço, num canto do cérebro que só se liga no dia seguinte, cheirar o (nosso) mar ao pôr-do-sol, ouvir-te e ouvir-me enquanto nos contamos coisas, partilhar segredos e preocupações, comer tremoços, um gelado, ou aquilo que nos apetecer, falar do dia seguinte, ou não falar, estar só, sem mais nada. Sabe-me bem sim, e fortifica-me isto. Mesmo quando me zango, tu te zangas, somos hiper, mega ocupados, insuportáveis e outras-coisas-que-tais-que-às-vezes-também-somos-pois-então...
É que continua a ser tão simples... e tão bom. 



LUV U!



sábado, 24 de junho de 2017







BOLHA

(Arejada de conforto emocional...)

E quando o dia foi hiper cansativo e sentimos que isso, mais o calor insuportável nos suga as energias? E quando a perspectiva dos dias que se avizinham não é diferente, em calor e em cansaço? E quando o corpo anda estranho, numa sensação conhecida de dormência quente causada por este calor tórrido que me faz apetecer vegetar, de boca aberta, debaixo do ar condicionado? E quando o desejo de que estes dias passem rápido e dêm aos acontecimentos que os vão preencher apenas e só a lembrança de qualquer coisa que já passou e da qual nos lembramos só porque se foi sem deixar marcas?
É que é mesmo isso que quero e anseio agora mais que tudo: que estes dias próximos, cheios de coisas que me vão tirar da bolha arejada de conforto  emocional em que vivo, passem rápido e não façam história na minha história.
Para isso, vou inspirar-me em quem é mestre da serenidade e aprender com ela tudo o que constela à volta desse dom, tudo o que o completa e faz fortalecer. É que, as mães (ela é a minha mãe) ensinam-nos tanto que não vem nos livros e nós, bebemos tanto da vida sem ser só no leite. Quem sabe se assim, inspirada nela e acompanhando isso com um sorriso, possa mesmo fazer os dias passarem como um ai, rápido e incólume. 
Quem sabe...



terça-feira, 20 de junho de 2017

 LEITE DERRAMADO

Já estou submersa, naquela fase do meu trabalho em que só vejo papéis à minha volta e em que sinto que tenho que ter uma grande capacidade de organização para ter tudo feito a tempo, horas e, sobretudo, com algum sentido, tentando pôr no horizonte, os miúdos com que trabalho e tentando que o tanto que se escreve por estes dias tenha norte, objetivo e, sobretudo, intencionalidade. E isto, equilibrando com uma filharada, leia-se 3, já em modo semi-férias. Já tenho falado disto por aqui, não é novidade e não vale a pena discorrer sobre este assunto, achando que-o-que-deveria-ser-não-é-ou-o-que-pena-de-isto-ser-assim-não-devia-blá-blá-blá.
Não há volta a dar a isto e o meu sentido prático faz-me não chorar sobre este leite que já se derramou há muito, mas sim, fazer o que tem de ser feito e fazê-lo bem, de preferência com um sorrisinho pelo meio. Essa, será sempre a minha (nossa) única salvaguarda e o respeito que os meninos e meninas com quem trabalho merecem, a isso me obriga.
Mas pronto, em abono da verdade, aquela verdadinha, verdadinha mesmo, que é uma real seca, é, de facto.
Isto há coisas!!!

sexta-feira, 9 de junho de 2017




100.731

(a sério?)


Este blog começou, por graça, em 2012, a um ritmo doméstico e pessoal e com ferramentas blogosféricas (quase) rudimentares. Foi um mero substituto dos caderninhos pretos sem linhas que sempre povoaram as minhas malas e gavetas e sempre me fizeram ocupar tempos mortos, de espera. E o blog foi andando, andando, a esse ritmo tão meu, tão despreocupado e tão despretensioso, retratando simplesmente o que escrevo, que é das coisas que mais gosto de fazer e sendo fiel testemunha do que digo acerca dos que mais amo, daquilo que me apraz referir, do que me irrita, enfim, daquilo que me apetece. É um blog despretensioso e muito suis generis.

Sempre achei que seria inimaginável atingir as 100.000 visualizações. Isso quereria dizer que 100.000 vezes, já alguém teria clicado num post, teria espreitado por aqui. Pois...  E se esse número continua a ser ridiculamente pequeno quando comparado com visualizações de outros blogs que sigo (ponha-me eu no meu devido lugar!), ou com outros blogs que povoam a blogosfera, já que nesta via, tudo é exponencialmente maior, mais difundido, mais rápido, mais acelerado, para mim, no entanto, este número 100.000 tem um efeito psicológico avassalador, fazendo-me lembrar a ideia que tinha, quando era miúda, de que teria 28 anos no ano 2000, como se essa data fosse inatingível e tivesse, na minha ideia de menina pequena, quase contornos de ficção científica. 
Pois é, pois é... O ano 2000 já lá vai e de ficção científica só teve a minha ideia de menina pequena e quanto aqui ao Doceeagridoce, que continue despretensioso, despreocupado, informal, verdadeiro, fiel, temperamental, sentido, paciente, impaciente, rudimentar e humilde.
Já me daria por satisfeita.




P.S. E  um obrigada sentido e humilde a todos e todas que me dão feedbacks maravilhosos acerca do que escrevo. Outra surpresa inimaginável...

terça-feira, 6 de junho de 2017




LADAÍNHA

«No fim de tudo, a Felicidade com maiúscula compõe-se de minúsculos actos felizes; de agradáveis sensações passageiras; de um razoável estado de saúde; de expectativas positivas diante de um futuro sempre aziago, ainda que não totalmente tenebroso; de alguém que goste de ti; de um amigo que está disposto a ajudar-te; de pequenos prazeres inerentes aos cinco sentidos corporais.»

- Manuel Vicent, no El País


Que grande, grande verdade! Achei delicioso, isto e por isso, o colei aqui. 
Que esta verdade me vá fazendo eco, aquele eco da minha infância, onde nos túneis dos prédios, nos becos, nas grutas da praia, gritava e depois, rindo muito, ficava deslumbrada a ouvir a ressonância daquele som falado que repetia, repetia, repetia até deixar de se ouvir.
Vou repetir, repetir, repetir isto, tipo ladaínha teimosa.
Afinal, as ladaínhas, podem ser terapêuticas, quem sabe?


sexta-feira, 2 de junho de 2017





IRMÃOS

(pode ser o melhor que a vida nos dá...)


Fui convidada para participar, no sábado, numa iniciativa da Câmara Municipal de Faro, relacionada com a temática dos irmãos
Sim, parece que agora há um dia dos irmãos e tudo e, a esse propósito, irei participar nesta conversa a várias vozes sobre este assunto. É giro e sinto-me gratificada pelo voto de confiança. Espero estar à altura.
Falar dos meus irmãos é falar sobre mim: sobre a minha infância, as minhas memórias partilhadas, aquelas memórias de sítios e cheiros e espaços e acontecimentos que tive a sorte de partilhar e que nos definem como pessoas. Falar dos meus irmãos é falar sobre a partilha dos afetos relativa ao amor grandioso dos meus Pais por nós os três e perceber, agora adulta e mãe de três, que isso é mesmo assim:um amor grandioso que estica e toma peso igual para os vários filhos. Falar dos meus irmãos é falar de cumplicidade, aquela que me permite partilhar com eles, não só uma genética, mas também uma história de vida e de afetos por outros e outras que nos são comuns. Falar dos meus irmãos é falar de uma aceitação de percursos diferentes e de maneiras diferentes de estar e de pensar sobre as coisas, mas achar e sentir que isso é espetacular na mesma, porque não divide ou separa, só torna cada um de nós, distinto do outro e isso, o que tem? Falar dos meus irmãos é falar de dores comuns, alegrias comuns, partilha de bom e de mau. Falar dos meus irmãos é falar de um palco onde cabíamos os três e onde tomávamos parte de uma vida real que nos definiu. Falar dos meus irmãos é isto tudo. É dizer que não podia viver sem eles na minha vida, mesmo que o Nuno já esteja noutra dimensão, que não é física e mesmo que eu não esteja com o João todos os dias. É dizer-lhes que os amo muito e que gosto que estejam comigo, que falo neles, que tenho orgulho, apesar das nossas diferenças e que acho que isso, quem sabe, passa para os meus filhos, levando-os a achar e sentir que ter irmãos pode ser (e é) a melhor coisa do mundo. Mesmo que, às vezes, sejamos todos insuportáveis, uns com os outros. Afinal, a vida real é isso!



P.S. João, estavas a fazer uma birra... ah, pois é!