terça-feira, 22 de outubro de 2013



NOVE MINUTOS

(o que consegues fazer em nove minutos?)


-Oh mãe, faltam nove minutos para o meu futebol, ouviste mãe, NOVE MINUTOS!!!
- Filho, não imaginas o que a TUA mãe consegue fazer em nove minutos... a sério!!
- Oh mãe, mas são só nove, ouviste?... nove!!! Bolas, é sempre a mesma coisa, já vou chegar atrasado!!
Não lhe liguei nenhuma e lá seguimos os dois para o carro...







Cada vez que me lembrava da cara dele a dizer-me isto, dava-me vontade de rir. Tenho a certeza que não percebeu e que achou que eu estava apenas a implicar com o SEU futebol do coração!! Não pude deixar de me lembrar do dia de hoje, passá-lo em revista...


Deitei-me ontem já passava das três da manhã, mas o filme, no canal por cabo, prendeu-me à televisão e já que é tão pouca a que vejo, não me ia sentindo tão culpada! O filme era muito giro, adoro filmes giros, com gente gira, histórias profundas, uma pitada de romance, mensagens implícitas e recados que ficam para nós, saltam do ecrã para cá e pairam na nossa vida, assim, sem pedir licença. Há pouca coisa que para mim possa substituir em qualidade um bom filme, talvez só alguma leitura... a casa estava silenciosa e eu reinava no meu sossego, um bem tão escasso, às vezes, por aqui e eu saboreei-o sem culpas... Hoje, esperei estar mais cansada, mas lá me aguentei, talvez por ser o primeiro dia de uma semana de trabalho que é sempre cheia, cheia, talvez porque venho ainda com um bom endurance dos grandes sonos de domingo; decerto lá para quarta-feira estarei já mais extenuada, ah isso é certo, mas pronto, quarta-feira passada, semana acabada, já dizia a senhora minha avó! Quando cheguei a casa, com a minha agridoce do meio, com 45 minutos pela frente até à próxima saída, consegui fazer sopa, estender roupa, pôr roupa a lavar, apanhar uma que estava estendida, dobrá-la, preparar o cesto para que a minha querida e útil ajuda a possa depois passar, fazer um lanche para o caçula, que está sempre em modo esfomeado quando sai da escola e ir buscá-lo.  Depois, deixei a filha do meio a meio caminho, voltei a casa rapidamente pois ainda me escapo, a esta hora, do caos do trânsito, adiantei o resto do jantar, escrevi um bilhete com os pormenores para ultimá-lo, preparei um segundo lanche, saí outra vez para ir levar o pequeno ao futebol, apanhei as outras duas pelo caminho, já despachadas, aferindo chamadas e recados: vai para ali, espera por mim do outro lado da rua, vai andando que apanho-te no trânsito, entra, entra rápido que tenho um carro atrás... 
Lá fui sobrevivendo... chegaram todos a casa sãos e salvos e eu aterrei numa formação, que está nos últimos dias, pelo caminho ainda pedi a um amigo (ah, grande rede de motoristas solidários!!) que me levasse o pequeno a casa depois do treino, hoje o pai não poderia lá estar e as irmãs abrem-lhe a porta, não te preocupes... Ufa, ufa, ufa!! 
Estas coisas todas são normais para muitas mães que conheço e eu não faço nada de especial, MESMO (!!!) e ainda bem que nem todos os dias são assim; ainda bem que há outros dias em que não me apetece fazer nada disto, em que não adianto jantar nenhum, em que não ando em modo motorista, em que não quero saber de nada destas logísticas e só vou estar sozinha um bocadinho onde me apetecer, ou beber café com uma amiga querida, ou ler uma revista, ou estar só assim, em modo pseudo-egoísta-e-de-defesa-pessoal-para-autopreservação-e-sobrevivência e aí, o stress vira sobremesa e saboreio-a, também quase sempre, por mais de nove minutos!! 

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