MAPA GUIADO
O percurso que faço, à segunda-feira de manhã, para a escola, embora seja um percurso muito curto, é essencial para mim, assim como o café que bebo de manhã, sozinha, antes de entrar.
Aterro num mundo novo. Caio nele, sem freio e todos os assuntos profissionais vão chegando, em modo de avalanche. Preciso desses breves minutos antes de entrar na engrenagem, para me situar, priorizar os assuntos, estruturar-me no tempo e no espaço, como se desenhasse um mapa guiado da minha semana, na minha cabeça. Um mapa que me vai guiar pelos assuntos e pelo seu espraiar no tempo.
Esclareça-se que de novo, esse mundo não tem nada, aliás é velho e bem velho e assalta-me às segundas-feiras de manhã, já que ficou durante o fim-de-semana num cantinho esquecido do cérebro e desperta quando a manhã de trabalho começa. Abruptamente. De repente. Sem dó ou piedade.
Sempre foi assim, esta minha anestesia forçada ao fim-de-semana. Para coisas de trabalho, entenda-se e outras-que-não-me-apetece. Nunca percebi se é uma opção vincada de uma coisa que faço com total consciência, ou se é uma defesa biológica, psicológica, fisiológica que o meu organismo aciona como defesa e proteção natural. Quero crer que sim, que é isso. Acho que temos todos uma inteligência biológica e eu não serei exeção.
Por isso sim, vou continuar a anestesiar-me para alguns assuntos quando bem entendo, vou continuar a congelá-los, enquanto me preencho com outras coisas que valem verdadeiramente a pena e me equilibram. Vou continuar a priorizar os assuntos em mapas guiados na minha cabeça, desenhados por mim e ao sabor dos meus dias. Os assuntos não fogem. Só ficam é lá no gelo (leia-se cérebro), à minha espera. Eu também não fujo. Só lhes dou é a importância que eles têm. E ponto.
P.S. ... outras coisas que valem verdadeiramente a pena e me equilibram.
Pois...