DE OUTRO MUNDO
Às vezes sinto que podia fazer muito mais e diferente. Encher o dia de coisas originais e dinâmicas, que marcassem pela diferença e (alguma) excentricidade. Enumero mentalmente tudo o que poderia fazer aqui, ali e acoli e não faço. Revejo-me em situações imaginárias em que poderia estar envolvida. Mas depois deparo-me com alguma inércia que os dias carregam, com o peso das logisticas de sistemas que são pesados e obsoletos, com cansaços meus e com coisas que não são como deveriam ser. E assim, às vezes neste misto de sensações vou passando os dias.
Um dia um colega disse-me que iam haver muitos dias em que acharia que nada fizera, numa sensação de impotência, quase frustração. As aprendizagens formais, com estes alunos, são reduzidas, quase nulas e não me poderia centrar aí.
E depois há aqueles dias em que achamos que fazemos tudo igual, mas nos agradecem, penhoradamente, como se o que dizemos ou fazemos fosse do outro mundo. Há aqueles dias em que correm para nós e nos dizem "gosto de ti, professora". E aí estes tais dias de uma certa impotência que se sente deixam de pesar, pois percebemos que se calhar o importante é a genuidade que pomos quando lhes falamos, ou a sinceridade do sorriso que lhes damos. E isso, mesmo correndo ao lado do peso dos sistemas, da falência de paradigmas, da rigidez de regras e normas que não conseguimos suplantar, faz a diferença e devolve significado ao nosso trabalho de todos os dias.
Sem comentários:
Enviar um comentário