DUNA DE AREIA NUMA PRAIA QUALQUER...
Enquanto tomava o pequeno-almoço, detive-me a observá-los. Dois rapazes, muito pequeninos, com pouca diferença de idade entre si, brincavam na duna de areia à minha frente. Tinham um baldinho de areia, uma pá e um pequeno camião de plástico. O pai brincava com eles e iam falando os três. Deliciei-me a ouvir aquelas vozinhas pequenas, aquela conversa que mantinham, suportada num faz-de-conta que ia à boleia de uma camiãozinho de areia e de uma pá. - É preciso tão pouco - pensei. A mãe olhou para mim, de dentro da sua casa e sorrimos as duas, uma para a outra. - É mágico, um pedaço de areia, já viu? - disse-me ela. - Pois é -respondi, pois é... que nos vão restando sempre muitos pedaços de areia, já não seria mau...
Hoje, o artigo de opinião do José Cabrita Saraiva, na revista TABU, do Jornal SOL, P. 51, edição nº 469, de 21 de Agosto, com o título O QUE HEI-DE OFERECER AO MEUS FILHO NOS ANOS?, fez-me lembrar um post antigo, de 2014.
Pois...
Não sou uma mãe exemplar, nem tenho essa pretensão. Erro tantas e tantas vezes e fujo a tantas e tantas regras, às vezes com o doce sabor da transgressão e de ser dona do mundo que construí para mim e para os meus. Afinal, acho que isso é que nos faz normais, não será? Tenho três filhos por opção, com diferenças de idade curtas, também por opção, vivo a maternidade de forma plena, mas muito descontraída (tento) e, atrevo-me a dizer, até de forma muito própria, já que acho que alio essa descontração a uma certa inflexibilidade relativamente a alguns princípios dos quais não abdico, sem contemplações e quem me segue aqui, vai percebendo isso. Os meus filhos também sabem disso, que sou mocinha faladora cá das minhas coisas. Gosto de gadgets, redes sociais e afins e uso tudo isso, adaptado à minha pessoa, com doses de q.b, vontade própria e apetites e adição variados. Os meus filhos têm gadgets e, como qualquer adolescente/jovem de hoje, aqueles são, muitas vezes, extensões amovíveis das suas mãos, é verdade, mas, sou sincera, continuo a identificar-me com o que este artigo diz, continuo a achar que os limites deste mundo tecnológico têm que ser os adultos a impôr, continuo a defender que este caminho das tecnologias pode ser irreversível, mas pedagógico, continuo a preferir vê-los brincar, tão pequeninos, em dunas de areia, ao sol de uma praia qualquer.
Acabo, como acabei o post de 2014... Old fashioned? Talvez, mas hoje, como estou impertinente por causa deste vento chato que me tirou da praia, não quero saber!
E já agora, mesmo correndo o risco da foto não ter nada a ver com o post, é assim, como nesta foto da piscina, no mar, no campo, ou numa duna de areia de uma praia qualquer, que sempre gostei de te (vos) ver brincar...
Isto passa de moda?