segunda-feira, 27 de novembro de 2017






MAPA GUIADO

O percurso que faço, à segunda-feira de manhã, para a escola, embora seja um percurso muito curto, é essencial para mim, assim como o café que bebo de manhã, sozinha, antes de entrar.
Aterro num mundo novo. Caio nele, sem freio e todos os assuntos  profissionais vão chegando, em modo de avalanche. Preciso desses breves minutos antes de entrar na engrenagem, para me situar, priorizar os assuntos, estruturar-me no tempo e no espaço, como se desenhasse um mapa guiado da minha semana, na minha cabeça. Um mapa que me vai guiar pelos assuntos e pelo seu espraiar no tempo.
Esclareça-se que de novo, esse mundo não tem nada, aliás é velho e bem velho e assalta-me às segundas-feiras de manhã, já que ficou durante o fim-de-semana num cantinho esquecido do cérebro e desperta quando a manhã de trabalho começa. Abruptamente. De repente. Sem dó ou piedade.

Sempre foi assim, esta minha anestesia forçada ao fim-de-semana. Para coisas de trabalho, entenda-se e outras-que-não-me-apetece. Nunca percebi se é uma opção vincada de uma coisa que faço com total consciência, ou se é uma defesa biológica, psicológica, fisiológica que o meu organismo aciona como defesa e proteção natural. Quero crer que sim, que é isso. Acho que temos todos uma inteligência biológica e eu não serei exeção. 
Por isso sim, vou continuar a anestesiar-me para alguns assuntos quando bem entendo, vou continuar a congelá-los, enquanto me preencho com outras coisas que valem verdadeiramente a pena e me equilibram. Vou continuar a priorizar os assuntos em mapas guiados na minha cabeça, desenhados por mim e ao sabor dos meus dias. Os assuntos não fogem. Só ficam é lá no gelo (leia-se cérebro), à minha espera. Eu também não fujo. Só lhes dou é a importância que eles têm. E ponto.


P.S. ... outras coisas que valem verdadeiramente a pena e me equilibram. 
Pois...

quarta-feira, 22 de novembro de 2017




RAMALHETE


Correndo o sério risco de me tornar repetitiva, (mas o blogue é meu, e agora???) repito de novo que contigo e com os miúdos é onde verdadeiramente sinto que gosto mais de estar e de investir energias. É onde sinto a zona de conforto maior, aquela que me dá a tal descontração que me faz sentir eu mesma, sem filtros brilhantes para alindar. É onde lambo feridas e dou asas ao melhor e (também) pior que sou. É onde me encontro no meio da loucura dos dias. É para onde fujo quando estou cansada. É também onde expludo quando o meu super (mau) génio vem à tona. É onde me sinto feliz e infeliz, alegre e chata, com luzes, ou com sombras, na variedade de dias que tenho e que me desenham. É assim uma pessoa normal e é assim tambem uma família, um ninho, um lar, uma zona de conforto, aquilo que se queira, na liberdade de cada um, chamar. 
E assim este núcleo duro devolve-me identidade. Acho mesmo que se não fosse ele, esse nucleo, não aguentava certos embates. Por isso me delicio quando me dizes certas coisas, como esta que me mandaste hoje e compões um ramalhete de felicidade que acho que tenho.  
E por isso sim, fiquei de cara aparvalhada e sorrisinho parvo, quando li, como se tivesse 15 anos, também por ver que isto não tem idade e que o romance somos nós que fazemos.  
Tão fácil, tão espontâneo, tão bom!! É que... "tipo... fico, a sério, claro que fico!"





segunda-feira, 13 de novembro de 2017



Continuar ET, 
please...!


Sinto-me muitas vezes um grandessíssimo ET (leia-se Extra-terrestre... nunca sei se este ifen sai ou se se mantém...) e às vezes, as coisas que oiço e vejo e sinto à minha volta, na escola, na vida, só me reforçam essa (relativamente) desconfortável sensação. Não abdicarei de ser ET e já não tenho idade para me chatear com isso. Pois é... acho que vou ficando impaciente e com algumas (boas, acho eu) teimosias.

Depois, às vezes, oiço também coisas que são bálsamos para os meus ouvidos, que me fazem sentir que não estou assim tão errada, que afinal, aquilo que sinto talvez seja um bocadinho certo, ou pelo menos, sentido por mais gente. E afinal, descubro que não sou assim tão ET...
E uma dessas agradáveis vezes, foi há dias, ouvir um professor da área das ciências da educação, dizer, numa apresentação a que assisti, que cada vez mais se educa os miúdos para o concreto, o factual, o palpável, o rigoroso, absoluto e certo, para a lógica em toda a sua dimensão científica, deixando-lhes de fora da esfera de aprendizagem e vivência, a linguagem simbólica, o belo, o artístico, o que é criado e visto pela sensibilidade dos olhos de cada um, tendo consigo toda a maravilha e individualidade que isso tem. Continuava esse senhor, dizendo que assim, era difícil para eles, os miúdos, perceberem e sentirem a profundidade de algumas palavras e sentimentos, a dimensão de beleza das coisas, a capacidade de transformação em verdade de coisas absolutamente essenciais para a sua vida, para si próprios, para os seus mundos, a capacidade de perceberem o sonho como um ideal de vida, dando-lhe assim um significado palpável e real. 
Era como se houvesse uma separação perversa entre estes dois mundos, o da lógica e o do simbólico que, ao invés de estarem separados, deviam ser complementares.
Gostei tanto de o ouvir e acredito tanto nisto. O que seria da ciência sem a arte? O que seria do real/concreto/palpável, sem o imaginário/indiferenciado/sentido? O que seria dos factos sem as ideias? O que seria da realidade sem a imaginação? O que seria de nós sem o simbólico?
Como se explica o amor? Os afetos? O sonho? Como se explica a profundidade de um sentimento? Como se explica o TUDO que se pode pôr num olhar? Como se aposta no que não se vê, só porque sim? Como nos entregamos a causas, se não as vemos e se tudo à nossa volta as contraria?
Pois é, pois é...
Fogo! Deixa-me lá continuar a ser ET. Há coisas que não mudam...

domingo, 5 de novembro de 2017









DUPLAS






Dizem-me que tenho escrito menos por aqui e que têm estranhado. Surpreende-me sempre essa certa estranheza sentida por alguns perante a ausência de publicações, ou perante o maior espaço de tempo entre umas publicações e outras. É verdade, tenho escrito menos. Estou mais dispersa, com muitas coisas em que pensar, com vários setores no meu cérebro e na minha vida a trabalharem ao mesmo tempo, constantemente, sugando-me mais as energias, deixando-me menos solta, menos livre, menos paciente... é verdade, é verdade. 
Tudo o que gosto imensamente de fazer, mas que foge da esfera profissional, ou extra-profissional, mas comprometida, vai-se dispersando, tornando-se menos amiúde. Mas depois entras tu e porque tens um papel essencial na minha vida, terás também sempre um efeito retemperador, uma capacidade de me devolver o chão, quando sinto que ele me foge, um pragmatismo que me dás e que me deixas adocicar com o meu jeito, um papel na descoberta que faço das coisas simples que não custam nada e que nos devolvem a TAL sensação de bem-estar, um poder de equilíbrio que me/nos reorienta e faz voltar ao trilho e isso tudo, acho que nos torna uma dupla, para mim, imbatível. 
É que sabes, apesar das sombras negras e escuras que a vida tem e que se colam às relações, apesar dos problemas, cansaços, desgastes e durezas que estarão sempre ali ao lado numa vida que é real, apesar das diferenças que às vezes se tornam duras e impertinentes, há mesmo duplas que podem ser imbatíveis, porque equilibradas, reais, luminosas e felizes. 
Assim tenha essa certeza o tamanho do nosso amor. 

LUV U!